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9 de novembro de 2025

COP30: Empresários desistem de Belém e vão a eventos em SP – 09/11/2025 – Ambiente

COP30: Empresários desistem de Belém e vão a eventos em SP – 09/11/2025 – Ambiente

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Uma plenária, diversas salas de reunião e pessoas de todo o mundo discutindo sobre mudança climática. A descrição poderia ser da COP30, a conferência da ONU que começa em Belém nesta segunda (10), mas é do Climate Implementation Summit, evento que reuniu centenas de empresários em um hotel em São Paulo no último sábado (8). Nem todos, porém, planejam ir à cúpula oficial.

Ulf Erlandsson, CEO e fundador do think tank sueco Anthropocene Fixed Income Institute, diz que participou das últimas duas conferências, sediadas em Dubai e Baku. Neste ano, ele viajou de Estocolmo a São Paulo para acompanhar as agendas dos investidores com os quais mantém contato.

O executivo afirma que tinha planos de ir à COP30, mas cancelou a ida após notar que poucos representantes do setor privado iriam comparecer.

“Muitas pessoas tiveram a mesma sensação de que seria difícil ir até lá”, diz, em referência aos preços de hospedagem na capital paraense. “Todo mundo quer ir para onde a maioria das pessoas vai. Para o setor financeiro, claramente a atenção mudou de Belém para São Paulo.”

A cidade recebeu ao menos outros quatro grandes eventos empresariais na semana anterior ao início da conferência, como o PRI in Person e o Fórum de Negócios e Finanças da COP30, organizado pela Bloomberg.

Junio Magela, CEO da ESGscan, que monitora riscos ambientais em cadeias de valor, mora em Belo Horizonte e participou da programação pré-COP em São Paulo, mas não irá à cúpula oficial. “Eu vim para me conectar com as pessoas aqui, porque os custos em Belém estavam muito altos.”

O site oficial do Climate Implementation Summit afirma que São Paulo tem “vários hotéis de 4 e 5 estrelas, com acomodações e instalações adequadas para sediar grandes eventos de padrão internacional, sem os desafios logísticos e os preços exorbitantes de Belém”.

O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, participou de forma remota do evento. “Estamos esperando vocês em Belém”, disse.

Mahmud Muhtar trabalha na Securities and Exchange Commission, órgão regulatório do mercado de capitais da Nigéria, e viajou à capital paulista para acompanhar eventos pré-COP sobre investimentos verdes. Ir ao Pará, porém, não está em seus planos.

“Vou voltar direto para a Nigéria depois das atividades. Eu me sinto satisfeito em participar dessa programação em São Paulo, já consegui o que queria”, disse. “A COP do Brasil é a minha primeira”, afirmou, mesmo sem ir à cidade-sede.

Um empresário ligado ao Atlantic Council dos Estados Unidos trabalha com finanças climáticas e viajou de Washington a São Paulo para o Climate Implementation Summit, mas disse que não seguirá para Belém. Ele afirma que não poderia contribuir para a discussão lá.

O líder de uma empresa de finanças sustentáveis sediada em Washington disse, sob condição de anonimato, que gostaria de ir à COP30 e já tinha comprado a passagem de avião, mas os valores da hospedagem o fizeram cancelar a viagem. Comparecer a eventos prévios em São Paulo, segundo ele, seria o mais perto que conseguiria chegar de Belém.

O executivo afirmou que chefes de outras empresas tampouco iriam ao Pará, concentrando a presença na capital paulista, por uma suposta maior praticidade. Para ele, a divisão dos setores ficou clara neste ano: governos em Belém, e finanças em São Paulo.

Já o líder de uma empresa alemã de projetos de restauração florestal disse que viajará a Belém na próxima semana, mas afirmou sob reserva que colegas dos EUA e da Alemanha não terão essa oportunidade devido aos valores de hospedagem.

Ele disse notar uma concentração do setor de negócios na capital paulista e pondera que a escolha de sediar a COP na amazônia foi corajosa, mas implicou em enormes custos, com os quais nem todas as companhias estariam dispostas a arcar.

Em entrevista à Folha antes do evento, Marina Cançado, uma das organizadoras do Climate Implementation Summit, emprestou o mote escolhido pelo governo Lula para a conferência para comentar a situação, “mutirão”. “É isso. A gente precisa de todo mundo engajado na conversa e fazendo sua parte. O importante é a conexão acontecer, com todos juntos em Belém ou não.”



Fonte.:Folha de S.Paulo

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