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8 de outubro de 2025

Brasileiro cria rede de café e desafia tradição na Itália – 08/10/2025 – Café na Prensa

Brasileiro cria rede de café e desafia tradição na Itália – 08/10/2025 – Café na Prensa

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Um brasileiro tem conquistado espaço no mercado cafeeiro italiano com uma proposta que vai na contramão da tradição local.

A Cafezal Milano, criada pelo gaúcho Carlos Eduardo Bitencourt, foca em grãos de torra clara e preparados em diferentes métodos, como os filtrados –em um país que prega o espresso de torra escura.

A Itália é um dos países com discurso mais conservador quando o assunto é alimento e bebida.

A verdadeira pizza napolitana tem que ser feita com ingredientes específicos e seguindo receita protegida até por associação. Cacio e pepe leva somente pecorino romano e pimenta, sem gordura. E ai de quem improvisar um carbonara com bacon.

Todo esse discurso é calcado em um falso tradicionalismo, como sabemos hoje graças, em grande parte, à pesquisa do professor Alberto Grandi, autor de “As Mentiras da Nonna – Como o Marketing Inventou a Cozinha Italiana”, lançado no Brasil pela editora Todavia. Grandi demonstrou que muitos dos pratos italianos defendidos com unhas e dentes por tradicionalistas na verdade são invenções bem recentes.

O café, claro, não foge ao conservadorismo. Tem que ser espresso e com torra escura, dizem.

Por isso, quando abriu a Cafezal, em 2017, Bitencourt sabia que seria preciso educar o consumidor italiano e demonstrar que existem outras formas de tomar café. Na época, havia pouquíssimas cafeterias com foco em bebidas mais suaves no país da Illy e da Lavazza, marcas que levam a sério a tradição italiana na xícara.

Hoje, a rede tem seis unidades, todas em Milão. Mas superar a resistência às torras claras só foi possível por causa dos jovens e dos consumidores com vivência em outros países da Europa, segundo Bitencourt.

“Milão é uma cidade que acabou absorvendo muito estrangeiro, principalmente nos últimos três, cinco anos. Muitos italianos também começaram a voltar. E é principalmente um público mais jovem, de 20 a 30 anos, que começa a ter interesse por esse tipo de produto”, diz.

Agora, já estabelecida –e bem aceita– em território italiano, a empresa se prepara para a expansão mais ambiciosa, após arrecadar 850 mil euros (mais de R$ 5,3 milhões) por meio de equity crowdfunding, com o apoio de 150 investidores. Nas próximas semanas, deve inaugurar sua primeira loja fora da Itália.

A cidade escolhida é Lisboa. O momento é oportuno, pois Portugal tem hoje um dos cenários de café especial mais aquecidos da Europa, com cafés gourmet abrindo por toda a parte.

Enquanto isso, no Brasil, o café arábica da região de Nova Alta Paulista conquistou o selo de Indicação Geográfica. O INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) reconheceu a notoriedade da região na produção cafeeira e concedeu a chancela de Indicação de Procedência. A região de Nova Alta Paulista abrange 30 municípios e mais de 1.200 produtores de café. Como mostrou o Café na Prensa, o café brasileiro vive momento de proliferação de regiões com selos de procedência, impulsionadas por um trabalho do Sebrae junto a pequenos cafeicultores.


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Fonte.:Folha de São Paulo

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