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11 de setembro de 2025

Crítica: bordas exageradas desequilibram pizzas da Soffio – 10/09/2025 – Restaurantes

Crítica: bordas exageradas desequilibram pizzas da Soffio – 10/09/2025 – Restaurantes

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Depois do sucesso das pizzarias napolitanas, chegam agora as autodenominadas pizzarias napolitanas contemporâneas. Um termo adicional que dá aquela licença poética para a casa se soltar de algumas amarras e inovar com toques autorais. No caso da Soffio, no Campo Belo, o que mais salta aos olhos é o tamanho das bordas, bem largas e altas.

Antes de se sentar, dê uma paradinha para conferir o traquejo dos pizzaiolos. É interessante ver o preparo: a redonda tem as fatias separadas com tesoura no lugar de cortador. Ela cuida mais gentilmente da elasticidade da massa, sem amassá-la, e o processo é bonito de ver. É uma forma alternativa ao portafolio, pizza dobrada para ser comida com as mãos, como nas ruas de Nápoles.

Em uma visita feita num domingo, às 19h30, pouco antes do movimento mais intenso, o garçom nos atendeu rapidamente. Pedimos a entrada e as pizzas, que são individuais, de uma vez. Mas não era esperado que mandassem tudo junto. Mandaram.

E enquanto provávamos o carpaccio (R$ 42 a porção menor), aguado e sem graça, coberto por rúcula e crocantes de parmesão, as pizzas esfriavam na mesa.

A marguerita chegou como deve ser: com molho de tomate pelado, fior di latte e folhas de manjericão. Pena que a fior di latte, a muçarela fresca de leite de vaca que deveria reinar com seu sabor delicado e maciez, estava dura.

A pizza de prosciutto e queijo Tulha (R$ 78) foi a melhor pedida. Uma combinação prazerosa que, além do presunto cru e do queijo maturado que dão o nome a ela, chega com molho de tomate pelado, fior di latte e rúcula.

Na teoria, dá para entender a aposta da casa em laterais avantajadas. As bordas da pizza napolitana são quase um fetiche para quem conhece o processo de produção da massa. Ele envolve o uso de uma farinha com maior quantidade de proteína, fermentação lenta e técnicas próprias de boleamento, abertura e assamento.

Mas vale uma pensata quanto aos limites para uma experiência realmente prazerosa à mesa. Inclusive porque um dos grandes atrativos desse tipo de massa é não pesar. É fazer você sair do restaurante saciado, mas não empanturrado.

O exagero com as bordas, como o visto no dia da visita, induz os comensais a um verdadeiro pecado gastronômico: deixá-las no prato.

Também foi provado o calzone scarola (R$ 69). Ele chega bem recheado, com molho de tomate pelado, fior di latte, parmesão e uma verdadeira fartura de escarola complementada por azeitonas e alcaparras.

De sobremesa, tiramissu (R$ 39). O cardápio diz que é a versão clássica e destaca o fato de ele ser um dos doces mais famosos da culinária italiana. Você espera a receita original, mas o que chega é uma taça cheia de creme com um pedaço apático de bolo de chocolate no meio.

Servir em um copo mais estreito na base sinaliza que há algo errado de saída, já que a receita tradicional é montada em camadas. A textura do creme estava mais para um chantili, sem a presença esperada da sedosidade do mascarpone. Apenas o cacau em pó polvilhado em cima lembrava algo do doce tradicional.



Fonte.:Folha de São Paulo

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