O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de Mato Grosso (Sebrae/MT) está à frente da missão internacional ‘Canton Fair Experience’, realizada entre os dias 8 e 22 de outubro, nas cidades chinesas de Shanghai, Yiwu e Guangzhou. A comitiva é composta por 117 participantes, como empreendedores, diretores e presidentes de instituições e autoridades.

O foco principal da missão é a Canton Fair, a mais antiga e importante feira de importação e exportação da China, que reúne mais de 35 mil expositores e compradores de 195 países. Durante o evento, os participantes têm a oportunidade de conhecer novos produtos, realizar networking e negociar acordos comerciais.

Na entrevista a seguir, concedida por telefone diretamente de Guangzhou, o diretor Técnico do Sebrae/MT, André Schelini, avalia a importância comercial da China para o Brasil, as oportunidades de negócios e os resultados esperados com a missão.

Há 19 anos, o Sebrae/MT apresenta a China aos empreendedores de micro e pequeno porte de Mato Grosso. ⁠O que mudou na China e no Brasil neste período e o que estimula a continuidade destas missões?

Schelini: Nestes quase 20 anos, vimos transformações profundas dos dois lados. A China consolidou-se como o maior ecossistema industrial e tecnológico do planeta, passando de um polo de produção em escala para uma potência em inovação, energia limpa, inteligência artificial e comércio digital. Hoje, é uma referência em conectividade, automação e eficiência. Do lado brasileiro, evoluímos em maturidade empreendedora. Nossos empresários – inclusive os de pequeno porte – estão mais abertos ao mundo e buscam diferenciação, inovação e competitividade global. O Sebrae Mato Grosso acompanhou e liderou essa jornada, estruturando missões que não são apenas viagens de negócios, mas experiências de aprendizado e conexão. A continuidade dessas missões se explica pelos resultados concretos: novas parcerias, importações estruturadas, joint ventures e o fortalecimento da cultura da internacionalização no ecossistema de pequenos negócios.

Como os brasileiros presentes nesta missão estão reagindo ao que a China apresenta?

Schelini: A reação é de admiração e de aprendizado. A China impressiona pela escala, mas encanta pela capacidade de planejar o futuro com disciplina, visão de longo prazo e inovação aplicada ao cotidiano. Os empresários brasileiros percebem que competir globalmente não depende do tamanho, mas da estratégia. Eles retornam transformados – com novos fornecedores, produtos, tecnologias e, principalmente, uma nova mentalidade. Muitos relatam que a missão amplia o horizonte de negócios e desperta um senso de urgência em profissionalizar processos, elevar padrões e inovar. É uma imersão que muda a forma de ver o próprio empreendimento.

A missão internacional “Canton Fair Experience” comprova o know-how do Sebrae/MT em liderar missões importantes ao redor do mundo por meio do Sistema Sebrae. O que é feito para manter essa expertise?

Schelini: O know-how é resultado de consistência, planejamento e visão institucional. Há quase duas décadas, o Sebrae Mato Grosso mantém uma agenda permanente de internacionalização, que envolve curadoria de conteúdo, parcerias estratégicas com instituições chinesas, embaixadas e câmaras de comércio, além de uma metodologia própria de missão que combina formação, imersão cultural e prospecção comercial. Mantemos essa expertise porque tratamos cada missão como um projeto de desenvolvimento. Antes, durante e depois das viagens, realizamos uma seleção criteriosa dos empresários, capacitação prévia, acompanhamento técnico e monitoramento dos resultados. Essa é a razão pela qual o Sebrae/MT tronou-se uma referência nacional em ações internacionais, com credibilidade, organização e resultados mensuráveis.

Quais resultados podemos esperar no curto, médio e longo prazo?

Schelini: No curto prazo, esperamos o fechamento de novos contatos comerciais, acordos de fornecimento, benchmarking de produtos e oportunidades de importação estruturada para o Brasil. Também há ganhos intangíveis, como aprendizado sobre etiqueta empresarial chinesa, tendências tecnológicas e cultura de negócios.

A longo prazo, buscamos consolidar uma rede de empresas preparadas para atuar no comércio internacional. Isso significa fortalecer cadeias produtivas, atrair investimentos, criar novos mercados e posicionar Mato Grosso e o Brasil como parceiro estratégico da China em inovação, sustentabilidade e comércio bilateral. Cada missão é uma semente plantada para o futuro, cujos frutos se traduzem em negócios, empregos e desenvolvimento regional.

Há outros pontos importantes que o senhor gostaria de destacar?

Schelini: Mais do que uma missão comercial, esta jornada representa um movimento de integração global dos pequenos negócios brasileiros. O Sebrae Mato Grosso tem mostrado que internacionalizar é possível – mesmo para empresas de pequeno porte – desde que haja preparo, orientação e apoio institucional. A presença de empresários de diversos estados nesta comitiva mostra que o trabalho do Sebrae transcende fronteiras estaduais e tornou-se uma referência nacional. Estamos conectando o Brasil ao mundo e mostrando que os pequenos negócios podem e devem ocupar espaço nas grandes cadeias globais de valor, com inovação, sustentabilidade e coragem empreendedora.

São parceiros da missão Canton Fair Experience: Invest MT, Fiema, Fiemt, Fecomércio/AP, Sebrae/AP, Sebrae/MA, Sebrae/RO, Sebrae/RS e Sebrae/SC.