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27 de novembro de 2025

Dólar abre em queda nesta quinta após início de novas tarifas dos EUA

Dólar abre em queda nesta quinta após início de novas tarifas dos EUA

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar abriu próximo da estabilidade nesta quinta-feira (7), com os investidores avaliando as novas tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos a mais de 60 países, que entraram em vigor nesta quinta.

As taxas variam entre 10% e 50%, sendo que o Brasil e a Índia são as únicas nações com a maior tarifa para seus produtos.

Às 9h06, a moeda norte-americana caía 0,02%, cotada a R$ 5,4615. Na quarta-feira (6), o dólar fechou em forte queda de 0,77%, cotado a R$ 5,463. A desvalorização fez a moeda americana atingir o menor valor desde 8 de julho, quando o presidente dos EUA, Donald Trump, estendeu o prazo para parceiros firmarem acordos comerciais.

Já a Bolsa fechou em disparada de 1,04%, a 134.537 pontos. A alta do Ibovespa acompanhou as ações da Raia Drogasil, que subiram até 18% ao longo do dia, após a RD Saúde, dona das redes de farmácias, ter um crescimento de 13% no lucro do 2º trimestre.

A sobretaxa de 50% imposta por Trump a exportações brasileiras para o mercado americano entrou em vigor à 1h01 (horário do Brasil) desta quarta. A tarifa atinge 36% dos produtos exportados pelo Brasil aos EUA e inclui itens como máquinas agrícolas, carnes e café.

Entretanto, graças a cerca de 700 exceções previstas no decreto (leia a íntegra), 43% do valor de itens brasileiros exportados para o país escaparam das novas alíquotas, como mostrou levantamento feito pela Folha.

O governo Lula acionou os Estados Unidos na OMC (Organização Mundial do Comércio) nesta quarta em reação às tarifas estabelecidas por Trump. O chamado pedido de consulta foi entregue na missão dos EUA junto à organização.

Apesar da alta probabilidade de não ter efeito prático, já que a consulta precisa ser aceita pelos americanos e a última instância da organização está paralisada, o movimento é visto no Palácio do Planalto como um gesto simbólico importante para marcar posição do Brasil em defesa do multilateralismo.

Desde abril, o país já sofria uma sobretaxa de 10% imposta pelos EUA. No mês passado, Trump adicionou mais 40% devido a questões políticas por meio de um decreto.

O texto do decreto menciona diretamente o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que é réu em inquérito que apura tentativa de golpe em 2022. A Casa Branca afirmou, à época, que a medida visava “lidar com ameaças incomuns e extraordinárias à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos”.

Para Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, a entrada em vigor do tarifaço já estava precificado pelos agentes do mercado. “As tarifas têm pouco impacto econômico [no mercado do dia]. A gente está mais de olho nos desdobramentos políticos e na possibilidade de o Brasil retaliar, gerando pressões inflacionárias internamente”.

Segundo Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, “o ambiente de negócios não é pessimista, mas sim de cautela” nesta quarta.

“Os cenários mais pessimistas [do tarifaço] foram afastados, porque não serão todos os produtos brasileiros que vão sofrer um choque tarifário, o que diminui o impacto total sobre a economia”, afirma.

Nesta quarta, o presidente Lula disse não ver espaço para negociação com Trump sobre tarifas e rejeitar ‘humilhação’ de ligar para norte-americano.

Segundo ele, o Brasil não pretende anunciar tarifas recíprocas e não vai desistir das negociações comerciais, mesmo admitindo que não há, no momento, interlocução.

O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) está tentando negociar, disse Lula, assim como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. “O que nós não estamos encontrando é interlocução”, afirmou.

O ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou durante o dia que o governo deve editar uma MP (medida provisória) com o plano de contingência à sobretaxa americana e priorizar os pequenos produtores.

Segundo o chefe da equipe econômica, o texto está pronto e será encaminhado pela Fazenda ainda nesta quarta, mas o anúncio das medidas cabe ao Palácio do Planalto.

Haddad afirmou que foi agendada uma reunião para a próxima quarta (13) com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, em continuidade às negociações com os americanos.

O mercado também permanece atento ao impacto econômico da prisão prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Há um subsequente temor de uma escalada tarifária entre os EUA e o Brasil por conta do episódio.

Réu em processo sobre a trama golpista no final de seu governo, Bolsonaro teve a prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), na última segunda-feira (4).

O magistrado afirmou que o ex-presidente descumpriu determinação anterior ao aparecer em vídeos exibidos por apoiadores durante manifestações no domingo (3).

Integrantes do governo Lula (PT) admitiram, sob reservas, a possibilidade de a decretação da prisão domiciliar de Bolsonaro irritar o presidente Trump e intensificar as sanções anunciadas por ele contra o Brasil -até o momento, nenhuma tarifa adicional foi anunciada.

No cenário internacional, parceiros comerciais continuam buscando meios de negociar com os EUA, já que Trump pretende impor mais tarifas nesta quinta-feira (7).

Nesta quarta, o presidente americano Trump determinou uma taxa adicional de 25% sobre as importações da Índia em retaliação pelo país adquirir petróleo da Rússia.

O novo decreto amplia para 50% a sobretaxa imposta aos indianos, que passará a ser válida daqui a 21 dias. Trata-se de uma retaliação indireta à Rússia por não ceder aos apelos dos Estados Unidos de encerrar a guerra com a Ucrânia.

As tarifas de Trump sobre a Rússia podem afetar o agronegócio brasileiro. Conforme informações obtidas pela Folha, representantes do agro, tanto de empresas quanto da bancada ruralista no Congresso, fizeram chegar o alerta ao Itamaraty sobre possíveis sanções que o Brasil pode sofrer, a partir da sexta-feira (8), devido às negociações que detém com a Rússia, que hoje é o maior vendedor de fertilizantes ao Brasil.

Como a Folha mostrou, o Brasil também está na rota de sanções pela compra de diesel. Mais de 60% desse combustível que foi importado neste ano veio do país de Vladimir Putin.

Investidores ainda esperam a indicação de Trump para uma vaga aberta na diretoria do Fed, após a renúncia antecipada da diretora Adriana Kugler na semana passada.

O assento de Kugler é um dos poucos que devem ficar vagos durante o segundo mandato de Trump, que tem pressionado o banco central por um corte de juros. O Fed volta a se reunir em 16 e 17 de setembro.

Como resultado, a moeda americana registra uma desvalorização no exterior, com o índice DXY -que mede a força do dólar em relação a seis outras divisas fortes- caindo 0,63% nesta quarta, a 98.150 pontos.



Fonte Noticias ao Minuto

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