A Bulgária diz que está de volta aos trilhos para se juntar à zona do euro em 2026, após repetidos atrasos devido à turbulência política e ao não cumprimento das metas de inflação.
A adoção do euro pelo país foi adiada no ano passado quando a inflação excedeu o limite exigido para a adesão. Agora que a inflação desacelerou para 3,5% em abril, a Bulgária espera que a Comissão Europeia confirme na próxima semana que o país cumpriu os critérios necessários para aderir ao euro.
“Esperamos um relatório de convergência positivo”, disse o primeiro-ministro Rosen Zhelyazkov na semana passada.
Todos os novos membros da União Europeia (UE) que ainda não adotaram a moeda única precisam demonstrar que convergiram com outras economias europeias para ingressar na zona do euro. Eles devem mostrar que a inflação está sob controle e dentro de 1,5 pontos percentuais dos três estados da zona do euro que têm a inflação mais baixa, além de atender a outros parâmetros, incluindo a estabilidade de suas moedas e economia.
A Comissão Europeia disse nesta terça-feira (27) que estava concluindo sua avaliação da convergência da Bulgária e pretendia adotar seu relatório no início de junho.
Embora a Bulgária tenha mantido a inflação em níveis baixos por muitos anos, ela disparou em 2021 quando a Rússia cortou os vínculos de gás com o país, e depois em 2022 quando Moscou invadiu a Ucrânia. O país conseguiu reduzir a inflação para próximo da meta da UE de 3% apenas no início do ano passado.
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A adesão da Bulgária também foi adiada por uma série de governos interinos e de curta duração. O país teve sete eleições em menos de quatro anos desde que a administração do primeiro-ministro de centro-direita Boyko Borisov foi destituída em meio a protestos contra a corrupção endêmica.
Zhelyazkov procurou tranquilizar os búlgaros de que a adesão à zona do euro não afetará suas economias denominadas em lev. O presidente búlgaro e vários partidos ultranacionalistas são abertamente críticos da moeda única e têm alimentado temores de “choques de preços” e de cidadãos perdendo parte de suas economias.
“O Estado garantirá a segurança dos consumidores búlgaros mesmo após a introdução do euro”, disse Zhelyazkov. “Isso inclui mudanças legais na adoção do euro para que os búlgaros possam ficar tranquilos quanto às suas economias”.
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O presidente Rumen Radev acusou outras autoridades búlgaras de negligência e fraqueza em seus preparativos. “Não vejo nenhuma prontidão nas instituições para contrapor possíveis choques de preços em caso de necessidade”, disse na segunda-feira (26).
Exemplos anteriores de adesão ao euro mostram que os aumentos de preços acontecem, mas podem ser contidos. A taxa de inflação da Croácia permaneceu entre 3 e 4% desde o início de 2024, estabilizando-se após o país aderir à moeda única em 2023.
Primeiro vinculado ao marco alemão em 1997, o lev búlgaro foi então atrelado ao euro em 1999, em um esforço para evitar a inflação na turbulenta economia pós-comunista.
A Bulgária se tornaria o 21º membro da zona do euro, mas apenas o segundo país depois da Croácia a aderir ao euro na última década.
Fonte.:Folha de S.Paulo