Cosmopolita que é, o Rio de Janeiro, curiosamente, não tem grande presença de restaurantes de cozinha espanhola.

Alguns funcionaram por pouco tempo (caso do Entretapas e, recentemente, o Ízar, de vida breve). Outros se mantêm inabalados, como o Shirley, old school que fica no Leme, com clientela cativa há mais de 70 anos.

O Venga!, primeiro bar de tapas da cidade, fica num meio-termo. Deu certo, mas vem apresentando sinais de cansaço.

No fim de agosto, o cenário era o seguinte: filial do Leblon fechada; a de Ipanema em reforma (prometem grandes novidades na reabertura, no fim de setembro); e a de Copacabana, à beira-mar, seguia firme, com cardápio em que o diferencial são os peixes assados inteiros. Não à toa, a casa tem o sobrenome Chiringuito, como os quiosques e restaurantes praianos simples e gostosos da Espanha.

Nos fins de semana, os pescados do Venga! Chiringuito ficam expostos em um carrinho do lado de fora. O cliente escolhe o que quiser e paga por quilo.

Na última visita (em dia útil), as opções, anotadas num bloquinho, eram: pargo (R$ 178 o quilo), anchova e perna-de-moça (R$ 148 o quilo). Fui de pargo. Ele veio, como em qualquer outra opção, acompanhado de legumes tostados. Fotogênico, parece ser bem melhor do que é.

São os legumes que puxam o prato para baixo. Se o peixe —bem fresco, já que o fornecedor é a Colônia de Pescadores de Copacabana, logo ali na frente— estava ok (dá para fazer igualzinho no forno de casa), as abobrinhas, berinjelas, tomates, cebolas e batatas (inglesa e baroa) chegaram secas e insípidas à mesa.

Seguro mesmo é investir nas tapas. A croqueta de jamón (R$ 14 cada uma; R$ 49 quatro unidades) é um dos melhores bolinhos da cidade. Cremosíssima e de sabor pronunciado, não deixa nada a dever às oferecidas em Madri e Barcelona. Dica: a forte pimenta da casa merece ser pedida ao garçom, que não a oferece.

O mesmo não se pode dizer de um clássico da gastronomia catalã. O pan com tomate (R$ 22), costumava vir quentinho, crocante e com bastante tomate ralado, bem maduro, como tem que ser. Foi-se o tempo. O pão estava borrachudo e havia uma fina camada de tomate sobre ele.

O restaurante oferece happy hour durante a semana. Quatro tapas (pintxos, petiscos similares aos canapés) ou croquetas saem a R$14 cada —o bom negócio é que você ganha uma taça de vinho (que sairia a R$ 29) ou uma long neck Estrella Galicia (R$ 17).

Os pintxos de polvo e batata, de brandada de bacalhau, de tomate e jamón e de salada de camarão estavam gostosos, servindo ao propósito de uma refeição compartilhada.

Sobre o vinho, é uma pena que a casa tenha adotado a maneira que alguns bares e restaurantes passaram a servi-lo. Ele não vai direto da garrafa para o copo. O garçom traz à mesa uma jarra dosadora, na qual a bebida é milimetricamente depositada antes de seguir para a taça. É o modo encontrado para evitar um pingo a mais que os 125 ml marcados. Maior corta-clima.

Mas, afinal, o Venga! Chiringuito é ruim? Não. É uma experiência agradável. O importante é ir sabendo que o que vale mesmo são as tapas, a não ser que sua ideia seja postar foto nas redes sociais. Nesse caso, o instagramável peixe inteiro assado pode ser uma boa pedida.