CRÍTICA | SP
Domo
Rua Major Sertório, 452, Vila Buarque, região central; @domobarsp
4 estrelas (muito bom)
Para entrar no Domo é preciso passar por um segurança com cara de poucos amigos e por uma recepção que parece a de um hotel. Dá impressão de que a moça vai pedir uma senha ou fazer um questionário para avaliar se você merece ou não seguir em frente. Mas ela só pergunta se você tem reserva. E a dica aqui é: tenha.
Lá dentro, o ar de lugar secreto ganha camadas de charme. Luz baixa, casais em primeiro encontro, atendentes estilosos, DJ compenetrado, música alta a ponto de confundir os sentidos e drinques preparados com elegância.

Tostada de mexilhões do restaurante Domo
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Priscila Pastre/Folhapress
Difícil resistir a eles, aliás. Aposte nos autorais. Caso do dirty umeboshi martíni (R$ 52) que, como o nome sugere, leva a conserva japonesa no lugar da azeitona. E o 14 bis (R$ 51), feito com bourbon, Aperol, bitter brasileiro e suco de limão.
Começamos com o yakitori de coração de pato e mexilhão (R$ 49). Com toque de brasa, o duo estava perfeito em textura de sabor. O espetinho vem acompanhado de um purê amanteigado de couve-flor. Picles e brotos complementam a complexidade e rendem charme à apresentação.
Neste quesito, ponto também para o kakuni (R$ 75). Barriga de porco cozida em shoyu, saquê e, na versão da casa, tucupi. Com um toque discreto de jambu, chega fumegante à mesa. Já poderia vir acompanhado por uma porção de gohan. Mas ela tem de ser pedida à parte (R$ 10).
Já o arroz frito e carne crua (R$ 55) é daquelas receitas para fazer salivar até a última raspada na panelinha, onde é servida. Toques de maionese de mostarda japonesa acrescentam acidez e certa cremosidade.
Os sabores intrigantes pediram uma segunda visita. Escolhida para começar, a tostada de mexilhão (R$ 39) correspondeu às altas expectativas. Sobre uma focaccia de fermentação natural, mexilhões em escabeche se enchem de umami combinados à maionese kewpie. A picância, leve, fica por conta do chili oil.
Na sequência, os ótimos dumplings (R$ 60), que ali são recheados com porco e camarão. Quem quiser apimentar as bocadas pode agregar a pimenta dedo-de-moça que vem no caldo onde os bolinhos cozidos são imersos.
A porção de trouxinhas de kenip (R$ 49) vem com três unidades. Poderiam mandar quatro, já que a maior parte das mesas é para duas pessoas. Nela, o gohan vem com molho à base de pasta de soja e de pimenta vermelha, alga nori e um corte de contrafilé na brasa por cima. Para acomodar o conjunto, o cardápio fala em folhas de gergelim. Mas vieram folhas de alface.
Provamos também o topokki cacio e pepe (R$ 52). Os tubos feitos de massa de arroz coreana têm textura gelatinosa, o que pode não agradar. De sabor neutro, eles vêm imersos num denso e saboroso molho de fonduta de queijos e pimenta sichuan.
Por fim, a sobremesa de chocolate e gochujang (R$ 42). Uma combinação de bolo chiffon com sorvete de gergelim, ganache de chocolate amargo e a pimenta fermentada que dá nome à receita. Em cima, um praliné picante embeleza e agrega crocância. Estranhamente bom.
A colaboração sugerida para o DJ é de R$ 20 por pessoa. E aqui vale uma consideração sobre a música, que a depender da noite pode ser jazz, rock, soul… Ela é alta. Em especial para quem fica no balcão. Num volume que dificulta a conversa. Mas também é muito boa, assim como a acústica da casa. E acaba conquistando até quem só queria mesmo jantar.
Fonte.:Folha de São Paulo


