Ironicamente, o presidente americano Donald Trump, que se diz nacionalista, adotou uma medida que pode fazer os Estados Unidos resgatarem um símbolo da sua colonização pelo Reino Unido.

Diante do tarifaço trumpista, fala-se que o americano pode voltar ao chá, tamanho o impacto que a medida teria no preço do café.

Para os americanos, isso significa voltar no tempo uns 250 anos, para quando eles ainda eram uma colônia do Reino Unido.

Na época, o café era uma bebida de hábitos recentes, e o chá era a principal fonte de cafeína dos americanos, então fortemente influenciados pelos costumes britânicos.

A bebida até protagonizou um dos grandes atos do movimento independentista dos Estados Unidos, quando os Filhos da Liberdade despejaram mais de 41 toneladas de chá no porto de Boston em protesto contra a aprovação da impopular lei do chá de 1773, medida adotada pelo Lorde North para tornar o chá inglês vendável na América.

A partir desse momento, o hábito cafeeiro cresceu com maior força nos EUA. A mudança de comportamento não foi puxada por questão ideológica —ou ao menos não apenas por isso—, mas por uma tendência que se espalhava por todo o ocidente.

O café se popularizou rapidamente e virou motor do trabalhador americano nos últimos séculos, ao ponto de hoje o país ser o maior mercado do mundo.

Mas, se entrar em vigor conforme foi proposta, a tarifa de 50% anunciada por Trump sobre produtos do Brasil deve encarecer significativamente o café em um momento em que o produto já acumula altas por razões climáticas.

O Brasil produz cerca de 40% do café consumido no mundo. Os Estados Unidos compram do Brasil um terço de todo o cafezinho que ingerem.

E não há muito para onde correr. Café em quantidade necessária para abastecer o gigantesco mercado americano —e no padrão de qualidade e consistência que as indústrias americanas exigem— só o Brasil consegue fornecer.

A Colômbia, terceiro maior produtor do mundo, não cultiva nem a quantidade que o estado de Minas Gerais produz. O Vietnã, vice-líder global, cultiva grãos da espécie canéfora, que não é o tipo de café que o americano está habituado a tomar.

Por isso, com o tarifaço —ou lei do chá de Trump—, o americano ou pagará muito mais caro pelo seu cafezinho ou voltará ao chá dos seus colonizadores.

Make America Great Britain Again.

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