A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) disse nesta segunda-feira (1º) que Jair Bolsonaro (PL) está soluçando muito e acredita ele não irá ao primeiro dia do julgamento da trama golpista no STF (Supremo Tribunal Federal), que começa nesta terça (2).
A senadora visitou o ex-presidente nesta terça. Ao longo das cerca de duas horas do encontro, ela conversou com Bolsonaro e sua mulher, Michelle, fez uma oração com os dois e comeu bolo de lanche.
Damares disse que Bolsonaro está sereno e calmo, mas que continua com as crises de soluço. Questionada se ele confirmou a ida ao julgamento, ela disse que não trataram disso, mas que não acredita que ele vá.
“Ele está soluçando muito, acho que não é viável [a ida dele ao julgamento]. Mas vamos ver, ele está fazendo o que os advogados estão mandando”, disse à Folha.
Além dela, o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), também autorizou a visita do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Esta foi a primeira vez que mais de uma visita foi autorizada no mesmo dia.
Bolsonaro tem enfrentado crises de soluço, que, por vezes, levam a vômitos. Ele está em prisão domiciliar desde 4 de agosto e só deixou o local no último dia 16, para realizar exames médicos. O boletim divulgado na ocasião informou que ele segue com tratamento para hipertensão arterial e refluxo, além de tomar medidas preventivas contra broncoaspiração.
Uma das amigas mais próximas da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, a senadora participa de uma corrente de orações pela vida e saúde de Bolsonaro. Ao Painel, no domingo, Damares disse que iria visitá-lo apenas para orar e dar um abraço.
Como a Folha mostrou, o ex-presidente dá como certa uma condenação no processo sobre a trama golpista de 2022 e 2023 no STF (Supremo Tribunal Federal), segundo relatos de aliados que estiveram com ele nos últimos dias. O julgamento começa na próxima semana, com previsão de durar até o dia 12 de setembro.
De acordo com interlocutores, o ex-presidente tem demonstrado pessimismo e irritação com o processo, que trata como uma perseguição política. Embora prevejam uma condenação, aliados esperam que a Primeira Turma do Supremo não aplique a pena máxima pelos crimes que podem ser imputados a ele. A expectativa é de que a defesa consiga atuar pela contenção de danos e tenha sucesso na dosimetria, momento de definição do tamanho da pena.
Uma reversão mais acentuada do cenário, na avaliação de bolsonaristas, só seria possível com uma mudança do ambiente político que levasse à aprovação de uma anistia aos condenados nos ataques golpistas do 8 de Janeiro, incluindo o ex-presidente. O Congresso, no entanto, permanece dividido sobre o tema.
Fonte.:Folha de S.Paulo