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27 de agosto de 2025

Crítica RJ: Grado se sobressai com pratos memoráveis – 26/08/2025 – Restaurantes

Crítica RJ: Grado se sobressai com pratos memoráveis – 26/08/2025 – Restaurantes

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Há ótimos restaurantes italianos no Rio. Fato. Mas um deles talvez esteja um nível acima dos outros, muito por causa de sua proposta: a de servir uma gastronomia artesanal, ao mesmo tempo simples e sofisticada, em um ambiente agradabilíssimo. Some-se a isso um atendimento impecável e preços justos (o que é diferente de ser barato). Essa conjunção de fatores faz com que o Grado, no Jardim Botânico, se sobressaia em meio aos concorrentes.

Não dá para dizer que pagar R$ 250 em uma refeição seja uma pechincha, mas, na ponta do lápis, estamos falando de um menu em três etapas, com couvert, entrada, principal e sobremesa, em que tudo é memorável. Do início ao fim, com respeito a clássicos, sem se escorar apenas em obviedades.

O preço fixo é R$ 223, mas ele não é tão fixo assim. Pode aumentar, caso entrem na roda opções especiais de entrada e principal. Não há, no entanto, surpresa desagradável. Está tudo especificado no cardápio, ninguém se assusta ao receber a conta.

O valor não muda ao iniciar os trabalhos com o gostoso tartare de carne, de consistência mais uniforme que o usual, pecorino, picles de couve flor e torradas. Já pelas lulas na brasa com aspargos e cítricos, há um acréscimo de R$ 10. Paguei com gosto. Os moluscos vêm em uma perfumada redução de laranja, aspargos na consistência ideal (quando moles são traumatizantes) e piadina, o pãozinho achatado italiano, também assado sobre a brasa.

O garçom sabe explicar minuciosamente os pratos e informa, por exemplo, que o tartare é feito com vitela e leva aïoli em sua preparação; daí sua textura e cor, pendendo para o rosa.

Pequenas delicadezas, como o oferecimento de um repeteco do couvert (pão artesanal quentinho e delicada manteiga com flor de sal) ou de outra dose de água da casa levam o cliente a perceber que há preocupação em agradar. Ele se sente especial. E não é isso que todos buscam quando vão comer fora?

A experiência mantém o alto patamar conforme avançamos. O segundo passo foi o agnelotti de javali cacio e pepe, sobre o qual o ótimo garçom fez questão de exaltar o absoluto respeito à receita tradicional do molho. Ele envolvia graciosamente a massa, recheada com a carne de um javali assado lentamente, em consistência que lembra a de um patê. É um dos hits da casa do chef Nello Garaventa. Com razão.

Descendente de italianos da Ligúria e com passagens pelo Fasano Al Mare e Cipriani (Copacabana Palace), Garaventa aposta em ingredientes sazonais e frutos do mar, mas já declarou que nem pensa em tirar o agnelotti de javali do menu, dado o sucesso do prato. Também têm boa saída os lagostins na brasa em risoto do próprio caldo e chicória tostada. Por eles, paga-se R$ 50 a mais. acréscimo justo para um prato que beira a perfeição.

O forno a lenha é um trunfo também no preparo das sobremesas, a exemplo da crostata de cerejas assadas. De massa amanteigada, é um primor.

O gelato de mascarpone leva pinoli braseados e fecha com excelência o jantar no Grado, casa frequentada por chefs e gourmets desde sua abertura, em 2017. Na última visita, Fernanda Montenegro e Fernanda Torres passaram a noite tagarelando e comendo animadamente no meio do salão. Elas sabem das coisas.



Fonte.:Folha de São Paulo

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