12:38 PM
23 de outubro de 2025

Como a poluição sonora urbana pode atrasar a fala das crianças

Como a poluição sonora urbana pode atrasar a fala das crianças

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As grandes cidades brasileiras enfrentam um problema crônico: a poluição sonora. O barulho constante do trânsito, obras e até aparelhos eletrônicos não afeta apenas o bem-estar dos adultos, mas também pode ter impacto direto no desenvolvimento da fala das crianças.

Estudos recentes mostram que o excesso de ruídos no ambiente cotidiano compromete a percepção auditiva, essencial para a aquisição da linguagem nos primeiros anos de vida.

+Leia também: Poluição sonora: um problema do barulho (e de saúde pública)

Um levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que mais de 40% da população mundial está exposta a níveis de ruído acima do considerado seguro para a saúde.

No caso das crianças, isso representa um risco adicional, já que a fase entre 0 e 5 anos é marcada pela intensa maturação neurológica da linguagem.

Pesquisadores demonstraram, em estudo publicado em 2022 no Journal of Speech, Language, and Hearing Research, que crianças expostas a ambientes constantemente ruidosos apresentam maior dificuldade de discriminar sons da fala, o que pode se traduzir em atraso de comunicação e vocabulário mais limitado.

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A poluição sonora também está relacionada a déficits de atenção e distúrbios do sono, fatores que potencializam o atraso de fala. Um estudo publicado em 2021 pela Pediatrics apontou que a combinação de ruído excessivo e privação de sono afeta negativamente a memória de trabalho, essencial para a aprendizagem da linguagem.

Apesar dessas evidências, pouco se discute sobre a necessidade de ambientes mais silenciosos em creches, escolas e residências localizadas em áreas urbanas. Muitas vezes, pais e profissionais de saúde atribuem o atraso de fala apenas a questões neurológicas ou ao uso excessivo de telas, sem considerar a influência ambiental do ruído.

Medidas simples para reduzir o ruído e estimular a fala

Medidas simples, como:

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  • Utilizar barreiras acústicas em escolas;
  • Reduzir estímulos sonoros em casa;
  • Criar momentos de comunicação em ambientes mais calmos.

Podem fazer diferença no desenvolvimento infantil. A conscientização sobre a poluição sonora como fator de risco para o atraso de fala precisa avançar tanto entre profissionais quanto na esfera das políticas públicas.

Angelika dos Santos Scheifer é fonoaudióloga, pós-graduada em Avaliação e Reabilitação em Motricidade Orofacial e Distúrbios de Fala e Linguagem, com formação avançada em PECS e laserterapia para clínica fonoaudiológica e aprimoração em ação fonoaudiológica no TEA.

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Fonte.:Saúde Abril

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