Problema de saúde de proporções pandêmicas, o diabetes continua avançando pelo mundo e deixando um rastro alarmante de complicações, sequelas, mortes e gastos públicos e privados. Eis o diagnóstico do novo atlas global da doença, recém-divulgado pela Federação Internacional de Diabetes (IDF, na sigla em inglês).
O levantamento revela que uma em cada nove pessoas de 20 a 79 anos no planeta convive com o diabetes, o que representa 589 milhões de homens e mulheres. No Brasil, são 16,6 milhões de cidadãos nessa situação – ou ao menos 10,6% da população.
Nosso país ocupa, segundo o documento, a 6ª colocação no ranking mundial de números de casos, atrás de nações como China, Índia e Estados Unidos, e lidera a lista na América do Sul e Central — um reflexo, de certo modo, do tamanho populacional.
E a tendência de crescimento não irá arrefecer nas próximas décadas. O trabalho aponta que, até 2050, continuaremos nesse top 10, com projeção de termos ao menos 24 milhões de indivíduos convivendo com a doença por aqui.

+ Leia também: O remédio para diabetes e obesidade que está salvando corações
Alta de 6% no Brasil e escalada mundo afora
Ao compararmos os dados do novo atlas com os de 2021, observamos um crescimento de quase 6% no índice de pessoas com diabetes no Brasil. E o problema seguirá em ascensão, alerta a IDF. Aqui… e lá fora.
Estima-se que o número de pessoas com diabetes no mundo decolará 45% até 2050, saltando para 853 milhões de indivíduos. É o mesmo ritmo médio de crescimento esperado para a América do Sul e Central — alta de 35 milhões para 51,5 milhões de pessoas com a condição em 25 anos.
Mas o bicho pega ainda mais em outros continentes. O aumento de casos previsto para o Sudeste Asiático (Índia, Bangladesh…) é de 73%; no Oriente Médio e no Norte da África (países majoritariamente islâmicos, do Marrocos à Arábia Saudita), o incremento será de 92%; e a situação é assustadora para a África, com um disparo de 142%!
O horizonte é um pouco melhor na Europa, na América do Norte e Caribe e nos países do Pacífico (Austrália, Japão, China…), com aumentos de 10%, 21% e 18%, respectivamente. Mesmo assim, a doença continuará a se alastrar por ali.
O desafio, aliás, não se restringe ao futuro, já faz parte do presente. Se em números absolutos Brasil, China, Índia e EUA arregimentam boa parte dos casos, em outras nações a prevalência — o percentual de casos em dada população — supera em muito a média global.
Exemplos do fenômeno são países como Egito e Arábia Saudita, com 22% e 23% da população já apresentando diabetes.
+ Leia também: O que esperar da chegada do Mounjaro ao Brasil
Rastro de doenças, complicações e mortes por diabetes
O atlas global calcula que, apenas no ano de 2024, ocorreram 3,4 milhões de mortes ligadas ao diabetes. Isso significa que a doença matou uma pessoa a cada 6 segundos pelo planeta no período.
O Brasil teve 111 mil óbitos decorrentes do diabetes, mas o dado provavelmente é subestimado, uma vez que nem sempre, nos registros de morte, o diabetes é considerado a causa em si, e sim um fator contribuinte.
Por exemplo: o desequilíbrio glicêmico e os danos que ele causa nos vasos sanguíneos ao longo dos anos podem estar por trás de desfechos fatais como infarto e AVC – esses, sim, entre os líderes em mortalidade no país.
Falta de diagnóstico: 32% dos brasileiros não sabem que têm
Outro ponto crítico destacado pelo atlas da IDF é o percentual preocupante de brasileiros que têm diabetes, mas não sabem disso. O estudo aponta que 32% dos adultos com a doença tocam suas vidas sem ter recebido o devido diagnóstico. Isso faz com que o Brasil seja a nona nação do mundo — de novo em um top 10! — com o maior número de pessoas sem o quadro detectado.
O subdiagnóstico é um perigo por expor pessoas com níveis de glicose alterados a complicações de curto e longo prazo. Elas incluem de mal-estar pelos picos glicêmicos a danos à visão, ao coração, aos rins e ao cérebro.

