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Os torcedores dos países classificados estão ansiosos para saber quais seleções poderão enfrentar na primeira fase do torneio. Mas a maior parte da população do planeta não estará representada.
Dos seis países mais populosos do mundo, apenas os Estados Unidos participam do evento, como um dos países-sede, ao lado do México e do Canadá. Índia, China, Indonésia, Paquistão e Nigéria estão de fora da Copa que será disputada em junho e julho do ano que vem.
Dos 209 países que disputaram as eliminatórias, apenas 64 ainda sonham com o título. E este número será reduzido para 48 em março, quando a repescagem determinar os últimos classificados para o torneio.
Três países de língua portuguesa irão disputar a Copa de 2026: o Brasil, Portugal e Cabo Verde, estreante em Copas do Mundo.
Mas para quem irão torcer os moradores de países que não se classificaram?
Bem, os torcedores de todo o mundo adoram uma surpresa. E diversas nações que estarão na Copa têm histórias incríveis. Que tal escolher um dos azarões para torcer no ano que vem?
Os menores países da Copa

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Com apenas 155 mil habitantes e 444 km², Curaçao é o menor país a se classificar para a fase final na história da Copa do Mundo, tanto em população quanto em superfície.
A ilha do Caribe fica a apenas 60 km do litoral da Venezuela e a maior parte da sua população caberia no estádio da final da Copa. O MetLife Stadium, em Nova Jersey, nos Estados Unidos, tem capacidade para 82,5 mil espectadores.
O técnico de Curaçao é o holandês Dick Advocaat. Com 78 anos de idade, ele será o técnico mais idoso a atuar na história das Copas do Mundo, superando o alemão Otto Rehhagel, que dirigiu a Grécia aos 71 anos em 2010, na África do Sul.
Advocaat já dirigiu oito seleções de países diferentes. Mas, para ele, a classificação de Curaçao foi “a conquista mais maluca que já consegui como técnico”.

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Por um breve período até a classificação de Curaçao, Cabo Verde foi o país com a segunda menor população a se classificar para uma Copa do Mundo.
O pequeno arquipélago de língua portuguesa no Oceano Atlântico, no litoral da África ocidental, conseguiu a vaga ao vencer eSwatini por 3×0 no Estádio Nacional da capital cabo-verdiana, a cidade da Praia.
A vitória fez com que os Tubarões Azuis, como é chamada a seleção nacional, conseguissem se classificar para a Copa pela primeira vez, em primeiro lugar no seu grupo das eliminatórias africanas. Eles ficaram à frente de Angola e de Camarões, uma das potências futebolísticas do continente.
Cabo Verde contou com muitos membros da sua diáspora para melhorar seus resultados no futebol nos últimos anos.
O zagueiro-central Roberto “Pico” Lopes, por exemplo, nasceu e joga na Irlanda. Ele conseguiu sua primeira convocação pela plataforma LinkedIn.
“Estamos em todo o mundo. Podemos ir muito longe quando estamos juntos”, declarou ele à BBC.
Estreias notáveis

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Outro estreante em Copas do Mundo, o Uzbequistão entrou no mapa-múndi do futebol quando o clube local Bunyodkor anunciou a contratação de Rivaldo, em 2008, e de Zico como técnico.
Os dois brasileiros permaneceram por pouco tempo no time, mas o futebol do país se desenvolveu ao longo dos anos.
O Uzbequistão vem apresentando bom desempenho na Copa da Ásia, tendo chegado às semifinais em 2011 e às quartas de final em 2023.
E, depois de caírem nas eliminatórias para as últimas sete Copas, os Lobos Brancos conseguiram sua vaga na Copa do Mundo Fifa 2026, dirigidos pelo ex-zagueiro italiano Fabio Cannavaro, capitão da seleção campeã do mundo de 2006, na Alemanha.
Já os torcedores da Jordânia comemoraram a conquista da sua primeira vaga na Copa do Mundo em junho, quando a seleção do seu país venceu Omã, fora de casa, por 3×0.
O técnico da equipe é o marroquino Jamal Sellami. Ele dedicou a classificação a “todos os que acreditaram em nós” e elogiou os anos de trabalho duro dos jogadores e da Associação de Futebol da Jordânia.
O progresso do futebol jordaniano nos últimos anos foi notável. O país chegou à final da Copa Asiática de 2023, eliminando na semifinal a Coreia do Sul, do técnico alemão Jürgen Klinsmann. A Jordânia perdeu apenas a final para o país-sede, o Catar.
Triunfo sobre a adversidade

