A Eagle Holding Football nega a existência do empréstimo de R$ 152 milhões feito pelo Botafogo ao grupo, o qual é alegado em ação da SAF alvinegra na Justiça. Em carta enviada a João Paulo Magalhães Lins, presidente associativo do clube carioca, a direção da Eagle afirma “não ter encontrado nenhuma evidência de tal empréstimo”.
A carta é assinada por Christopher Mallon, diretor independente da Eagle Holding Football, e datada em 5 de agosto.
“Com relação ao empréstimo de R$ 152 milhões que a SAF considera ser devido à Bidco, e que é objeto da recente ação cautelar movida pela SAF, o diretor independente ainda não encontrou nenhuma evidência de tal empréstimo. A Eagle Bidco está investigando a situação, por meio do diretor independente, como parte de seu trabalho para entender os saldos entre empresas do grupo e estabelecer procedimentos contábeis robustos em cada um dos clubes e na própria Eagle Bidco”, afirmou Mallon, no documento publicado pelo jornal “O Globo” nesta terça-feira (19).
No documento, Mallon reforça que John Textor não está mais no comando da Eagle Holding, e responsabiliza o empresário norte-americano pela crise financeira do grupo e do Lyon, da França.
O imbróglio judicial pelo controle da SAF do Botafogo teve como ponto decisivo a crise financeira do clube francês, que chegou a ter o rebaixamento decretado pelo órgão de controle financeiro, mas foi revertido após afastamento de John Textor da direção.
A transferência da SAF do Botafogo
John Textor transferiu os ativos e a SAF do Botafogo para uma nova empresa criada nas Ilhas Cayman. A operação incluiu a venda de uma dívida da Eagle com o Botafogo, o aumento do capital social, a emissões de novas ações e um empréstimo de 100 milhões de euros, com as receitas futuras do clube como garantia.
A decisão teve a aprovação do Conselho Administrativo da SAF do Botafogo, em reunião realizada em 17 de julho.
Eagle vê ação ilegal de John Textor
Para a Eagle Holding Football, a ação de John Textor é ilegal. A nova gestão do grupo vê a venda da SAF do Botafogo como um caminho viável, mas, entre as alegações, entende que há um conflito de interesses com o empresário sendo o “vendedor e o comprador” ao mesmo tempo. Há o temor de denúncias de fraude na operação.
A disputa chega na Justiça
Neste cenário, John Textor e a Eagle Holding Football levaram a disputa à Justiça. Em 31 de julho, uma decisão da Justiça do Rio de Janeiro “congelou as ações de Eagle na SAF do Botafogo”, impedindo alteração societária que tire o empresário do controle do clube. É com base nesta decisão que John Textor segue no comando do Glorioso.
A Eagle, por sua vez, entrou com processo no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro para impedir Textor de tomar decisões na gestão do Botafogo sem consultar a empresa além de suspender os efeitos das medidas aprovadas pelo Conselho Administrativo da SAF em 17 de julho, entre outras medidas.
“Botafogo financiou a Europa, não o contrário”
Em 27 de julho, Textor esteve no Nilton Santos e deu explicações sobre o afastamento do Lyon, a situação financeira do Botafogo e a possibilidade de perder o comando do Glorioso.
O empresário afirmou “não temer” perder o controle da SAF, uma vez que ainda é sócio majoritário da Eagle. Além disso, reforçou que o Botafogo financiou o Lyon nas últimas temporadas.
“Botafogo financia a Europa, e não o contrário. Somos uma organização auditada por empresas do maior calibre, fizemos tudo isso para entrar no IPO, não há debate. Não há problema financeiro. Estamos financiando a Europa. Quero separar o Botafogo da parte europeia (Lyon), mas isso é a com diretoria da Eagle”, afirmou John Textor.
Segundo documentos do Botafogo, as receitas com as transferências de Luiz Henrique, Igor Jesus e Jair, negociados na atual janela de transferências, teriam sido repassados ao Lyon a fim de melhorar a situação financeira do clube francês. Há também informações sobre a venda de Savarino ao Lyon, mas o atleta segue atuando no Alvinegro.
Em nota publicada na segunda-feira (4), o Botafogo confirmou o “fim do caixa único” (cash pooling) entre os clubes da Eagle e as dívidas do Lyon com o clube carioca.
A SAF do Botafogo também confirma a “necessidade de reembolso” por parte do Lyon por valores anteriormente emprestados. Segundo o clube carioca, o montante chega a R$ 410 milhões. A direção francesa contesta o valor.
Fonte: CNN Brasil