
Crédito, Reuters
- Author, Daniel Gallas
- Role, Da BBC News Brasil em Londres
A informação foi confirmada à BBC News Brasil pelo cônsul-geral do Brasil em Lisboa, Alessandro Warley Candeas.
O consulado brasileiro não divulgou a identidade do brasileiro — e nem se ele é turista ou residente em Portugal. Ele foi atendido no Hospital Amadora-Sintra e já recebeu alta.
Na noite de quarta-feira, o Itamaraty havia divulgado nota na qual afirmou não haver vítimas brasileiras no acidente.
“Esta é uma das maiores tragédias humanas da nossa história recente”, disse o primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, nesta quinta-feira (4/9).
Ele afirma que, de acordo com as informações mais recentes, pode confirmar que 16 pessoas morreram e cinco estão em estado crítico nos hospitais.
As autoridades de Lisboa haviam informado anteriormente um total de 17 mortes.
A BBC apurou que houve um erro por parte da Proteção Civil de Lisboa, que informou que o número havia subido para 17.
A diretora do Serviço confirmou à BBC que o número de mortos é 16. A imprensa local atribuiu o erro a um registro duplicado de uma vítima em um dos hospitais.
Mais de 20 pessoas ficaram feridas. Segundo autoridades de Lisboa, cinco pessoas estão em estado grave. O jornal português Observador afirma que as pessoas feridas têm idades entre 24 e 65 anos — mas que há também uma criança de 3 anos, que teria tido ferimentos leves.
O acidente aconteceu na quarta-feira por volta das 18h15 no horário local (14h15 no horário de Brasília).
Testemunhas disseram que um cabo de segurança se rompeu. Foram abertas investigações pelas autoridades portuguesas e também pela empresa Carris, que administra o bonde.
A agência de notícias portuguesa Lusa disse que os órgãos de investigação já concluíram as avaliações no local do acidente e publicarão os primeiros resultados na sexta-feira.
O primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, disse que se não fosse pelo trabalho dos socorristas, a tragédia poderia ter sido ainda maior.
“Portugal é e sempre foi uma nação feita de coragem”, disse Montenegro em pronunciamento ao lado do prefeito de Lisboa, Carlos Moedas. “Portugal está unido.”
O prefeito de Lisboa disse que ainda é cedo para divulgar informações, mas que a Carris — empresa que gere o funicular — foi solicitada a abrir duas investigações: uma interna e outra externa.
Ainda não foram divulgados maiores detalhes sobre as 16 pessoas que morreram no acidente.
A única vítima que teve sua identidade divulgada até agora foi André Marques, funcionário português da Carris que controlava o freio do veículo que se acidentou. A Carris disse que ele era um “profissional dedicado, gentil e feliz”.
“Nos seus 15 anos na Carris, desempenhou as suas funções com excelência”, disse a empresa em comunicado.

Crédito, EPA
Uma família alemã de três pessoas estaria a bordo quando o bondinho bateu. A imprensa portuguesa afirma que o pai morreu no local, a mãe está em estado crítico no hospital e um menino de três anos sofreu ferimentos leves.
A imprensa portuguesa também noticiou que um homem na casa dos 50 anos e uma mulher na casa dos 40 — ambos funcionários da Santa Casa da Misericórdia em Lisboa — morreram.
Serviços de emergência disseram que entre os feridos estão sete homens e oito mulheres, com cidadãos portugueses e estrangeiros.
As autoridades portuguesas disseram que havia 10 nacionalidades entre os feridos: quatro portugueses, dois alemães, dois espanhóis, um sul-coreano, um cabo-verdiano, um canadense, um italiano, um francês, um suíço e um marroquino.
Posteriormente a BBC News Brasil confirmou que havia também um brasileiro entre os feridos — que já recebeu alta.
O hospital de São José informou que uma mulher grávida estava entre os feridos, mas já recebeu alta. O governo da Espanha disse que dois espanhóis envolvidos no acidente também já receberam alta.
A Câmara Municipal de Lisboa suspendeu outras três linhas na cidade enquanto são realizadas inspeções.
A diretora do Serviço de Proteção Civil de Lisboa, Margarida Castro Martins, afirmou que as operações dos elevadores da Bica e do Lavra e do bondinho da Graça foram suspensas.
‘Como caixa de papelão’
O acidente ocorreu às 18h15 no horário local (14h15 em Brasília), perto da Avenida da Liberdade, uma das principais de Lisboa.
Não está claro quantos dos mortos e feridos estavam no bondinho e quantos eram pedestres.
Vários feridos precisaram ser resgatados das ferragens do bondinho acidentado.
Uma mulher que testemunhou o acidente disse à emissora portuguesa SIC que o bonde bateu contra um edifício enquanto descia a rua íngreme “a toda velocidade”.
“Ele atingiu um prédio com força brutal e desabou como uma caixa de papelão. Não parecia ter freios”, contou.
Outra testemunha disse ao jornal português Observador que o veículo estava “descontrolado, sem freios”.
“Todos nós começamos a correr porque achamos que (o bonde) ia bater no que estava lá embaixo”, disse Teresa d’Avó.
“Mas ele caiu na curva e bateu em um prédio.”
O histórico Elevador da Glória, inaugurado em 1885, liga a região da Praça dos Restauradores, no coração da capital portuguesa, ao boêmio Bairro Alto. O percurso é de 275 metros e é feito em três minutos.
Oficialmente chamado de “Ascensor da Glória”, o bondinho leva 22 pessoas sentadas e 20 em pé e é um símbolo lisboeta.
Atualmente, há dois veículos em operação, segundo a Carris, empresa municipal de transporte público de Lisboa.
Assim como os outros elevadores da cidade, o bondinho é utilizado pela população local, mas também é extremamente popular entre os turistas — e, neste fim do verão na Europa, a capital portuguesa está recebendo muitos visitantes.

Em maio de 2018, o Elevador da Glória já havia descarrilado, mas sem deixar vítimas.
Em comunicado após o acidente, a Carris lamentou os acidentes e disse que “foram realizados e respeitados todos os protocolos de manutenção”.
Segundo a empresa, os programas de manutenção mensal, semanal e a inspeção diária têm sido cumpridos.
“A Carris abriu de imediato um inquérito em conjunto com as Autoridades para apurar as reais causas deste acidente”, encerra o comunicado.
Pedro Bogas, presidente da Carris, emitiu uma declaração à imprensa: “Temos protocolos rigorosos, excelentes profissionais há muitos anos, e precisamos entender o que aconteceu.”
Com informações de Jacqueline Howard e Matt Spivey, de Londres, e Alice Cuddy, de Lisboa.
Fonte.:BBC NEWS BRASIL