Um influenciador de churrasco, num desses vídeos de redes sociais, propõe uma espécie de competição.
Na raia 1, a carne preparada na brasa. Na raia 2, a mesmíssima carne feita numa air fryer.
Rufam os tambores, é dada a largada e, ao fim de alguns minutos, nosso apresentador convoca a si mesmo para árbitro do teste que conduziu. Para surpresa de absolutamente ninguém, ele anuncia que a carne assada na churrasqueira ficou melhor do que a outra.
Jura mesmo, queridão? Agora só falta você fazer caber essa parrilla do tamanho de uma picape num apartamento de 58 metros quadrados.
Air fryer não substitui churrasqueira. Tampouco frita o alimento com vento quente —esse foi o jeito que inventaram para vender a engenhoca.
Aparelhos como a air fryer e o forno de micro-ondas facilitam demais a vida nas cozinhas domésticas, onde tempo e espaço estão cada vez mais escassos. Apesar —ou talvez por causa— disso, são tratados com desdém ou deboche por muitos chefs e outros profissionais da área.
Chefs estão para cozinheiros domésticos assim como pilotos de Fórmula 1 estão para motoristas domingueiros.
Eles exercem a atividade em condições muito distintas das oferecidas aos reles mortais. Não há espaço para air fryer numa cozinha de restaurante.
Outros equipamentos, estes de gente grande, executam melhor as tarefas do brinquedinho.
Air fryer e micro-ondas, por oferecer atalhos, são vistos como gambiarra, trapaça, algo que diminui o ofício.
É uma pena que muitos pensem assim: se tivéssemos mais cozinheiros estudando as possibilidades dessas máquinas, aposto que muita coisa bacana seria descoberta.
O micro-ondas, filho da era pré-internet, empacou graças ao desinteresse dos sabichões da cozinha. É pouco mais do que um fazedor de pipoca. A air fryer tem um futuro mais promissor.
Porque também depende do peixe que se tem para vender. Enquanto o chef depende só do restaurante, faz sentido colocar-se acima da massa de plebeus; quando o sujeito migra para a influência digital, muda fácil de opinião sobre air fryer ou qualquer coisa que ajude a pagar os boletos.
A receita a seguir é uma batatinha rústica feita com o auxílio dessas duas gambiarras
tecnológicas.
Primeiro ela é cozida pelo próprio vapor, no micro-ondas, abafada num saco de papel pardo. Depois vai pra air fryer para ficar com a casquinha crocante.
Batata bolinha rústica
- Rendimento: 2 porções
- Tempo de preparo: 20 a 30 minutos
- Dificuldade: Fácil
Ingredientes
- 500 g de batata bolinha
- 2 colheres (sopa) de azeite
- 5 dentes de alho, com casca
- 1 ramo de alecrim
- Sal a gosto
Preparo
Lave as batatas, seque e coloque num saco de papel pardo, desses de padaria. Leve ao micro-ondas com o peso da batata fechando a abertura do saco. Cozinhe em potência máxima até amaciar. O tempo de cozimento depende do aparelho. Comece com 7 minutos e aumente o tempo se necessário
Aqueça a air fryer a 200ºC. Tempere as batatas cozidas com azeite, sal e alecrim. Asse com os dentes de alho por cerca de 15 minutos, até dourar a casca. Sirva como aperitivo ou acompanhamento
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Fonte.:Folha de S.Paulo