
Na esteira do movimento lançado pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) em defesa da demissão de funcionários que defenderam a violência após a morte de Charlie Kirk, a gestão do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), enfrenta pressão para suspender o contrato do Theatro Municipal de São Paulo com a Organização Social (OS) de Cultura Sustenidos.
O alvo da mobilização é o gestor de casting do Theatro Municipal, Pedro Guida, que compartilhou em suas redes sociais o vídeo de um artista americano chamando Kirk de neonazista afirmando que “todos vocês precisam parar de chorar pela morte de Charlie Kirk” e chamando Kirk de neonazista.
A publicação gerou reação de políticos conservadores e do movimento Artistas Livres, liderado pelo cineasta Josias Teófilo. A Fundação Theatro Municipal solicitou à OS Sustenidos o desligamento do funcionário, mas até o momento a medida não foi cumprida.
“O caso do Pedro Guida é muito sintomático porque mostra o pensamento aceito lá de desumanização da direita. Ele achou justificável o assassinato de Charlie Kirk apenas por suas posições de direita, sendo que essas posições são compartilhadas por boa parte dos eleitores do prefeito Ricardo Nunes”, disse Teófilo à Gazeta do Povo.
Pedido de demissão será analisado por Conselho de Administração da Sustenidos
Informações obtidas pela Gazeta do Povo apontam que o pedido de demissão de Pedro Guida será levado para o Conselho de Administração da Sustenidos, que deve deliberar sobre o tema até esta quarta-feira (17). Um dos pontos em debate é a possibilidade de a prefeitura antecipar o chamamento para novas organizações terceirizadas em razão do episódio.
Nesta terça-feira (16), a Fundação Theatro Municipal de São Paulo encaminhou novo oficio para a entidade reiterando o pedido de demissão feito na semana passada. “A publicação tem um teor inapropriado e incompatível com os valores éticos, culturais e institucionais que orientam o trabalho da Fundação Theatro Municipal e seus equipamentos”, afirmou a Fundação em nota.
Insatisfação com gestão da Sustenidos
A atuação da OS Sustenidos já vinha sendo alvo de críticas da ala conservadora, que acusa a entidade de promover pautas de esquerda na programação da Fundação Theatro Municipal de São Paulo.
“O Theatro Municipal de São Paulo deixou de ser uma casa de ópera na gestão da Sustenidos e foi transformado num espaço de propaganda para a militância identitária. Tenho denunciado isso há anos, falei com o próprio prefeito Ricardo Nunes, que tem ignorado a gravidade da situação”, disse Teófilo, representante do grupo Artistas Livres.
Desde janeiro, quando Totó Parente assumiu a secretaria de Cultura da Prefeitura de São Paulo, o grupo Artistas Livres se uniu a vereadores conservadores para cobrar que a programação cultural da Fundação não seja tomada por militância política.
“A Organização Social transformou o templo das artes em palanque ideológico com montagens deturpadas de óperas, desrespeitando os munícipes, autores e a cultura paulistana”, disse à Gazeta do Povo a vereadora Sonaira Fernandes (PL), presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esportes do legislativo paulistano. Na semana passada, Fernandes enviou um ofício à Secretaria Municipal de Cultura solicitando detalhes sobre a prestação de serviços pela entidade.
A OS Sustenidos é responsável pelo fomento e pela gestão da programação do Complexo Theatro Municipal de São Paulo desde junho de 2021, em contrato firmado ainda na gestão de Bruno Covas (PSDB), com o então secretário de Cultura Alê Youssef.
O contrato prevê que a prestação de serviço ocorrerá até o dia 31 de maio de 2026, com total de até R$ 562 milhões (em valores de 2020) e referência anual de R$ 112,4 milhões.
Fonte. Gazeta do Povo