Além disso, o atlas indica que 11% dos brasileiros já possuem pré-diabetes, quadro em que a glicemia não superou o limite para a classificação do problema, mas que indica alto risco de conversão para o diabetes em si.
São nada menos que 17,7 milhões de adultos nessas circunstâncias, o que exige atenção extra com a saúde e os exames.
BUSCA DE MEDICAMENTOS

DISTRIBUÍDO POR
Consulte remédios com os melhores preços
DISTRIBUÍDO POR
×
O conteúdo apresentado no resultado da pesquisa realizada (i) não representa ou se equipara a uma orientação/prescrição por um profissional da saúde e (ii) não substitui uma orientação e prescrição médica, tampouco serve como prescrição de tratamento a exemplo do que consta no site da Farmaindex:
“TODAS AS INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE SITE TÊM A INTENÇÃO DE INFORMAR E EDUCAR, NÃO PRETENDENDO, DE FORMA ALGUMA, SUBSTITUIR AS ORIENTAÇÕES DE UM PROFISSIONAL MÉDICO OU SERVIR COMO RECOMENDAÇÃO PARA QUALQUER TIPO DE TRATAMENTO. DECISÕES RELACIONADAS AO TRATAMENTO DE PACIENTES DEVEM SER TOMADAS POR PROFISSIONAIS AUTORIZADOS, CONSIDERANDO AS CARACTERÍSTICAS PARTICULARES DE CADA PESSOA”
• O conteúdo disponibilizado é meramente informativo, tendo sido obtido em banco de dados fornecido exclusivamente pela Farmaindex, sendo de única responsabilidade daquela empresa;
• Isenção de qualquer garantia de resultado a respeito do conteúdo pesquisado;
• Informativo de que caberá ao usuário utilizar seu próprio discernimento para a utilização responsável da informação obtida.
O custo astronômico da doença
Sabe-se que, de forma direta ou indireta, o diabetes é uma das condições com maior impacto nas despesas públicas e privadas relacionadas à saúde. Mas a última edição do atlas global traz um dado chocante.
Já somos o terceiro país no mundo no ranking dos gastos com diabetes, tendo de desembolsar 45 bilhões de dólares por ano para tratar a doença e suas complicações diversas.
Em termos de custos financeiros, perdemos só para gigantes como EUA e China. Ou seja, estamos numa posição complicada em um ranking que reflete não só dificuldades para administrar o orçamento doméstico, mas também para equilibrar a economia de uma nação.

Diabetes tipo 1 e gestacional
Quase 90% dos casos de diabetes são do tipo 2 da doença, aquele associado ao avançar da idade, ao ganho de peso e à resistência à insulina. É ele que está por trás da inflação nos números do diabetes apresentados pelo atlas.
Mas o levantamento também lança luz sobre o diabetes tipo 1, geralmente detectado na infância ou adolescência e marcado pelo ataque da imunidade ao pâncreas.
O mapeamento da IDF revela que quase 500 mil brasileiros apresentam a condição, que demanda tratamento com insulina. Isso faz com que o Brasil seja a quarta maior nação em número de pessoas com diabetes tipo 1, atrás de EUA, China e Índia.
O trabalho também alerta que 11% das gestações por aqui progridem com a presença do diabetes. E isso é um problema e tanto, já que o diabetes gestacional aumenta a propensão a complicações à mãe e ao bebê, inclusive elevando o risco de malformações e parto prematuro.
Estima-se que, na América do Sul, um em cada seis recém-nascidos é afetado pelos altos níveis de glicose no sangue materno durante a gravidez.
O atlas dá, assim, o mais completo panorama da situação do diabetes pelo mundo, uma pandemia cheia de nuances, com discrepâncias regionais e sociais, mas, que, em comum, cobra uma resposta conjunta de governos, de entidades e profissionais de saúde e de toda a sociedade.
Compartilhe essa matéria via:
Fonte.:Saúde Abril