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O técnico do Haiti é o francês Sebastien Migne, de 52 anos. Mas ele nunca visitou o país da seleção que dirige.
Com cerca de 11,5 milhões de habitantes, o Haiti tem cerca de 1,3 milhão de deslocados internos devido à violência das gangues, que causa a morte de milhares de pessoas todos os anos.
Mas nada disso impediu Migne de levar a seleção haitiana para a Copa do Mundo, pela primeira vez desde 1974, na antiga Alemanha Ocidental.
Os jogadores esperam aproveitar a oportunidade para melhorar seu desempenho no torneio. Em 1974, o Haiti perdeu os três jogos da fase de grupos: 3×1 para a Itália, 7×0 para a Polônia e 4×1 para a Argentina.
“Meus jogadores serão embaixadores maravilhosos de um país que precisa desesperadamente deles”, declarou Migne à agência de notícias AFP.
“O Haiti não é um lugar fácil. Seu povo está sofrendo e não tem muitas oportunidades para comemorar.”
Mais alguém à vista?
Outro país vítima de devastadores conflitos internos que pode chegar à Copa do Mundo Fifa 2026 é a República Democrática do Congo.
O leste do país, rico em minérios, sofre com os conflitos há mais de 30 anos. Acredita-se que o número de mortos ao longo das décadas esteja na casa de milhões de pessoas.
O país tem imensa necessidade de boas notícias. E sua seleção de futebol, conhecida como os Leopardos, espera oferecer exatamente isso.
Este mês, os centro-africanos eliminaram as fortes seleções de Camarões e da Nigéria, na repescagem continental, e estão a uma vitória para retornar à Copa do Mundo.
Sua única participação ocorreu na Alemanha em 1974, quando o país ainda se chamava Zaire. Foram três derrotas na fase de grupos: 2×0 para a Escócia, 9×0 para a antiga Iugoslávia e 3×0 para o Brasil.
A República Democrática do Congo enfrentará a Jamaica ou a Nova Caledônia em jogo único no México, no mês de março. Quem vencer estará na Copa.
“Foi um bom sorteio”, declarou o ex-capitão congolês Gabriel Zakuani à BBC Sport África. “No papel, somos os mais fortes.”
A Jamaica, até hoje, só participou de uma Copa do Mundo — a de 1998, na França. Comandada pelo técnico brasileiro René Simões, a seleção jamaicana caiu na fase de grupos, mesmo com uma vitória sobre o Japão por 2×1.

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O Iraque é outro país que espera chegar à Copa do Mundo pela repescagem — e outra nação com histórico recente de conflitos e disputas sectárias.
A equipe se classificou para a repescagem após uma polêmica vitória em casa contra os Emirados Árabes Unidos, por 2×1.
A partida foi decidida por uma cobrança de pênalti dramática, aos 17 minutos da prorrogação. O drama do final foi substituído por cenas de júbilo no campo e nas arquibancadas do Estádio Internacional de Basra, no Iraque.
A única participação iraquiana na Copa do Mundo até aqui ocorreu em 1986, no México. Foram três derrotas na fase de grupos.
Com uma população de pouco mais de 250 mil habitantes, a Nova Caledônia chega pela primeira vez à repescagem. Para ir à Copa, a seleção precisará vencer primeiro a Jamaica e, depois, a República Democrática do Congo.
Para chegar até aqui, a Nova Caledônia eliminou a seleção do Taiti. Os dois arquipélagos do Pacífico estão separados por mais de 4,6 mil quilômetros de oceano, formando uma das mais distantes “rivalidades locais” do esporte mundial.
Por fim, o Suriname é o país com a pior classificação no ranking da Fifa que ainda tem chances de participar da Copa do Mundo do ano que vem.
Atualmente no 123° lugar, os surinameses precisam vencer a Bolívia e o Iraque para chegar lá.
Seus jogadores nem chegaram a comemorar o gol no último minuto que os levou para a repescagem, mesmo perdendo para a Guatemala fora de casa por 3×1. Isso porque, inicialmente, outros resultados poderiam resultar na sua desclassificação.
Antiga colônia holandesa, o menor país da América do Sul conta com muitos jogadores do exterior para sua cartada final rumo à Copa do Mundo de 2026.
Nova expansão à vista?
A Copa do Mundo Fifa 2026 será muito diferente das 22 edições anteriores. O número de países participantes (48) é o maior até hoje.
Muitos críticos afirmam que poderá haver disparidade em alguns jogos e menos competição. Já outros relembram as atribulações e os nervos à flor da pele gerados pelo torneio, que vem crescendo continuamente desde a sua primeira edição no Uruguai, em 1930, com apenas 13 países.
Aparentemente, a Fifa continuará a expandir a escala e as ambições da Copa do Mundo. A organização já discute uma proposta que, se aprovada, levará 64 seleções a disputar a Copa de 2030, que irá comemorar o centenário da competição.
Ela será disputada na Espanha, Portugal e Marrocos, com jogos também no Uruguai, Paraguai e Argentina.
Fonte.:BBC NEWS BRASIL


