SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O empresário Gleison Luís Menegildo foi indiciado pelo assassinato de Giovana Pereira, 16, que foi encontrada sem vida no sítio dele, em Nova Granada, no interior de São Paulo. O corpo da jovem ficou enterrado na propriedade do suspeito por cerca de oito meses até a Polícia Civil encontrar o cadáver em agosto do ano passado.
Giovana teria sido morta no dia 21 de dezembro de 2023. Na ocasião, a adolescente teria ido até a empresa de Gleison em São José do Rio Preto para uma suposta entrevista de emprego, mas saiu do local sem vida em circunstâncias ainda a serem esclarecidas pela polícia.
Apesar de ter morrido em dezembro de 2023, o corpo de Giovana só foi encontrado oito meses depois, em agosto de 2024. Na época, a família da jovem registrou boletim de ocorrência para reportar o desaparecimento dela. Após meses de investigação, a polícia localizou os restos mortais da jovem enterrados no sítio de Gleison em Nova Granada.
Empresário admitiu que conheceu Giovana 15 meses antes de ela ser morta por meio de um aplicativo de relacionamento. Em depoimento, ele afirmou que foi até o apartamento onde ela morava com uma amiga. De lá, foram até um motel no município de Mirassol, no interior de São Paulo. Segundo o empresário, os dois tiveram relação sexual, mas não houve consumo de drogas.
O empresário alegou que não sabia que ela tinha 16 anos. Ele afirmou que, no dia em que se conheceram, Giovana mostrou uma cédula de identidade com a data de nascimento adulterada, para provar que tinha mais de 18 anos. Após o encontro, ele confirmou que transferiu uma quantia em dinheiro para ela, mas não revelou o valor.
Na versão dele, os dois só voltaram a manter contato sete meses após o primeiro encontro, quando a jovem lhe pediu um emprego. Ele explicou que aceitou analisar o currículo dela e pediu que ela fosse até sua empresa, em São José do Rio Preto.
No dia combinado, Giovana foi até a empresa e, no local, o empresário e um funcionário dele teriam trocado beijos com a adolescente. Ele relatou que Giovana estava em sua empresa no dia 21 de dezembro de 2023, que ele consumiu cocaína naquele dia e disse a Giovana que não a contrataria. Conforme o depoimento, em determinado momento o empresário saiu da sala onde estavam para pegar uma cerveja e deixou um frasco contendo cocaína no local.
Segundo o suspeito, a adolescente usou o entorpecente sem sua permissão e passou mal. Um outro funcionário o alertou que a menina não estava bem e ele, ao perceber que Giovana havia morrido, entrou em “pânico completo”.
Gleison revelou que dois funcionários presenciaram tudo. Com o auxílio de um deles, colocou o corpo da jovem em sua caminhonete e saiu “dirigindo desnorteado”. Em seguida, dirigiu-se até o sítio para enterrá-lo.
O caseiro do sítio confessou à PM que ajudou a abrir cova para enterrar a adolescente. Cleber Danilo Partezani afirmou que no dia 21 de dezembro de 2023, o patrão apareceu no sítio e pediu que ele abrisse um buraco em determinado local da propriedade, mas sem revelar detalhes de quem seria enterrado.
Empresário pediu segredo e admitiu que iria enterrar um corpo humano, segundo versão do caseiro. O patrão retornou à propriedade em outros momentos para praticar tiro.
Mãe flagrou troca de mensagens
Troca de mensagens ocorreu em 2023. Patrícia Alessandra Pereira contou ao UOL que mexeu no celular da filha e viu o conteúdo da conversa com Gleison. Segundo a mãe, na ocasião, Giovana admitiu que havia se relacionado com o empresário, que havia oferecido ajuda financeira à garota. “Falei que ela não precisava disso. Ela me disse que não teria mais encontrado com ele”, explicou Patrícia.
Último contato de Giovana com a mãe foi no dia 20 de dezembro de 2023, um dia antes de desaparecer. Patrícia detalhou que procurou a polícia no dia 23 de dezembro.
Indiciamentos
Gleison foi indiciado por suspeita de homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e sem chances de defesa para a vítima. O inquérito será encaminhado ao Ministério Público de São Paulo, que decidirá se aceita as provas colhidas pela polícia e apresenta a denúncia à Justiça, se pede mais investigações ou se arquiva o caso.
Empresário já havia sido indiciado por ocultação de cadáver após o corpo da jovem ser encontrado enterrado em seu sítio. No ano passado, ele chegou a ser preso pelo crime de ocultação e admitiu que enterrou o corpo da jovem em sua propriedade. Na época, ele foi solto para responder em liberdade mediante pagamento de fiança. Porém, na semana passada, Gleison voltou a ser preso temporariamente.
Além do empresário, também foram presos na semana passada o caseiro do sítio, Cleber Danilo Partezani, e um outro funcionário da empresa dele que não teve a identidade revelada. Os dois empregados de Gleison ainda não foram indiciados, segundo a Polícia Civil.
O que diz a defesa
Na época em que o corpo de Giovana foi encontrado, a defesa do empresário e do caseiro negou que eles tenham assassinado a jovem. O advogado Carlos Sereno, que representa os dois, afirmou que a vítima morreu em decorrência do consumo exagerado de drogas durante uma “festa de confraternização” na empresa de Gleison.
Carlos Sereno informou que o “laudo necroscópico irá confirmar se ela morreu de overdose”. “Infelizmente, na hora do desespero, acabaram fazendo essa besteira”, detalhou o advogado sobre a ocultação do cadáver.
Sobre o suposto relacionamento de Gleison com a adolescente, o advogado informou que eles teriam se conhecido pelo Tinder. Segundo o advogado, eles tiveram apenas um encontro. Giovana teria recebido um valor, não informado, via Pix.
O UOL procurou Sereno e tentou contato com o advogado da família de Giovana nesta semana para pedir posicionamento sobre o novo indiciamento e a prisão de Gleison, mas não obteve retorno.O espaço segue aberto para manifestação.
Fonte. .Noticias ao Minuto