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23 de agosto de 2025

Café fez cidade mineira ser disputada por duas ferrovias – 23/08/2025 – Sobre Trilhos

Café fez cidade mineira ser disputada por duas ferrovias – 23/08/2025 – Sobre Trilhos

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O café, uma das principais culturas agrícolas do país, foi responsável pelo boom ferroviário registrado no interior de São Paulo e de Minas Gerais a partir da segunda metade do século 19 e gerou situações como a concorrência de companhias ferroviárias numa mesma cidade pelo grão.

Foi o que ocorreu em São Sebastião do Paraíso (MG), na divisa com São Paulo, que no intervalo de apenas três anos teve inaugurações de estações ferroviárias da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro e da Estrada de Ferro São Paulo-Minas.

A primeira a fincar raízes foi a São Paulo-Minas, que em 1911 inaugurou seu ponto máximo ao chegar ao município mineiro. Já a Mogiana alcançou São Sebastião do Paraíso três anos depois, em 1914, e teve vida mais longa.

O café, conhecido como ouro verde devido à riqueza que proporcionava aos seus produtores, impulsionou a disputa pelo transporte do grão, que sempre teve como objetivo o porto de Santos, a partir de onde era exportado.

A proximidade do município mineiro com a zona cafeicultora paulista fez com que ela se transformasse numa das maiores produtoras de café de Minas Gerais e também recebesse uma forte onda de imigrantes que, antes da ferrovia, desembarcavam em Mococa (SP) e chegavam ao município em carros de boi.

A São Paulo-Minas surgiu em São Simão, na região de Ribeirão Preto, em 1891, e por 20 anos se expandiu, até que iniciou um declínio por 19 anos que resultou em sua transferência para o governo estadual.

No ano em que a estação da Mogiana foi inaugurada, próxima inclusive da sua concorrente, a São Paulo-Minas já apresentava dificuldades financeiras, com redução no total de cargas transportadas por ela.

A estação da Mogiana transportou passageiros até 1977, e os trilhos foram retirados na década de 1990, quando já havia uma linha férrea por fora da cidade.

Hoje, as duas estações estão de pé, protegidas e funcionando como órgãos públicos. A da São Paulo-Minas atende ao Corpo de Bombeiros, enquanto a estação da Mogiana abriga um museu.

Ambas foram tombadas pela prefeitura por sua importância cultural para a cidade, a da Mogiana em 1992, enquanto a da São Paulo-Minas ganhou proteção 11 anos depois.

O final de ambas as companhias ferroviárias, porém, foi o mesmo. A São Paulo-Minas, encampada pelo estado em 1930, foi incorporada à Mogiana 38 anos depois. As duas, em 1971, deixaram de existir para a fundação da Fepasa (Ferrovia Paulista S.A.), que englobou também a Companhia Paulista de Estradas de Ferro, a Estrada de Ferro Sorocabana e a Estrada de Ferro Araraquara.


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Fonte.:Folha de S.Paulo

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