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31 de julho de 2025

Conheça o lulo, fruta tropical muito popular na Colômbia – 28/07/2025 – Comida

Conheça o lulo, fruta tropical muito popular na Colômbia – 28/07/2025 – Comida

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Por fora, ele parece uma pequena laranja, com casca fina e alaranjada. Por dentro, lembra um tomate, com polpa suculenta e cheio de sementes, mas de cor esverdeada e sabor cítrico marcante.

Assim é o lulo, fruta tropical muito popular na Colômbia, no Equador e em outros países andinos, também chamado de naranjilla. No Brasil, ele não é tão conhecido, mas quem se interessa por ingredientes exóticos pode encontrá-lo em forma de geleia, licor ou em pratos e bebidas servidos em restaurantes fundados por imigrantes.

Explicar o sabor de uma fruta que tem sua própria identidade é tarefa inglória, mas o lulo costuma ser comparado a uma mistura de abacaxi com limão ou abacaxi com morango.

Mas não só. “Algumas pessoas falam que parece cajá ou carambola. Uma senhora já me falou que lembrava uma mistura de melancia com maracujá”, conta Jair Abril Rojas, dono do Macondo, restaurante colombiano em Pinheiros, zona oeste de São Paulo.

Rojas tem uma lembrança afetiva da fruta. “Quando eu era criança, ia visitar meus avós em um sítio onde tinha lulo. Eu pegava na árvore, molhava no açúcar e comia”, conta.

No Macondo, o lulo entra em sucos, drinques, molhos, pimentas e espumas culinárias. “É uma fruta muito versátil e refrescante”, diz o chef colombiano, que costuma cortá-la em pedaços e congelá-la embalada a vácuo, para depois usá-lo nas preparações. Isso porque nem sempre é fácil encontrar o ingrediente, que chega por importação.

Na Colômbia, além de ser frequentemente consumido como suco —inclusive industrializado—, o lulo é base para outras bebidas tradicionais, como o champú valluno, que leva ainda abacaxi e milho cozido, e a lulada, preparada com suco de limão, água e açúcar e que pode levar uma dose de aguardente.

No Patacón Pisao, restaurante colombiano localizado na Vila Clementino, zona sul de São Paulo, o drinque favorito da clientela brasileira é o “festival de lulo”, que leva a fruta macerada com aguardente colombiano, similar a uma caipirinha.

“Muitos não conhecem [a fruta], mas quem conhece já chega pedindo”, diz um dos donos, Oscar Maldonado, para quem o lulo lembra uma mistura de abacaxi com limão siciliano.

Em ocasiões especiais, o estabelecimento serve molho de lulo em preparações como frango. “Nós, colombianos, temos um paladar muito agridoce, gostamos de misturar frutas com salgados”, diz Maldonado, que está no Brasil há seis anos.

Como depende da importação, nem sempre ele consegue ter a fruta disponível, mas atualmente conseguiu fazer um bom estoque. “Fiquei uma temporada de quatro meses sem. Não é tão simples de conseguir, mas vale muito a pena”, diz.

De nome científico Solanum quitoense, o lulo tem poucas calorias —25 por 100 gramas, metade das que tem o abacaxi, por exemplo— e alto valor nutricional.

Cultivo brasileiro

Pioneiro no cultivo do lulo no Brasil, o engenheiro agrônomo Eduardo Perillo começou a plantar a fruta oito anos atrás em sua propriedade em Londrina, no Paraná. Melhorista genético, ele criou um híbrido nacional do fruto e chegou a vender 100 kg por semana, produzidos em 1.200 pés.

“Como aqui tem mais horas de luz do que no clima andino, conseguimos uma fruta muito mais doce”, afirma.

Segundo Perillo, um problema no fornecimento de água fez com que ele parasse a produção. Ele agora se prepara para retomar o cultivo, mas em menor escala —300 plantas, que podem render de 1 a 2 toneladas por ano.

O pesquisador também conta ter sido procurado, nos últimos meses, por cinco produtores de diferentes partes do Brasil, interessados em plantar lulo em suas fazendas. “É um mercado virgem e promissor”, diz, acrescentando que a Colômbia, o Peru e a Costa Rica vêm exportando lulo para a Europa e os EUA.

No extremo sul de São Paulo, agricultores cultivam a fruta em pequena escala para produzir quitutes como geleia e licor, que são vendidos para visitantes e também em um box do Polo de Ecoturismo de São Paulo dentro do Mercado Municipal de Pinheiros.

Reginaldo Oliveira, produtor da chácara CoguLi, no Bororé, acabou de fazer uma sementeira para aumentar sua plantação de lulo, que ele transforma em licor.

Ele conheceu a fruta por meio de uma pessoa que visitou sua chácara e resolveu tentar a sorte com algumas sementes. “É fácil de plantar. E é uma fruta muito aromática, que tem boa saída”, afirma.

Em Parelheiros, outra produtora, Bernadete Alcebíades, começou a plantar lulo em seu sítio Recanto do Jakinha após conhecer a fruta em uma feira. “Nunca tinha visto. Comprei um quilo, plantei a semente e vingou”, conta.

Hoje, a geleia desse sabor se tornou a mais vendida de seu negócio e ela se prepara para aumentar a plantação. “Minhas mudas estão prontinhas para plantar em outro espaço, porque o que eu tenho não supre minha necessidade.”

Quando participa de feiras gastronômicas, Bernadete leva pedacinhos da fruta para degustação. “A pessoa se arrepia porque o que o lulo tem de bonitinho ele tem de azedo. Mas a geleia é uma delícia, é um sabor que não se compara a nada”, diz.



Fonte.:Folha de São Paulo

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