Pense em um mosaico de vidro. À distância, ele parece uma imagem única, harmônica. Mas, ao se aproximar, o que se revela são fragmentos de cores, formatos e texturas distintos, cada um refletindo a luz de um jeito próprio.
A beleza está justamente nessa complexidade. Assim também somos nós: compostos por múltiplas identidades que não se justapõem de forma linear, mas se entrelaçam, criando experiências únicas de existir no mundo.
Essas camadas, de gênero, raça, orientação sexual, deficiência, classe social, idade, não operam isoladamente. Elas se cruzam.
E é nesse cruzamento que muitas vezes se concentram as formas mais profundas e silenciosas de exclusão. Ignorar essas interseções é como tentar entender o mosaico olhando apenas para uma peça, o todo perde sentido. Já reconhecer essas sobreposições nos permite construir espaços mais justos, inclusivos e verdadeiramente humanos.
O que é interseccionalidade e por que ela é essencial
Interseccionalidade é o nome que damos à compreensão de que desigualdades não acontecem de forma isolada. Uma mulher pode enfrentar machismo, mas quando essa mulher também é negra, trans ou vive com deficiência, sua trajetória carrega outras camadas de exclusão, muitas vezes ignoradas por políticas padronizadas.
Como disse Kimberlé Crenshaw, que cunhou o termo, “se você está de pé na interseção, os atropelamentos podem vir de várias direções.” E quando essas direções não são consideradas, é fácil deixar de enxergar quem está justamente no centro do impacto.
)
Esse olhar mais atento e abrangente nos desafia a abandonar as soluções simplistas. Tratar a diversidade como uma lista de presença, gênero, raça, deficiência, orientação sexual, pode parecer eficiente, mas falha justamente por não dar conta da complexidade da vida real.
Incluir mulheres, por exemplo, não garante que mulheres negras estejam sendo incluídas. Falar sobre pessoas com deficiência sem considerar classe social ou identidade de gênero pode resultar em políticas que excluem mais do que acolhem. A interseccionalidade, portanto, é um chamado à escuta ativa e à construção de soluções verdadeiramente humanas.
Um olhar atento dentro das empresas: o que estamos (ou não) enxergando?
No mundo corporativo, a interseccionalidade vem ganhando espaço como lente essencial para promover mudanças significativas. Iniciativas que antes olhavam apenas para gênero ou raça, hoje precisam compreender como esses marcadores se sobrepõem e criam experiências únicas e, muitas vezes, silenciosas.
Uma pessoa pode ser incluída por um critério e, ao mesmo tempo, excluída por outro. E isso só será percebido se houver intenção real de escuta e vontade de agir.
Incluir com interseccionalidade significa olhar para a pessoa inteira. Significa entender que representatividade não é apenas ocupar cadeiras, mas garantir que essas pessoas possam falar, decidir e prosperar. Para isso, é preciso criar ambientes que respeitem as especificidades de cada vivência, sem exigir que ninguém apague partes de si para ser aceito.
O compromisso da Intel com a inclusão interseccional
A Intel tem mostrado que esse compromisso com a interseccionalidade pode, sim, se traduzir em práticas concretas e mensuráveis. Ao redor do mundo, a empresa tem adotado metas públicas de diversidade, com recortes detalhados por gênero, raça, deficiência, orientação sexual e outros marcadores. Mas mais importante do que os números, é o modo como essas dimensões se conectam no dia a dia da cultura organizacional.
Dentro da Intel, redes de afinidade como a Disability and Accessibility Network, o Intel Black Leadership Council e a Intel Latinx Network não atuam de forma isolada. Elas dialogam, colaboram e desenvolvem ações em conjunto, criando uma rede de suporte capaz de enxergar as sobreposições identitárias com mais clareza.
)
Os programas de desenvolvimento de talentos e mentoria também refletem esse olhar interseccional, ao reconhecer que alguns grupos enfrentam múltiplas barreiras históricas e, por isso, precisam de mais do que acesso: precisam de estrutura, apoio e visibilidade.
Outro exemplo importante está na coleta e análise de dados. A Intel investe em entender a composição de sua força de trabalho com profundidade, cruzando dados e monitorando avanços com um olhar atento às interseções.
Isso permite ajustar políticas, identificar lacunas e, principalmente, agir com mais intencionalidade. Iniciativas como o programa AI for Youth também demonstram esse compromisso, ao levar oportunidades de capacitação para jovens em contextos sociais diversos, conectando tecnologia com propósito social.
O futuro da inclusão começa com escuta e coragem
Adotar uma abordagem interseccional não é fácil. Requer questionar privilégios, repensar estruturas e, acima de tudo, ouvir. Mas é esse o caminho para construir ambientes mais justos, seguros e inspiradores.
Ambientes onde ninguém precise “se encaixar”, porque há espaço para ser inteiro. Onde não basta abrir a porta, é preciso garantir que todas as pessoas possam entrar, permanecer e florescer.
Esse é o convite que a interseccionalidade nos faz: deixar de ver o outro como um rótulo ou uma estatística e passar a enxergá-lo como o que ele é: alguém múltiplo, único e essencial. E se queremos mesmo construir o futuro, que seja costurado com respeito, escuta e pertencimento.
Fonte.: TecMundo