O climatério, período que antecede e sucede a última menstruação, pode durar de quatro a oito anos. Durante esse tempo, as variações de estrogênio desencadeiam sintomas físicos (ondas de calor, suores noturnos, palpitações, dor articular, ressecamento vaginal) e emocionais (irritabilidade, ansiedade, lapsos de memória, diminuição da libido).
Pesquisas brasileiras mostram que até 70% das mulheres relatam prejuízos na qualidade de vida, mas só 30% recebem tratamento adequado. Muitas ouvem frases como “é coisa da idade” ou “é normal, espere passar” — respostas que invisibilizam o sofrimento e retardam a busca por ajuda.
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O papel da escuta ativa na consulta ginecológica
O acolhimento efetivo começa no consultório. O ginecologista deve:
- Perguntar sem pressa sobre sono, humor, dor, sexualidade e impacto na rotina;
- Realizar avaliação clínica completa: pressão arterial, IMC, exame pélvico, saúde óssea e cardiovascular;
- Solicitar exames adequados (perfil lipídico, tireoide, densitometria) para distinguir efeitos hormonais de outras causas que exigem investigação extra;
- Oferecer opções terapêuticas personalizadas: reposição hormonal criteriosa, tratamentos locais para atrofia vaginal, fitoterápicos quando indicados e, principalmente, orientações sobre estilo de vida (exercícios, alimentação, sono, manejo do estresse).
Essa abordagem ampla reduz riscos de doenças metabólicas e psicológicas que podem surgir nesse período.
Diferentes fases: do climatério à menopausa
Climatério é a fase de transição, em que os ovários funcionam de forma irregular, já a menopausa é um marco: 12 meses sem menstruar.
Entender essa diferença facilita a comunicação médica e evita que sintomas precoces sejam ignorados.
Intervenções precoces — como atividade física regular, alimentação rica em cálcio e vitamina D, controle de peso e apoio psicológico — ajudam a prevenir osteopenia, depressão e síndromes metabólicas, que costumam surgir anos depois.
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Validação e escuta: caminhos para um novo começo
Mulheres que se sentem ouvidas aderem melhor aos tratamentos, mantêm consultas de rotina e relatam menor impacto dos sintomas de fogachos e alterações do humor.
Quando os profissionais validam as experiências das pacientes e propõem cuidados integrados, transformam o climatério, de um “fim de ciclo”, em um recomeço focado no autocuidado e bem-estar.
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*Ana Horovitz, ginecologista e membro da Brazil Health
(Este texto foi produzido em uma parceria exclusiva entre VEJA SAÚDE e Brazil Health)
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Fonte.:Saúde Abril