Uma organização acusada de crimes cibernéticos contra crianças e adolescentes, incitando os menores de idade a praticarem diversos atos de violência, foi alvo de uma operação policial de grandes proporções na terça-feira (15). A ação aconteceu em sete estados, resultando em pelo menos nove prisões.
Liderada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, a Operação Adolescência Segura foi baseada em uma investigação iniciada após o ataque de um adolescente a uma pessoa em situação de rua, em fevereiro. Durante a ação, transmitida ao vivo, a vítima teve 70% do corpo queimado por causa de um coquetel molotov lançado pelo autor.

Ao se aprofundarem no caso, os investigadores descobriram que o crime bárbaro não se tratava de um fato isolado. A apuração, que contou com agentes da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV), apontou o envolvimento de uma quadrilha especializada em crimes contra menores na internet.
Se organizando por meio do Discord e do Telegram, entre outras plataformas de mensagens criptografadas, o grupo realizava o aliciamento de menores de idade e os obrigava a praticar uma série de crimes, como o ataque ao sem-teto na capital fluminense. Parte das vítimas era aliciada por meio das redes sociais.
Crimes que o grupo praticava
Incentivo à automutilação e maus-tratos a animais eram alguns dos crimes que a organização induzia os adolescentes e crianças a praticarem. De acordo com a apuração, o grupo tinha acesso a imagens íntimas e outros conteúdos sigilosos dos menores aliciados e ameaçava divulgá-los caso as ordens não fossem cumpridas.
Além disso, eles promoviam desafios e competições internas, inclusive com a distribuição de recompensas, para incentivar a participação nas atividades ilícitas, bem como se aproveitavam de táticas de manipulação psicológica. Instigação ao suicídio, armazenamento de pornografia infantil e apologia ao nazismo eram alguns dos outros crimes praticados.

Conforme o DCAV, a quadrilha tinha uma atuação tão ampla no ambiente virtual que foi necessária a participação de agências americanas na investigação. Auxiliaram no caso a Homeland Security Investigations (HSI), que atua no combate a organizações criminosas transnacionais, e o National Center for Missing & Exploited Children (NCMEC), especializado em denúncias de exploração infantil.
“Atuamos de forma cirúrgica para desarticular uma rede que cooptava jovens para práticas criminosas no ambiente virtual. Nosso objetivo principal é proteger adolescentes e a sociedade de ações que se iniciam no mundo digital, mas que geram graves reflexos no mundo real”, explicou o diretor de Operações Integradas e de Inteligência (Diopi) do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Rodney da Silva.
Mandados de busca e apreensão
Realizada nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, a Operação Adolescência Segura cumpriu dois mandados de prisão temporária e 20 de busca e apreensão. A ação também incluiu sete mandados de internação provisória de adolescentes infratores.
De acordo com a atualização mais recente, a operação levou à prisão de dois adultos e à apreensão de sete menores. Os trabalhos contaram com a participação de policiais civis dos estados envolvidos, do Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab), da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) e do MJSP.
As pessoas investigadas devem responder por crimes como associação, indução ou instigação à automutilação, maus-tratos a animais e outros. As penas podem chegar a mais de 10 anos de detenção.
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Fonte.: TecMundo