A Colômbia foi engenhosa em promover seu café. Criou ainda nos anos 50 do século passado um personagem, Juan Valdez, que, com sua mula, Conchita, ajudou a fazer com que o produto colombiano fosse reconhecido como um dos melhores do mundo.
Terceira colocada no ranking mundial do café, a Colômbia produz pouco mais de um quinto do volume do Brasil, de longe o líder –o Vietnã ocupa o segundo lugar.
O investimento em propaganda dos colombianos envolveu, por exemplo, o ciclismo e Roland Garros. Mas decerto teria sido insuficiente se o produto colombiano não fosse, afinal, muito saboroso mesmo.
Uma etapa mais recente dessa promoção envolve o turismo, especialmente a região conhecida como Eje Cafetero (eixo cafeteiro). Ela se estende por 3 das 33 unidades administrativas locais equivalentes aos estados brasileiros.
A meta é convencer os turistas que não é só na produção do café que está o atrativo da região. O que não chega a ser algo muito difícil de se demonstrar.
Comecemos pelo suco de lulo. Fruta originária dos Andes –embora alguns restaurantes paulistanos a tenham no cardápio, não é lá muito fácil encontrá-la fora da região–, tem sabor cítrico, refrescante.
A maior cidade da região é Pereira, que reúne quase 500 mil habitantes e muitas atrações além do café.
Entre elas está o Bioparque Ukumarí, dedicado à conversação da fauna e da flora locais. Muitos dos animais ali foram resgatados em situações de abandono e maus tratos, incluindo hipopótamos e elefantes que estavam na famosa Fazenda Nápoles, que pertenceu ao traficante Pablo Escobar.
Ali ganham um lar ao ar livre e novas “identidades” –casos por exemplo de Pirinolo, o maior elefante da Colômbia, Jazmín, a hiena, e Otún, a girafa albina do parque.
Os resquícios dessa fase difícil da história do país, com o terror do tráfico e dos paramilitares, não estão só nos animais. Aparecem nas histórias que as pessoas contam –e também nas memórias que procuram evitar contar. Surgem ainda à beira da estrada, como no caso da Posada Alemana, um complexo hoteleiro montado por Carlos Lehder, primeiro grande traficante a ser extraditado para os EUA. O local hoje está abandonado.
Numa vertente mais leve, Pereira tem como destaque uma bela área de natureza no Jardim Botânico da Universidade Tecnológica de Pereira, onde 14 hectares demonstram a diversidade biológica do bosque andino, com trilhas para caminhadas e muitos exemplares imensos de guadua, gênero de bambu gigante.
Quem quiser conhecer a cidade do alto pode embarcar no teleférico, que lá funciona de fato como um transporte de massa, podendo levar até 1.400 pessoas por hora no percurso de mais de 3 km.
Se o plano for escapar das multidões, as opções são várias. Pequenas cidadezinhas da região disputam o turismo com infraestrutura crescente e atrativos peculiares.
Balboa, por exemplo, exibe orgulhosamente suas flores. La Celia oferece atividades ao ar livre no meio das montanhas. Belén de Umbría é a terra dos ipês amarelos. Marsella, com sua arquitetura colonial, virou cenário de filmes. Salento guarda o Valle de Cocora, de visual magnífico, um ótimo lugar para observar a palma de cera, árvore que pode chegar a 60 metros e é símbolo nacional da Colômbia –sua cera antigamente era utilizada na produção de velas.
O jornalista viajou a convite de um grupo de operadores turísticos do Paisaje Cultural Cafetero
Fonte.:Folha de S.Paulo