Um condomínio de prédios no Ipiranga, na zona sul de São Paulo, criou uma regra para a recarga de celulares nas tomadas da área comum para evitar sobrecarregar o gerador. O local está sem energia desde quarta-feira (10), após a passagem do ciclone extratropical.
O gerador tem sido usado para o funcionamento dos elevadores, já que cada uma das quatro torres possui 17 andares, e para bombear água para a caixa d’água. Eles também colocaram à disposição dos moradores uma geladeira para o armazenamento exclusivo de medicamentos.
Muitos vizinhos, no entanto, estão usando as tomadas das áreas comuns para carregar aparelhos eletrônicos. Assim, para evitar a sobrecarga do gerador e conflitos, foi criada uma regra: as baterias só podem ser recarregadas até 50%.
“O condomínio tem 260 apartamentos, mais de mil pessoas moram aqui. Então, é muita gente. Por isso, regras são necessárias para evitar conflitos e confusão. Todo mundo quer carregar um pouco o celular, o que gasta muito tempo e energia. Se todo mundo carregar um pouquinho, todo mundo consegue usar”, diz a confeiteira Luciane Costa Pinto, 48, moradora do prédio.
Ela conta que a energia acabou no prédio na manhã de quarta e a água, na quinta-feira (11). “Vieram uns técnicos da Enel aqui, mas não resolveram. Disseram que não sabiam onde estava o problema. Desde então, estamos sem previsão de solução.”
Para evitar mais transtornos para os moradores, os funcionários do prédio conseguiram direcionar o gerador para bombear a água. “Priorizaram o que é essencial, que é água, segurança, os elevadores e a geladeira para evitar que as pessoas percam medicamentos.”
Assim como no prédio do Ipiranga, mais de 48 horas após terem ficado sem energia, milhares de moradores de São Paulo continuam sem previsão de retorno do serviço. A Enel passou a classificar esses casos como “alta complexidade” e não informa mais prazo para solucionar o problema.
Cerca de 600 mil imóveis ainda enfrentavam a falta de energia elétrica na Grande São Paulo após a passagem do ciclo. A Folha questionou a Enel sobre a falta de previsão para o retorno do serviço, mas não teve resposta até a publicação deste texto.
Em nota na manhã desta sexta (12), a empresa afirma que o “evento climático causou danos severos à infraestrutura elétrica, afetando o fornecimento em diversas regiões. Para acelerar a recomposição do sistema, a distribuidora tem mobilizando cerca de 1.600 equipes em campo ao longo do dia.”
Fonte.:Folha de S.Paulo


