Duas comitivas de brasileiros a Israel, incluindo prefeitos e representantes dos governos do Centro-Oeste, precisaram se abrigar em bunkers durante o ataque de de Tel Aviv ao Irã, seguido pela ameaça de drones do país persa a alvos israelenses.
Uma das delegações é formada por prefeitos e outros representantes municipais. O grupo viajou para ter encontros sobre tecnologia na área de segurança pública. Eles estão em Kfar Saba, no entorno de Te Aviv, hospedados em hotel localizado em um campus universitário, e receberam ordens para ir duas vezes ao abrigo: a primeira durante o ataque de Israel ao Irã, a segunda no lançamento dos drones ao território de Israel.
A outra delegação tem representantes do Consórcio Brasil Central, formado por governos do Centro-Oeste.
Há ainda um terceiro grupo que não conseguiu chegar, que inclui o vice-governador de São Paulo, Felício Ramuth, o prefeito de Ribeirão Preto, Ricardo Silva (PSD), e outros prefeitos paulistas. “Estamos no aeroporto de Paris, no meio da viagem iniciou-se a guerra e não chegamos lá”, disse Silva em vídeo publicado nas redes sociais.
Em nota, a Embaixada de Israel no Brasil afirmou que “todos os membros das delegações encontram-se em locais seguros, com acesso a áreas protegidas”.
A Embaixada disse ainda que “o Ministério das Relações Exteriores de Israel mantém contato constante com os grupos e está trabalhando nas soluções que vão viabilizar o retorno dos participantes que desejarem regressar ao Brasil”.
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O prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), calcula haver 50 brasileiros nas duas delegações, entre eles outros prefeitos, como o de Nova Fribugo (RJ), Jonny Maycon (PL). Lucena tem sido o responsável pela interlocução das comitivas com a Embaixada.
“Estamos em um local seguro. O alojamento tem um abrigo antiaéreo. A previsão de saída ainda não existe porque o espaço aéreo continua fechado, e após ele ser reaberto precisamos aguardar a volta à normalidade. Já fizemos solicitação para ver se o governo brasileiro poderia mandar um avião da FAB [Força Aérea Brasileira] para nos pegar”, afirmou Lucena à Folha.
Davi Carreiro, chefe executivo da Civitas, central de inteligência e tecnologia da Prefeitura do Rio de Janeiro, afirmou que o grupo desembarcou no último dia 10 a Israel e foi orientado ainda no check-in sobre como chegar ao bunker. A sirene soou por volta das 3h da manhã (horário local) desta sexta-feira (13).
“Segundos depois, os celulares começaram a apitar com uma mensagem em hebraico alertando para uma emergência de guerra, e que deveríamos, dentro de dez minutos, nos dirigirmos a um abrigo. Acordei muito assustado. Foi o tempo de colocar um calçado, pegar uma garrafa de água, celular e carregador.”
A comitiva ficou no abrigo antiaéreo por cerca de 20 minutos. “Foi quando tivemos a notícia que, de fato, tratava-se de um ataque de Israel ao Irã”, afirma Carreiro.
O grupo permaneceu 50 minutos no abrigo antiaéreo e assim que foi liberado para subir aos quartos precisou descer novamente, por conta da ameaça de lançamentos de drones do Irã a Israel.
“Logo depois o governo de Israel enviou mensagem dizendo que os drones haviam sido interceptados antes mesmo de entrar na fronteira”, diz Carreiro.
A delegação brasileira está, neste momento, liberada para circular pelos quartos de hotel e áreas de convivência, mas sob orientações de manter celulares carregados e roupas confortáveis, caso haja nova ordem de se abrigar.
Tel Aviv atacou a infraestrutura nuclear do país persa e mirou seus altos comandantes militares —a televisão estatal iraniana informou que o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, o general Mohammad Bagheri, e o chefe da Guarda Revolucionária, Hossein Salami, morreram no ataque israelense.
O governo de Tel Aviv fez o primeiro ataque contra o programa nuclear do rival nesta madrugada (noite de quinta, 12, no Brasil).
Explosões foram ouvidas em Teerã na noite de quinta, madrugada de sexta (13) no Oriente Médio, de acordo com a agência de notícias estatal iraniana Nour. A televisão estatal do país disse que as defesas aéreas do Irã estavam em alerta máximo, e que áreas residenciais foram atingidas.
Nesta sexta, o Exército israelense afirmou que o Irã lançou quase 100 drones contra seu território e que está tentando interceptá-los.
“O Irã lançou aproximadamente 100 (drones) contra o território israelense, que tentamos interceptar”, disse o porta-voz militar Effie Defrin a jornalistas. Ele acrescentou que Israel mobilizou 200 aviões de combate para bombardear quase 100 alvos em seus ataques contra o Irã.
Fonte.:Folha de S.Paulo