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31 de outubro de 2025

Coronavírus em morcegos no Brasil amplia mapa de risco – 31/10/2025 – Ciência

Coronavírus em morcegos no Brasil amplia mapa de risco – 31/10/2025 – Ciência

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Um coronavírus com uma característica genética encontrada nos vírus que causam a Covid-19 e a Mers foi descoberto em morcegos no Brasil. Isso amplia o alcance global conhecido de vírus transmitidos por morcegos capazes de infectar outras espécies.

O vírus, denominado BRZ batCoV, foi detectado no Pteronotus parnellii —um pequeno morcego insetívoro, conhecido como bigodudo, comum em toda a América Latina. As amostras foram coletadas nos estados do Maranhão e São Paulo.

O estudo, divulgado na última segunda-feira (27) como um preprint, ou seja, ainda sem revisão por pares, mostra que o vírus pertence à família dos betacoronavírus, que inclui o Sars-CoV-2, o Mers-CoV e o vírus Sars original.

O sequenciamento genético revelou um pequeno trecho da proteína spike do vírus que pode ser cortado por enzimas em células animais e humanas —uma característica que ajuda alguns coronavírus a entrarem nessas células com mais facilidade.

Tais locais de clivagem da furina não haviam sido relatados anteriormente em coronavírus de morcegos das Américas, o que sugere que essas características podem ter evoluído independentemente em populações de morcegos sul-americanos.

A descoberta é notável porque um local de clivagem semelhante na proteína spike do Sars-CoV-2 tornou-se alvo de controvérsia durante a pandemia, quando alguns alegaram ser evidência de manipulação em laboratório. Pesquisas posteriores mostraram que locais comparáveis ocorrem naturalmente em vários outros coronavírus —incluindo esta cepa brasileira recém-descoberta. Isso indica que tais características podem surgir por meio da evolução viral natural.

A pesquisa, liderada por Kosuke Takada e Tokiko Watanabe, da Universidade de Osaka (Japão), com colaboradores da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade de Madison-Wisconsin (Estados Unidos) e de outros laboratórios internacionais, concluiu que o vírus está relacionado a coronavírus semelhantes ao Mers, mas é distinto o suficiente para formar sua própria linhagem. Vírus relacionados já foram identificados em morcegos na Ásia, África e Oriente Médio, mas não no Hemisfério Ocidental até então.

Não há evidências de que o vírus recém-descoberto infecte humanos. A descoberta reforça a importância de programas de vigilância da vida selvagem que rastreiam a diversidade de coronavírus antes que eles tenham a chance de se espalhar para as pessoas.



Fonte.:Folha de S.Paulo

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