Considerado o museu mais importante do hemisfério sul, o Museu de Arte de São Paulo, o Masp, enfrenta abalos institucionais após a demissão coletiva de membros de seu alto escalão. Entre os que deixam a liderança, estão o vice-presidente, Jackson Schneider, e um dos diretores estatutários, Jean Martin Sigrist Júnior.
Além disso, abandonaram o comando Geyze Diniz, vice-presidente do conselho e viúva de Abilio Diniz, grandes doadores que ajudaram a financiar os R$ 250 milhões necessários para a expansão do museu, que ganhou um novo prédio em março deste ano. No entanto, todos os que pediram para sair afirmaram, em um comunicado, que continuarão patrocinando o museu.
Como o Masp é financiado?
Dono de um acervo que vale mais de US$ 1 bilhão, o Masp se sustenta não só por doações diretas, mas também por dinheiro proveniente da bilheteria e do aluguel de espaços.
Além disso, recursos captados por meio da Lei Rouanet ajudam a manter a instituição, que é presidida por Heitor Martins —empresário e colecionador que agora é alvo de insatisfações da diretoria do museu.
Entre as críticas, estão aquilo que enxergam como uma tentativa de permanecer no cargo além do prazo, a falta de diversidade no conselho que comanda o museu e a queda nos números de visitação.
Como funciona o Masp e quem organiza as exposições?
Heitor Martins foi eleito em 2014 por um conselho deliberativo, que atualmente é formado por 68 pessoas e presidido pelo empresário Alfredo Egydio Setubal. Além de eleger o presidente do museu, os conselheiros são os responsáveis por escolher os sete diretores estatutários.
Por sua vez, o presidente e os diretores estatutários elegem os quatro diretores executivos. Esses profissionais são aqueles que de fato atuam no dia a dia da instituição.
É o caso de Adriano Pedrosa, diretor artístico da instituição desde 2014 e que, junto à equipe de curadores, é responsável pelas exposições que ajudaram a devolver público e relevância ao museu.
Em 2018, por exemplo, ele assinou a curadoria de “Histórias Afro-Atlânticas”. Reunindo 450 trabalhos de 214 artistas, a mostra foi eleita pelo jornal The New York Times uma das melhores de 2018.
Atualmente, há cinco exposições em cartaz no novo anexo do Masp. No sexto andar, “Histórias do Masp” conta, por exemplo, como o museu formou seu acervo com peças de Rembrandt, Van Gogh, Picasso e Tarsila de Amaral.
Já a mostra “Renoir” reúne 12 pinturas e uma escultura do francês no quinto andar. No piso abaixo fica “Geometrias”, com 50 obras de artistas como Lygia Clark, Tomie Ohtake e Ferreira Gullar, que exploram linhas e formas em pinturas e esculturas.
O terceiro andar recebe “Artes da África”, um conjunto de 40 obras do continente. Abriga objetos do cotidiano, máscaras e mobiliários. E no segundo piso há uma videoinstalação em que Fernanda Torres e Fernanda Montenegro interpretam escritos de Lina Bo Bardi.
Fonte.:Folha de S.Paulo