10:15 PM
25 de julho de 2025

Coreia do Sul aposta na comida como soft power no Brasil – 24/07/2025 – Comida

Coreia do Sul aposta na comida como soft power no Brasil – 24/07/2025 – Comida

PUBLICIDADE


Depois de transformar sua música, séries e filmes em fenômenos globais, a Coreia do Sul aposta na gastronomia como próxima ferramenta de “soft power”. E empresas coreanas estão de olho no Brasil como mercado potencial para ingredientes e comidas.

A nação asiática bateu recorde de exportação de alimentos processados e não-processados no ano passado: foram US$ 9,98 bilhões (cerca de R$ 55,4 bilhões) no mundo, um aumento de 9% em relação ao ano anterior, segundo o Ministério da Agricultura, Alimentação e Assuntos Rurais da Coreia do Sul (Mafra, em inglês).

O crescimento vem em um momento de ampliação do interesse na culinária sul-coreana. Uma pesquisa feita em 2024 pelo Ministério da Cultura, Esportes e Turismo com 26 mil pessoas pelo mundo apontou que, depois do k-pop (17,8%), o k-food é a primeira coisa que vem à mente quando se fala em Coreia do Sul, citada por 11,8%. E, dentro de 11 tipos de conteúdo, como beleza e música, a culinária foi considerada a mais popular (53,7%).

“A comida coreana está em seu auge e se tornou um pilar importante da ‘hallyu’ (onda coreana). A comida também está desempenhando um papel fundamental para as pessoas terem uma compreensão mais ampla sobre a cultura”, afirma Song Miryung, ministra do Mafra.

O ramyeon, macarrão instantâneo, lidera as exportações de 2024, com US$ 1,24 bilhões (R$ 6,88 bilhões), um aumento de 31,1%. A empresa líder nesse segmento é a Nongshim —o ramyeon responde por 56% das vendas.

A marca tem 90 itens no portfólio, e 30 deles são exportados para o Brasil, como salgadinhos e biscoitos —em 2023, os negócios chegaram a R$ 11 milhões. Lee Yong-jae, vice-presidente executivo da Nongshim, responsável pelas vendas internacionais, diz que o Brasil é um mercado com grande potencial e que há interesse em abrir uma fábrica para produzir aqui.

Fora a África, a região da América Latina e Caribe é a que menos importa alimentos: foram US$ 236,3 milhões (R$ 1,3 bilhão) no ano passado. Apesar disso, o número representa um crescimento de 21,8% em relação a 2023.

De olho em expandir os negócios nesse território, a Nongshim criou um macarrão instantâneo para o público latino, o Toomba, com picância leve e queijo. O item é vendido no Brasil.

O país é visto como o principal mercado na América do Sul e foi escolhido para sediar a primeira filial do aT Center, órgão ligado ao governo sul-coreano, no continente. A instituição, com escritório em 12 países, chegou a São Paulo em março de 2023.

Sua principal função é fazer o intermédio na exportação de alimentos e bebidas da Coreia do Sul para o Brasil —e países vizinhos—, e vice-versa, e divulgar produtos do país asiático. Nesse sentido, investe em concursos de culinária e ações de degustações.

Neste mês, organizou um evento no Centro Cultural Coreano, em São Paulo, que apresenta a k-food por meio de degustações grátis, aulas e exposição, e vende produtos num mercadinho montado no local. O “Universo K-Food” já atraiu 24 mil visitantes e segue até 1º de agosto.

“O Brasil é o país que mais demonstra interesse em produtos coreanos na América Latina, mas não representa nem 1% das exportações”, afirma Yousun Jung, diretora do aT Center. Segundo ela, barreiras tarifárias são os impasses. “Ainda é um começo.”

Para Jung, o streaming tem contribuído para gerar esse interesse. Comidas e bebidas típicas aparecem com frequência nos k-dramas, as séries sul-coreanas, filmes e conteúdos de grupos de k-pop. Isso desperta curiosidade nos espectadores, que vão a mercados especializados e restaurantes.

“Isso está acelerando a disseminação da ‘hansik’ pelo mundo”, diz Song, do Mafra. Ela cita como exemplo o dalgona, doce à base de café que gerou procura ao ser exibido em “Round 6”, da Netflix.

Para popularizar sua culinária, o governo sul-coreano dá incentivos a companhias do setor para entrar no mercado estrangeiro e criou um plano de metas até 2027. Ele inclui aumentar o número de centros de culinária especializados e operar cursos de k-food em escolas de outros países.

A Coreia do Sul também quer ampliar a imagem do país como um destino de gastronomia. Para isso, sediou as duas últimas cerimônias do 50 Best Ásia e vai lançar roteiros temáticos para promover o turismo gastronômico.

A jornalista viajou a convite do Ministério da Cultura, Esportes e Turismo da Coreia do Sul



Fonte.:Folha de São Paulo

Leia mais

Rolar para cima