
Você já ouviu falar na dieta alcalina? Esse tipo de regime alimentar se propõe a restringir os alimentos ácidos do corpo, com promessas de que ajudaria a equilibrar o pH do organismo e, de alguma forma, favorecer o emagrecimento em função disso.
Mas é bom deixar claro: não há qualquer embasamento científico nessa afirmação. O corpo regula seu pH por conta própria e restringir alimentos com maior acidez não faz uma diferença significativa nesse processo.
Embora os alimentos incluídos na dieta alcalina não sejam problemáticos por si só, a exclusão de alguns itens essenciais para o nosso organismo pode acabar levando a deficiências nutricionais. Por isso, ela não é recomendada por profissionais de saúde sérios.
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O que é a dieta alcalina?
Em linhas gerais, a ideia por trás da dieta é comer mais alimentos de pH alcalino, acima de 7, reduzindo aqueles ácidos.
A indicação geral costuma ser por reduzir produtos de origem animal e determinados grãos, além de ultraprocessados e álcool, enquanto você aumenta o consumo de frutas e vegetais.
Versões menos restritivas da dieta alcalina também “autorizam” alimentos cujo pH seria supostamente neutro, como azeite, arroz e até açúcar, dependendo do caso.
Perigos da dieta alcalina
Novamente: não há evidência científica robusta embasando a lógica por trás da dieta alcalina. Sua alimentação, sozinha, não é suficiente para alterar o pH do corpo.
Além de partir de uma premissa falsa, a dieta alcalina expõe o organismo a perigos de um déficit nutricional em função da restrição a alimentos de origem animal. É comum ingerir níveis insuficientes de proteína e cálcio, algo que leva a problemas de longo prazo para a saúde óssea e muscular. A deficiência de vitaminas, como a B12, também é comum.
Também pode ocorrer uma ingestão excessiva de potássio, que leva a quadros de hipercalemia e a uma propensão ao desenvolvimento de cálculos renais.
Pode haver algum benefício?
A dieta alcalina incentiva o consumo de mais frutas e vegetais, que é sempre bem-vinda, e uma redução de itens que efetivamente devem ser limitados em sua rotina, como o álcool e ultraprocessados.
Isoladamente, essas recomendações podem, sim, ser saudáveis. E, no curto prazo, ela até pode contribuir para uma perda de peso, na medida em que tende a ser menos calórica do que uma alimentação desregrada.
Mas tudo isso são meias verdades: dietas muito restritivas tendem a sair pela culatra com o tempo, aumentando a chance de episódios de compulsão alimentar que jogam contra o emagrecimento, por exemplo. Já o emagrecimento nada tem a ver com o pH, mas com o déficit calórico mesmo, que não tem relação com o fato de um alimento ser alcalino, ácido ou neutro.
A busca por uma perda de peso saudável não passa por restrições extremas e radicais, mas por uma alimentação equilibrada que forneça todos os nutrientes que seu corpo precisa. É muito mais fácil obter isso comendo um pouco de tudo do que focando apenas nos “alcalinos”, que podem inclusive exigir algum tipo de suplementação para não expor seu organismo aos perigos da desnutrição.
Em qualquer cenário, o indicado é sempre contar com orientação de um nutricionista antes de iniciar um processo de reeducação alimentar, garantindo que seus novos hábitos sejam sustentáveis. E não caia no conto de que você precisa mudar o que come para regular o pH do organismo.
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Fonte.:Saúde Abril


