Alguns ingredientes da coquetelaria são difíceis de achar. Até aí, normal, mas existem os que são perigosos de achar. Para preparar uma certa spice beer, por exemplo, é preciso vasculhar um deserto imenso, sujeito a tempestades de areia, calor insuportável e falta d’água. E, vencer a vigilância de vermes descomunais, que engolem um ser humano como se fosse uma mosca.
Claro, estamos falando do universo ficcional de “Duna“, mais precisamente do tórrido planeta Arrakis. Quando ingerido, o precioso ingrediente chamado “especiaria” (“mélange”) é capaz de expandir a mente, o que aumenta bastante as habilidades na navegação espacial. Também pode despertar a capacidade de premonição, além de prolongar a vida. Pode até alterar a fisiologia do usuário.
O que não pode é evitar o vício, que chega a ser fatal. A spice beer, feita com a mélange, é, a princípio, mais leve. Bebida favorita do imperador Elrod Corrino IX, é apenas mencionada na saga, mas dá para imaginar algo aproximado, que seria uma cerveja temperada com especiarias e acrescida de elementos psicoativos. É tentador pensar que esses elementos foram parcialmente inspirados em chás de cogumelo, até porque “Duna” foi escrito em meados dos psicodélicos anos 1960.
A série “Battlestar Galactica” também tem uma “cerveja” para chamar de sua. Trata-se da ambrosia, nome tirado da mitologia grega (era o alimento dos deuses, que lhes conferia força e capacidade de curar ferimentos); também designa um doce popular.
Entre os galácticos das Colônias de Kobol a ambrosia é uma bebida esverdeada, forte, com leve cheiro de enxofre. Por causa da cor, há quem a associe ao absinto. É produzida por presidiários que trabalham para a destilaria Stanford, o que tem seu toque de ironia, já que em celas do mundo todo fabrica-se álcool de beber —com a fermentação de cascas de fruta, por exemplo.
“Star Trek“, por sua vez, atravessou gerações e milhares de anos-luz com pelo menos duas bebidas alcoólicas estelares. O vinho de sangue dos klingons (habitantes do planeta Kronos, com uma carapaça estriada na testa) é particularmente forte. Poucos além dos próprios klingons se arriscam a tomá-lo, com resultados catastróficos.
É feito mesmo de sangue fermentado, extraído de animais, mas há quem sustente que uma ou outra vez foi usado o sangue de um guerreiro inimigo. É importante em rituais de iniciação e na celebração de vitórias. Disputas para ver quem bebe mais sem cair são comuns. Um comportamento que leva à comparação com os vikings, que também eram guerreiros para quem a honra e a bravura são fundamentais.
Já a cerveja romulana é azul e também bastante forte, até para os padrões-klingon, a ponto de ficar proibida na Federação por um século. Isso não impediu o Dr. McCoy de tomar suas doses, a pretexto de “fins medicinais”. O capitão Kirk também era chegado, tendo contrabandeado a bebida para a Enterprise em algumas ocasiões, inclusive para um evento oficial.
“Primos” dos frios vulcanos, os romulanos não deixaram a receita de sua cerveja, mas alguns terráqueos tentaram uma aproximação, com um detalhe a mais.
ROMULAN ALE FIZZ
- 30 ml de gim
- 45 ml de Blue Curaçao
- 22,5 de suco de limão siciliano
- 15 ml de xarope de açúcar
- Clara de um ovo
- 60 ml de água tônica
- 4 gotas de água de flor de laranjeira
Primeiro, bata os cinco primeiros ingredientes sem gelo, em seguida repita a operação, dessa vez com gelo. Descarte o gelo e despeje o conteúdo num copo Collins. Finalize com a clara e a água de flor de laranjeira.
LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.
Fonte.:Folha de S.Paulo