O empreendedorismo social tem como propósito ir além do lucro, promovendo impacto positivo na sociedade e enfrentando desafios como a pobreza e a exclusão. Foi com essa visão que a sul-mato-grossense Denise Silva fundou a Bruaca Negócios Socioambientais, em Miranda (MS). A empresa, que nasceu com apoio do Sebrae/MS, atua como um hub de inovação social, empoderando comunidades indígenas, ribeirinhas e assentadas por meio da bioeconomia, da economia criativa e do turismo de base comunitária.
Em setembro deste ano, Denise integra a Missão Internacional Sebrae Delas ao Paraguai, junto a um grupo de 10 empresárias de Mato Grosso do Sul. A programação contempla agendas institucionais, visitas técnicas ao comércio local e a plantas industriais, além de rodadas de negócios com compradores paraguaios interessados em produtos e serviços brasileiros.
A escolha pelo país vizinho está diretamente relacionada à estratégia do Sebrae/MS de apoiar pequenos negócios no aproveitamento das oportunidades que surgem com a Rota Bioceânica, novo corredor logístico que vai conectar o Brasil ao Oceano Pacífico. A missão técnica integra o programa Sebrae Delas – Desenvolvendo Empreendedoras Líderes Apaixonadas pelo Sucesso.
Durante a viagem, Denise teve a oportunidade de conhecer de perto o trabalho da Fundação Paraguai, instituição referência mundial em ações voltadas à redução da pobreza. Entre as experiências mais marcantes esteve a visita à Escola Agrícola Autossustentável Cerrito, em Benjamín Aceval, a cerca de 40 km de Assunção.
“Aprender fazendo, vendendo e ganhando”
Com mais de 22 anos de atuação, a Escola Cerrito recebe jovens entre 14 e 17 anos de diferentes regiões do Paraguai. O programa educacional tem duração de três anos e culmina em um diploma em Técnico Agrícola ou em Hotelaria e Turismo, de acordo com o curso escolhido.
O diferencial da instituição está na combinação de teoria e prática. Além das disciplinas regulares, os estudantes passam a maior parte do tempo em laboratórios e unidades produtivas, aprendendo diretamente com a experiência. A escola conta com estruturas de robótica e química, que ampliam a formação técnica e preparam os jovens para as demandas atuais do mercado.
No campo, a diversidade impressiona: são cultivados mais de 60 produtos agrícolas, entre eles alface, repolho e cenoura, além da produção recente da primeira leva de alface hidropônica. Todas as unidades de negócios funcionam de forma sustentável e têm como objetivo financiar o funcionamento da própria escola. Assim, além da agricultura, os alunos atuam na criação de animais, na produção e venda de ovos de galinha e em serviços ligados à hotelaria e turismo – já que a instituição também mantém um hotel que recebe visitantes interessados em vivenciar a experiência.
“Os estudantes não apenas produzem, mas aprendem a calcular custos, definir preços e buscar lucro. Não é só sobre plantar tomates, mas sobre entender o valor do trabalho e garantir condições dignas de vida. O dinheiro é ferramenta para acessar educação, saúde e moradia. Preparar nossos alunos para o mercado e para empreender é o que nos move”, explica Amalio Enciso, ex-aluno e hoje diretor-geral da instituição.
Atualmente, cerca de 150 alunos de 16 departamentos do Paraguai vivem em regime de internato, praticando o lema “aprender fazendo, vendendo e ganhando”. O modelo pedagógico transformou a escola em referência não só no Paraguai, mas também no exterior, onde seus egressos são reconhecidos pela competência técnica e pelo espírito empreendedor.
Do Pantanal ao mundo
Para Denise, conhecer a metodologia da Fundação Paraguai foi um ponto alto da missão. “Já acompanhava a Fundação há muito tempo e, estar aqui, conhecendo sua metodologia de perto, foi muito relevante. A maioria das estratégias de erradicação da pobreza é voltada ao contexto urbano. Mas aqui encontramos algo muito próximo ao nosso, que dialoga com comunidades indígenas e campesinas, semelhante às do Pantanal. A ideia é aprender para replicar experiências que possam fortalecer o trabalho com as comunidades que atendemos”, destacou.
Ela reforça que a articulação promovida pelo Sebrae Delas foi determinante. “Essa missão abriu portas. Sozinhas, dificilmente teríamos acesso ao presidente da Fundação ou seríamos recebidas com tanta atenção. Essa rede de conexões nos fortalece e amplia nossas possibilidades”, acrescentou.
Mais do que ampliar mercados, a experiência reforçou o sentido de sua trajetória. “Empreender socialmente é desafiador, exige não só competências técnicas, mas também emocionais. O maior ganho dessa viagem foi fortalecer o propósito de colocar as pessoas no centro do desenvolvimento e valorizar a cultura como ativo para transformar territórios”, completou.
A experiência no Paraguai reforça a visão de Denise de que o empreendedorismo social pode ser um motor de transformação territorial. Com a Bruaca, ela busca gerar renda e fortalecer a identidade cultural pantaneira, conectando viajantes às comunidades tradicionais e promovendo turismo de base comunitária.
“Ver de perto exemplos tão próximos do nosso contexto é inspirador. Volto com ainda mais certeza de que a inovação social é capaz de transformar vidas, e que o Pantanal tem muito a ensinar e compartilhar com o mundo”, conclui a empreendedora.
Para conhecer mais histórias de negócios apoiados pelo Sebrae/MS acesse a Agência Sebrae de Notícias ou o site ms.sebrae.com.br.
Fonte. Agencia Sebrae