A Brasil Paralelo (BP) anunciou nesta terça-feira (19) ter sido obrigada a retirar do ar o documentário “Investigação Paralela: o caso Maria da Penha”, após decisão da 9ª Vara Criminal de Fortaleza, que atendeu a um pedido do Ministério Público do Ceará (MP-CE). Uma intimação judicial determinou a remoção imediata do episódio, dando sequência a uma decisão cautelar já tomada em julho pela juíza Vanessa Veras, que havia proibido a exibição por 90 dias.
O MP-CE sustentou que o vídeo apresentava “acusações infundadas de fraude processual” e poderia alimentar uma campanha de desinformação sobre o caso. A promotoria vinculou o documentário à atuação do influenciador Alexandre Paiva, investigado por perseguição contra Maria da Penha, e argumentou que a obra da produtora teria fomentado uma onda de ataques online contra mulheres.
O documentário fazia parte de uma série no formato true crime (sobre crimes reais). A proposta, segundo a BP, é revisitar casos de grande repercussão social sob diferentes perspectivas, estimulando debate público e jornalístico sobre acontecimentos marcantes. Essa é a linha de produções como “Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez” (HBO), “Elize Matsunaga: Era Uma Vez um Crime” (Netflix) e “O Caso Evandro” (Globoplay), que, assim como o filme da BP, oferecem visões alternativas sobre casos famosos.
Em nota oficial, a Brasil Paralelo classificou a medida como censura. A empresa argumenta que impedir a exibição de obras audiovisuais sobre fatos históricos significa restringir o direito da sociedade de conhecer versões alternativas de acontecimentos relevantes.
“É constrangedor termos que reafirmar o óbvio – algo que o próprio documentário já deixa claro: a obra não faz apologia ao crime, não ataca vítimas, leis, e tampouco endossa qualquer forma de violência. A Brasil Paralelo repudia a violência contra a mulher e qualquer um que a pratique. Sugerir o contrário é uma distorção mal-intencionada, desinformativa e de serviço ideológico”, afirma a BP.
A empresa diz ainda que “repudia a violência contra a mulher e qualquer um que a pratique”. “Sugerir o contrário é uma distorção mal-intencionada, desinformativa e de serviço ideológico”, diz a nota.
Na decisão cautelar de julho, a juíza acolheu a tese do MP e mencionou uma ação movida pela Advocacia-Geral da União (AGU), por meio da Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia – o “Ministério da Verdade” de Lula –, que também acusa a Brasil Paralelo de disseminar “desinformação”. Esse processo civil, ainda em tramitação, pede multa de R$ 500 mil alegando danos morais coletivos gerados pela BP.
O documentário censurado faz parte da série “Investigação Paralela”, em que a Brasil Paralelo revisita casos de grande repercussão nacional. Além de Maria da Penha, a série já abordou casos como o de Mariana Ferrer, a morte de Toninho do PT e o atentado contra Jair Bolsonaro – este último censurado antes mesmo do lançamento, em 2022, por determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Fonte. Gazeta do Povo