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11 de outubro de 2025

Cigarro, vape e narguilé: existe algum menos pior à saúde?

Cigarro, vape e narguilé: existe algum menos pior à saúde?

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Nos últimos anos, tem-se observado um crescimento significativo no uso de cigarros eletrônicos, especialmente entre os jovens. Esses produtos, frequentemente divulgados como alternativas menos nocivas ao cigarro tradicional, ganharam popularidade devido à variedade de sabores, ao apelo tecnológico e à falsa percepção de menor risco.

Porém, todos expõem os usuários à nicotina e a substâncias tóxicas, mantendo riscos de dependência e doenças agudas e crônicas.

Os perigos do cigarro convencional

O cigarro convencional, por meio da combustão do tabaco, libera mais de 7 mil substâncias químicas, sendo pelo menos 70 delas com potencial de serem cancerígenas, além de altos níveis de alcatrão e monóxido de carbono.

Estas substâncias estão diretamente associadas com o desenvolvimento de cânceres de boca, pulmão, laringe e esôfago, bem como a doenças cardiovasculares, enfisema pulmonar e bronquite crônica.

O que há dentro dos cigarros eletrônicos?

Já os cigarros eletrônicos não utilizam combustão, mas vaporizam líquidos que contêm nicotina, aromatizantes e solventes químicos.

Embora emitam menos alcatrão e monóxido, liberam partículas ultrafinas, metais pesados e solventes irritantes que causam inflamação pulmonar, alterações cardiovasculares e danos à mucosa oral, incluindo ressecamento, ulcerações, gengivite, modificação no tempo para cicatrização e alterações celulares com potencial cancerígeno.

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Os efeitos de longo prazo ainda estão em investigação, mas já se sabe que não são inofensivos.

+Leia também: Cigarro eletrônico: o perigo está cada vez mais no ar

Narguilé: o mito da filtragem pela água

O narguilé, por sua vez, carrega a crença equivocada de que a água filtra as substâncias presentes na fumaça antes de chegar no usuário.

Na prática, uma sessão de cerca de uma hora equivale a fumar dezenas de cigarros, devido ao volume inalado e ao uso do carvão, que libera monóxido de carbono, metais pesados e hidrocarbonetos cancerígenos.

Isso aumenta significativamente o risco de inflamações, lesões com potencial de malignização, câncer de boca, doenças respiratórias e cardiovasculares, além de facilitar a transmissão de doenças infecciosas pelo uso compartilhado do dispositivo.

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Impactos na saúde bucal

Apesar das diferenças no modo de consumo, todos apresentam riscos sérios à saúde bucal. O cigarro tradicional tem relação consolidada com o câncer de boca.

Os dispositivos eletrônicos expõem a mucosa oral à nicotina, solventes e metais pesados, favorecendo inflamações e alterações celulares, já o narguilé concentra grande carga de toxinas em pouco tempo de uso.

Em todos os casos, observa-se pigmentação dentária, halitose persistente, inflamação gengival e maior risco de periodontite, leucoplasias e câncer oral.

Muitos jovens acreditam que vape e narguilé são menos nocivos, influenciados por estratégias de marketing que destacam sabores, design moderno e a ausência de fumaça. No entanto, a ciência demonstra que o vapor aromatizado dos eletrônicos também contém compostos tóxicos.

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O combate ao tabagismo no Brasil

No Brasil, desde a década de 1980, o Ministério da Saúde coordena ações de controle do tabagismo por meio do Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT), que articula medidas educativas, de comunicação, de cessação e de regulação.

A legislação brasileira proíbe a fabricação, importação e comercialização de cigarros eletrônicos, além de restringir a propaganda de todos os derivados de tabaco e estabelecer ambientes livres de fumo.

Para combater a ideia equivocada de que algum desses produtos é seguro, especialistas recomendam estratégias educativas que combinem campanhas baseadas em evidências científicas, ações em escolas, conteúdos em redes sociais, orientações em consultórios e relatos de casos reais. Assim, reforça-se que cigarro, vape e narguilé não são alternativas seguras e todos trazem riscos graves à saúde.

* Fabio Luiz Coracin é presidente da Câmara Técnica de Patologia Oral e Maxilofacial do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (Crosp)

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Fonte.:Saúde Abril

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