
Crédito, EPA
A polícia, a Autoridade Nacional de Segurança nos Transportes (ANSA) e a Carris, empresa que gere o Elevador da Glória, também abriram investigações.
Além dos 17 mortos confirmados até a manhã de quinta-feira, o acidente também deixou 21 feridos — sete deles em estado grave e 12 com ferimentos mais leves, segundo o jornal português Observador. As autoridades disseram que uma criança sofreu ferimentos leves.
Três dias de luto estão sendo observados em Portugal.
O bondinho funciona há quase 150 anos e é uma atração muito popular entre turistas que visitam a capital portuguesa. Ele descarrilou e colidiu com um prédio perto da Avenida da Liberdade por volta das 18h15 no horário local (14h15 no horário de Brasília).
O jornal português Observador noticiou que um cabo do bondinho se soltou, fazendo com que o veículo perdesse o controle. Testemunhas disseram que o bondinho deslizou pela rua íngreme e que o veículo parecia “fora de controle, sem freios”.
Confira abaixo três perguntas que ainda não foram respondidas sobre o acidente.
1. A causa exata do acidente
A investigação da Autoridade Nacional de Segurança nos Transportes (ANSA) começou nesta quinta-feira.
Segundo a imprensa local, o principal foco da investigação é o cabo que permite o funcionamento do sistema de contrapeso. Este cabo permite que o bondinho suba e desça a ladeira no centro de Lisboa, que é muito íngreme.
Este sistema é utilizado desde 1914. Inicialmente, era usado um sistema hidráulico, que foi posteriormente trocado por um a vapor. Agora todo sistema é elétrico.
Além disso, há também a questão de como o bondinho descarrilou e por que o sistema de freios não foi suficiente para impedir a perda de controle.
A Câmara Municipal de Lisboa suspendeu a circulação de outros bondinhos do tipo na capital e anunciou a realização de vistorias técnicas.
A Carris, empresa que opera os elétricos e funiculares de Lisboa, também abriu uma investigação própria.
A empresa afirma que a manutenção regular, realizada a cada quatro anos, foi feita pela última vez em 2022. A manutenção intermédia foi realizada no ano passado, e também foram realizadas verificações mensais e semanais regulares.

Crédito, EPA
A empresa alega que todas as normas foram seguidas.
Pedro Bogas, presidente da Carris, emitiu uma declaração à imprensa: “Temos protocolos rigorosos, excelentes profissionais há muitos anos, e precisamos entender o que aconteceu.”
Mas um dos sindicatos que representam os funcionários da Carris manifestou preocupação com a falta de manutenção. A Carris contestou essa alegação.
2. As identidades e nacionalidades das vítimas
As autoridades ainda não confirmaram as identidades e nacionalidades das vítimas e dos feridos, mas veículos de imprensa têm noticiado algumas informações apuradas por seus jornalistas. No total, haveria pessoas de 10 nacionalidades diferentes entre os feridos.
Segundo nota do Ministério das Relações Exteriores do Brasil (Itamaraty) na quarta-feira, não houve registro de vítimas brasileiras.
O jornal português Diário de Notícias noticiou a nacionalidade de 15 dos feridos: eles seriam quatro portugueses, dois alemães, dois espanhóis, um coreano, um cabo-verdiano, um canadense, um italiano, um francês, um suíço e um marroquino.
O dado é atribuído à diretora do serviço de Proteção Civil de Lisboa, Margarida Castro Martins.
O ministro espanhol de Relações Exteriores, Jose Manuel Albares, disse que dois espanhóis feridos no acidente já receberam alta.
A imprensa portuguesa noticiou que uma família alemã estava a bordo do Elevador da Glória quando ocorreu o acidente.
O pai alemão estaria entre os mortos. Já sua esposa e filho de três anos foram resgatados pelas autoridades, informou uma fonte policial à imprensa local.
O Observador noticiou que o pai morreu no local e que a mãe está em estado grave no hospital. O menino de três anos teria escapado do acidente com ferimentos leves.

Crédito, EPA
O sindicato português Sitra, do setor de transportes, confirmou a identidade de uma das vítimas: o português André Marques, funcionário da empresa que opera o bondinho. Ele trabalhava controlando o sistema de freios do veículo.
Entre os feridos, as idades das pessoas seriam de 24 a 65 anos, além da criança de três anos, segundo o Observador.
3. Quantas pessoas estavam a bordo
Ainda não está claro quantos dos mortos e feridos estavam no bondinho e quantos eram pedestres.
O Elevador da Glória tem capacidade para transportar até 43 passageiros e é extremamente popular entre os turistas. Não se sabe quantas pessoas estavam a bordo no momento da colisão.
Assim como os outros elevadores da cidade, o bondinho é utilizado pela população local, mas também é extremamente popular entre os turistas — e, neste fim do verão na Europa, a capital portuguesa ainda recebe muitos visitantes.
A viagem de subida e descida custa 4,20 euros (cerca de R$ 27).
Os mais de 20 feridos estão distribuídos em cinco hospitais diferentes de Lisboa e arredores.
Fonte.:BBC NEWS BRASIL