A Pedra da Macela era relativamente pouco conhecida. Foi da pandemia para cá que ela passou a chamar cada vez mais atenção nas redes sociais, graças às fotos que mostram ora um tapete de nuvens entre as montanhas, ora uma vista desimpedida que permite observar Ilha Grande e o contorno da costa de Angra dos Reis e Paraty.

Os dois cenários me pareceram tão espetaculares que eu não sabia por qual dos dois torcer quando despertei às 3h da manhã para fazer o passeio. Explico: ainda que seja possível visitar a Pedra da Macela diariamente das 4h às 19h (última subida às 17h), o barato é ver o sol surgir no horizonte no alto da montanha, a 1.840 metros de altitude.

Ponto mais alto da Serra da Bocaina, o pico fica no ponto limítrofe entre os municípios de Cunha, no estado de São Paulo, e Paraty, no estado do Rio de Janeiro, ainda que o acesso seja por Cunha.
Para chegar até o topo, é preciso percorrer uma trilha de 2,5 km de extensão que alterna entre asfalto e blocos de paralelepípedo. Mas não vá achando que será moleza: o caminho é todo de subida bem íngrime e costuma levar uma hora, dependendo do seu ritmo (ou dos seus joelhos).
Quem me acompanhou nessa empreitada foi a guia Cris Campos, da agência Ecojoy (mande um alô para ela no Whatsapp para reservar seu passeio). Nos encontramos às 3h40 no centrinho de Cunha e seguimos de carro rumo à Estrada Cunha-Paraty. Quando estiver chegando perto do quilômetro 66,5, fique ligado: há uma bifurcação um tanto escondida na escuridão da madrugada que é onde começa uma estrada de terra de mais cinco quilômetros até o estacionamento da Pedra da Macela.
Todo esse trajeto de carro levou cerca de uma hora, ainda que o Google Maps indicasse menos — acontece que o GPS não contabiliza o pedaço final em estrada de terra. É importante ter isso em mente para programar sua saída, principalmente se não quiser perder o nascer do sol. Tanto a entrada quanto o estacionamento são gratuitos.
Começamos a caminhada por volta das 4h50. O breu total me levou a acender a lanterna do celular, mas em geral isso era desnecessário porque o caminho é todo asfaltado e não há grandes riscos de tropeçar em alguma coisa, por exemplo. O desafio está mesmo em caminhar durante uma hora sempre em subida, que é também bastante íngrime. Mesmo com um bom condicionamento físico, a trilha exige certo fôlego, mas em geral é tranquila.

Chegamos ao topo às 5h20, com uma faixa laranja despontando no horizonte e um tapete de nuvens já formado, tampando o mar. A vista desimpedida também deve ser espetacular, mas confesso que gostei da sensação de estar acima das nuvens.
Já fica o aviso: não há como prever se o céu estará aberto ou não e, consequentemente, qual paisagem você irá encontrar ao final da trilha. A guia Cris me contou que às vezes acontece das nuvens irem se dissipando aos poucos, de forma que o visitante presencia tanto o tapete de nuvens quanto a vista para o litoral, mas isso varia.
Mesmo com as nuvens permanecendo durante todo o tempo que estive na Pedra da Macela, achei o nascer do sol espetacular: assistimos o astro subir no horizonte sentadas em uma pedra, tomando café e comendo biscoitos. Além de lanches, vale ir bem agasalhado, já que venta bastante lá no alto.

Quando o sol já tinha clareado tudo, fomos para o outro lado do pico, que tem vista para a cidade de Cunha e a Serra da Bocaina, também muito bonita.

E então começamos a volta, por volta das 7h. A descida é pelo mesmo caminho, mas ela pode ser ainda mais desafiadora que a subida, especialmente para quem costuma sentir dor nos joelhos. Com o dia mais claro, deu para observar melhor a natureza que nos cercava, com destaque para a flor Macela, que dá nome ao local.
Pouco antes das 8h já estávamos de volta ao estacionamento, onde há banheiro seco.
Para quem faz a trilha da Pedra da Macela ao amanhecer, a dica é tomar café da manhã depois no simpático Moara Café, que fica na Estrada Cunha-Paraty. O espaço tem mesas espalhadas por um gramadão, que também expõe vários objetos vintage.

Agora, caso você faça a trilha um pouco mais tarde, vale a pena combinar a trilha com um almoço no La Taverne, meu favorito em Cunha. O restaurante fica justamente na estrada de terra que leva à Pedra da Macela e serve pratos criativos que utilizam ingredientes locais, com destaque para os cogumelos.

Serviço
Onde? Acesso no quilômetro 66,5 da Estrada Cunha-Paraty
Quando? Diariamente, das 4h às 19h (última subida às 17h)
Quanto? Entrada e estacionamento gratuitos. Vale fazer a trilha com o acompanhamento de um guia, como a Cris Campos da Ecojoy (reserve pelo Whatsapp)
Como é a trilha? O topo da Pedra da Macela fica a 1.840 metros de altitude. O trajeto é feito por uma trilha íngrime de 2,5 km de extensão (cerca de uma hora). Mais informações sobre a Pedra da Macela no Instagram do ICMBio.

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Fonte.:Viagen