5:39 PM
24 de abril de 2025

Celesty Suruí: primeira barista indígena serviu até Lula – 16/04/2025 – Café na Prensa

Celesty Suruí: primeira barista indígena serviu até Lula – 16/04/2025 – Café na Prensa

PUBLICIDADE


Celesty Suruí nunca se imaginou trabalhando como barista –profissional especializado no preparo e serviço de café. Por isso, surpreende-se com o fato de ter sido contratada pela maior indústria cafeeira do Brasil e que tenha preparado café até para o presidente da República.

O povo de Celesty já cultivava café na Amazônia há anos quando ela decidiu se capacitar como barista. Não estava satisfeita em apenas produzir o café, que era transportado para os grandes centros urbanos e servido por pessoas brancas.

“Faltava uma pessoa representando e contando a história do meu povo”, diz Celesty, considerada a primeira barista indígena do Brasil.

Hoje, Celesty é frequentemente contratada pela Três Corações, maior empresa do setor, para apresentar ao público os cafés Tribos, linha que a empresa tem com grãos cultivados por povos originários, incluindo os Suruí, do qual Celesty faz parte.

Foi em um desses eventos, em abril de 2024, em Brasília, que a barista serviu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a primeira-dama Janja, experiência que descreve como “marcante”.

“Eu nunca me imaginei servindo um café que era produzido na minha região, que era do meu povo, para um presidente do Brasil. É uma data e foi um momento muito importante pra mim. É isso que o café faz na nossa vida, né? Ele nos leva a lugares onde a gente não imaginava”, diz.

Agora, ela usa a notoriedade como plataforma para levar aos consumidores uma parte da história do seu povo, que há anos produz café em áreas da Amazônia que haviam sido desmatadas (“pelos colonizadores”, nas palavras de Celesty).

A história do café na região começou quando homens brancos começaram a cultivar o grão nas terras indígenas Sete de Setembro e Rio Branco, localizadas nas cidades de Cacoal e Alta Floresta D’Oeste (RO). Após a demarcação, as terras foram devolvidas aos povos originários, que assumiram as lavouras.

Em 2018, o Grupo 3corações viu um potencial no café produzido na região e decidiu investir em um projeto chamado Tribos. Em parceria com órgãos como Funai e Embrapa Rondônia, ofereceram capacitação e equipamentos para que os cafeicultores indígenas conseguissem produzir um café ainda melhor.

O café produzido lá é da espécie canéfora (não é arábica, portanto), da variedade robusta. É um café mais resistente e que aguenta temperaturas mais elevadas, como as que são registradas em Rondônia.

O robusta amazônico cresceu, ganhou valor no mercado e hoje é um produto com denominação de origem. A Três Corações tem até uma linha de cafés especiais exclusivamente dedicada aos grãos cultivados por cafeicultores indígenas.

É essa a história que Celesty encarna e tenta contar ao público. “Eu uso o café como uma ferramenta de poder contar o trabalho não somente meu, mas sim do meu povo. Porque muitas pessoas não conhecem a cultura indígena, a cultura do povo, as regiões, a língua, que precisam ser valorizadas”, afirma.

“E eu, como pessoa, como uma mulher indígena, tenho uma responsabilidade muito grande de poder estar não só representando meu povo, mas sim todos os produtores indígenas que trabalham nessa área. Hoje, sou produtora e sou barista”.

Acompanhe o Café na Prensa também pelo Instagram


LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.





Fonte.:Folha de São Paulo

Leia mais

Rolar para cima