Com uma iniciativa que reuniu todas as associações do setor e até o Ministério da Agricultura, o café do Brasil redesenha sua estratégia de marketing, em uma tentativa de melhorar a percepção de valor do produto entre compradores estrangeiros.
A ideia é fazer um esforço coordenado para conseguir o que a Colômbia faz muito bem há décadas, que é comunicar a qualidade do seu café sobretudo para o mercado internacional.
Com isso, as grandes entidades do setor –desde associações de fazendeiros até os exportadores e industriais– se reuniram para atualizar a marca e lançar uma campanha que já está circulando em vários meios.
A tradicional logo dos cafés do Brasil –que estampa sacas e vários produtos mundo afora– teve uma discreta atualização, a fim de deixá-la mais moderna. Junto com essa mudança veio uma campanha que foca na tecnologia da cafeicultura brasileira.
A campanha diz que os cafés do Brasil são ESG+T, com o T –que representa a tecnologia– somando-se à sigla para boa governança ambiental, social e corporativa.
O esforço tem como objetivo reverter uma percepção que existe até hoje entre compradores internacionais de que o Brasil é um país com grande volume porém baixa qualidade.
“Existe muita desinformação sobre cafés do Brasil em nível mundial. E isso compromete a nossa capacidade de continuar crescendo como cadeia produtiva. Existem diversos produtos nos quais o Brasil é até melhor do que os concorrentes. E mesmo assim os nossos cafés são comercializados a um preço menor. Para mudar a percepção a gente precisa do marketing. Então a gente resolveu fazer essa reivindicação agora também para ser o primeiro passo numa estratégia de marketing mais ampla”, diz Fabrício Andrade, presidente da Comissão Nacional do Café da CNA.
Participam da estratégia as seguintes entidades: Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), Abics (Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel), a BSCA (Associação Brasileira de Cafés Especiais, da sigla em inglês), comissão nacional do café da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), CNC (Conselho Nacional do Café) e Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária).
Apesar de ter hoje grãos de alta qualidade sensorial, o Brasil historicamente é visto como um produtor de café commodity –aquele de menor valor–, enquanto que a Colômbia ganhou fama pelos seus grãos arábicas finos.
Há alguns anos, contudo, o Brasil deu um salto de qualidade e hoje concorre também no mercado gourmet, disputando com origens tradicionalmente mais valorizadas, como a própria Colômbia e a Etiópia.
Não obstante, o país continua com dificuldades para ser percebido como produtor de grãos de valor equivalente aos colombianos ou etíopes. Parte disso é atribuída a uma questão de comunicação. Isto porque a Colômbia soube trabalhar, ao longo de décadas, a imagem de que seus cafés gozam de alta qualidade e prestígio. Em consequência disso, nos Estados Unidos e na Europa o país é visto como uma referência, enquanto que o Brasil continua sendo percebido pela maioria dos consumidores mundiais como um produtor de café inferior.
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O jornalista viajou a convite da Semana Internacional do Café.
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Fonte.:Folha de São Paulo


