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14 de dezembro de 2025

Capes: acordos permitem publicação científica sem custos – 14/12/2025 – Ciência

Capes: acordos permitem publicação científica sem custos – 14/12/2025 – Ciência

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Pesquisadores de 452 instituições do país terão acesso gratuito a periódicos da Elsevier e da Springer Nature a partir de 2026. Eles poderão tanto ler as revistas das duas editoras, que estão entre as principais do mundo, quanto submeter artigos científicos em formato híbrido ou acesso aberto para publicação nelas. O mesmo ocorre em relação aos da ACM (Association for the Computing Machinery), mas já a partir deste mês.

A medida está prevista em acordos transformativos (TA, na sigla em inglês) firmados pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), órgão ligado ao MEC (Ministério da Educação) com as três editoras. A assinatura dos termos ocorreu no último dia 4 em cerimônia que celebrou os 25 anos do Portal de Periódicos da Capes.

Os acordos com Elsevier, a maior editora científica do mundo, e Springer Nature, que publica os periódicos do grupo Nature, entram em vigor em 1º de janeiro de 2026 e se estendem por três anos. O da ACM já está valendo. Juntos, eles somam US$ 215 milhões (R$ 1 bilhão).

Atualmente, brasileiros que desejam ver seus artigos científicos em revistas “open access” da Elsevier e da Springer Nature —isto é, que demais pessoas podem baixar e ler gratuitamente— têm de arcar com os chamados APCs (custos de processamento de artigo). Estes variam de algumas centenas de dólares a até quase US$ 13 mil (R$ 70 mil), no caso de publicação no portfólio da Nature.

Os valores, segundo as editoras, cobrem despesas relacionadas à editoração e formatação dos artigos. Já o processo de revisão e de editoração científica é feito por acadêmicos convidados que não são remunerados para isso.

O custo para a Capes será de US$ 153 milhões (R$ 823,6 milhões) com a Elsevier, de US$ 59,8 milhões (R$ 322 milhões) com a Springer Nature e de US$ 2,4 milhões (R$ 13,2 milhões) com a ACM —os valores consideram a cotação dos dias 23 e 30 de outubro, no caso das duas primeiras, e o dia 7 de agosto para a ACM.

No caso da Springer Nature, o acordo abrange os periódicos de modelo híbrido, ou seja, são restritos para leitura mediante assinatura ou estão em processo de se tornar de acesso aberto. O contrato, segundo a editora, permitirá o acesso e a publicação gratuitamente de mais de 6.000 artigos por ano.

A Elsevier, por sua vez, possui em torno de 8.000 artigos com acesso aberto que poderão ser acessados por pesquisadores brasileiros. A publicação sem custos valerá para aproximadamente 160 revistas da editora.

O termo estabelecido com a ACM permite a publicação e acesso aberto a todas as revistas publicadas por ela.

A Springer Nature disse à Folha que procura oferecer “acesso igualitário ao conteúdo e à publicação” e que as vantagens do acordo com o órgão brasileiro incluem “poder apoiar melhor os pesquisadores brasileiros afiliados [às instituições participantes] na realização desses benefícios”.

Procurada, a Elsevier afirmou, por meio de um porta-voz, “ter o prazer de apoiar a publicação de pesquisa de acesso aberto no Brasil” e que “mais de 1.800 revistas estão incluídas no acordo, cujo contrato é por um período de três anos, de 2026 a 2028”.

Os acordos valerão para as instituições de ensino superior e pesquisa que integram o Portal de Periódicos da Capes (um total de 452). Este serviço paga anualmente as editoras pelo acesso de leitura aos periódicos científicos nas universidades. Com os acordos, espera-se incentivar a publicação nestas revistas, reduzindo os valores que antes eram pagos anualmente (um primeiro valor para publicar nos periódicos e um segundo para o acesso à leitura).

Segundo nota da Capes enviada à reportagem, “os acordos transformativos vem ampliando o número de publicações em algumas editoras e, assim, há ampliação da participação da comunidade científica brasileira na literatura científica internacional”.

Para Abel Packer, diretor do portal de periódicos científicos SciELO, o modelo de acordos transformativos surge em função do crescimento da exigência que algumas agências financiadoras de pesquisa fazem em publicar ciência em acesso aberto.

“Quando a Capes assina um acordo transformativo, ela está fazendo isso em cima de um conjunto de periódicos que ela já pagava a assinatura. Isso significa que, se amanhã o periódico que era fechado deixa de ser [passa a ser acesso aberto], mas ele foi incluído no acordo, você continua tendo o direito de não pagar pelos APCs. É uma vantagem para o Brasil”, afirmou Packer.

Na Europa, a taxa de publicação em acesso aberto já beira os 80% a 85% de todos os artigos, segundo ele. No Brasil, neste ano, de acordo com dados da plataforma Scopus, 50% dos artigos científicos foram publicados em acesso aberto ou híbrido.

“Isso vai aumentar a pesquisa no Brasil em acesso aberto. Mas é importante lembrar que o país foi pioneiro em acesso aberto, pelo SciELO. Deveria ser uma política aplicada também aos periódicos de qualidade do Brasil, porque alguém tem que financiar. E os custos são até dez vezes menores”, disse Packer.

A Capes afirmou que “a expansão de acordos com outras editoras depende de critérios técnicos, orçamentários e de interesse estratégico”.



Fonte.:Folha de S.Paulo

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