
Crédito, Gwyndaf Hughes/BBC News
- Author, Georgina Rannard e Gwyndaf Hughes
- Role, BBC News
Um dinossauro do tamanho de um cão labrador foi classificado erroneamente quando foi descoberto — e cientistas agora constataram que trata-se, na verdade, de uma nova espécie.
Seu novo nome é Enigmacursor — que significa corredor enigmático —, e ele viveu há cerca de 150 milhões de anos, correndo aos pés de gigantes famosos como o estegossauro.
Ele foi originalmente classificado como um Nanosaurus, mas os cientistas concluíram agora que é um animal diferente.
Nesta quinta-feira (26/6), ele vai se tornar o primeiro dinossauro novo a ser exibido no Museu de História Natural em Londres desde 2014.
A reportagem da BBC News visitou os bastidores da exposição para ver o dinossauro antes de ele ser revelado ao público.
A descoberta promete lançar luz sobre a história evolutiva que levou os primeiros dinossauros de pequeno porte a se tornarem animais enormes e “bizarros”, de acordo com o professor Paul Barrett, paleontólogo do museu.
Quando fomos até lá, o designer de uma vitrine de vidro especial para o Enigmacursor estava fazendo verificações de última hora.
O novo lar do dinossauro é uma sacada no Earth Hall do museu. Abaixo dele, está Sophie, o estegossauro que também viveu na Formação Morrison, no oeste dos Estados Unidos.
O Enigmacursor é minúsculo em comparação a ele. Com 64 cm de altura e 180 cm de comprimento, ele tem aproximadamente a altura de um labrador, mas com patas muito maiores e uma cauda que era “provavelmente mais longa do que o resto do dinossauro”, diz a professora Susannah Maidment.

“Ele também tinha uma cabeça relativamente pequena, então provavelmente não era o mais inteligente”, acrescenta ela, explicando que provavelmente estava na adolescência quando morreu.
Com os restos fossilizados de seus ossos em mãos, os conservadores Lu Allington-Jones e Kieran Miles montam habilmente o esqueleto em uma estrutura de metal.
“Não quero danificá-lo a essa altura, antes de ser revelado a todos”, diz Allington-Jones, chefe de conservação.

Crédito, Gwyndaf Hughes/BBC News
“Aqui você pode ver o quadril sólido e denso, mostrando que era um dinossauro veloz. Mas os braços dianteiros são muito menores, e estão fora do chão — talvez ele os usasse para colocar plantas na boca com as mãos”, diz Miles.
Foram as pistas nos ossos que levaram os cientistas do museu a concluir que a criatura era uma nova espécie.
“Quando tentamos identificar se algo é uma nova espécie, procuramos pequenas diferenças em relação a todos os outros dinossauros intimamente relacionados. Os ossos da perna são realmente importantes neste caso”, diz Maidment, segurando o membro posterior direito do Enigmacursor.
Quando o dinossauro foi doado ao museu, ele foi chamado de Nanosaurus, como muitos outros dinossauros de pequeno porte nomeados desde a década de 1870.
Mas os cientistas suspeitaram que essa categorização era falsa.
Para descobrir mais, eles viajaram para os Estados Unidos com imagens escaneadas do esqueleto e fotografias detalhadas para ver o Nanosaurus original, que é considerado o espécime arquétipo.
“Mas ele não tinha ossos. É apenas uma rocha com algumas impressões de ossos. Poderia ser qualquer tipo de dinossauro”, afirma Maidment.

Crédito, Gwyndaf Hughes/BBC News
Em contrapartida, o espécime do museu era um esqueleto sofisticado e quase completo com características únicas, incluindo os ossos das pernas.
Desvendar esse mistério em torno dos nomes e da categorização é essencial, dizem os paleontólogos.
“É absolutamente fundamental para o nosso trabalho entender quantas espécies realmente temos. Se entendermos isso errado, todo o resto desmorona”, explica Maidment.
Os cientistas agora apagaram formalmente toda a categoria de Nanosaurus.
Eles acreditam que outros espécimes de dinossauros de pequeno porte desse período provavelmente também são espécies distintas.
A descoberta deve ajudar os cientistas a entender a diversidade dos dinossauros no período Jurássico Superior.
Os dinossauros menores estão “muito próximos das origens dos grandes grupos de dinossauros que se tornaram muito mais proeminentes mais tarde”, diz Barrett.
“Espécimes como esse ajudam a preencher algumas lacunas no nosso conhecimento, nos mostrando como essas mudanças acontecem gradualmente ao longo do tempo”, acrescenta.
Segundo ele, a observação dessas criaturas primitivas os ajuda a identificar “as pressões que finalmente levaram à evolução de seus descendentes mais bizarros e gigantescos”.

Crédito, Natural History Museum
Os cientistas estão animados por ter um esqueleto completo tão raro de um dinossauro de pequeno porte.
Tradicionalmente, os grandes ossos de dinossauros são o maior prêmio, portanto, há menos interesse em escavar fósseis menores.
“Quando se está procurando por esses dinossauros muito grandes, às vezes é fácil ignorar os menores vivendo ao lado deles. Mas agora espero que as pessoas mantenham seus olhos próximos ao solo para procurar esses pequeninos”, diz Barrett.
As descobertas sobre o Enigmacursor mollyborthwickae foram publicadas na revista Royal Society Open Science.
Fonte.:BBC NEWS BRASIL