Mais de seis décadas após o fechamento da St Mary’s Mother and Baby Home, em Tuam, no oeste da Irlanda, o país dá início a um capítulo tardio — mas necessário — de justiça histórica. Nesta segunda-feira (14), uma equipe internacional de arqueólogos e peritos forenses começa as escavações para recuperar os corpos de 796 crianças que morreram na instituição entre 1925 e 1961. A maioria delas foi enterrada em valas comuns, sem sequer um funeral.
O abrigo, administrado por freiras católicas, recebia grávidas solteiras sob ordem do Estado e da Igreja, que via esses nascimentos como “pecado”. As crianças, fruto de uma moral repressora, eram também alvo de discriminação interna: as consideradas mais bonitas e saudáveis eram oferecidas para adoção. As demais sofriam com maus-tratos, subnutrição e abandono. Muitas morreram de fome, tuberculose ou doenças evitáveis.
Durante décadas, o destino dessas crianças permaneceu oculto — até que, nos anos 2010, a historiadora Catherine Corless descobriu centenas de certidões de óbito sem registros de enterro. Sua investigação levou à criação de uma comissão judicial, a um pedido formal de desculpas por parte do governo irlandês e, agora, à abertura da escavação.
“É um alívio enorme. Muitas famílias esperaram anos por isso, com esperança de reencontrar seus parentes perdidos e dar a eles um enterro digno”, declarou Corless, emocionada com o início da operação.
A escavação deveria ter começado em 2019, mas foi adiada por questões legais. Só em 2022 foi aprovada a legislação que autoriza o projeto. A operação contará com 18 especialistas — entre arqueólogos, antropólogos e forenses de países como Reino Unido, Colômbia, Austrália, Espanha e Estados Unidos — e deve durar cerca de dois anos.
O objetivo é localizar, recuperar e identificar os restos mortais das crianças, entregá-los às famílias e garantir um funeral digno, rompendo, ainda que tardiamente, com um ciclo de silêncio e negligência institucional.
Casos como o da St Mary’s não foram isolados. Um relatório publicado em 2021 revelou que ao menos 56 mil mulheres e 57 mil crianças passaram por 18 instituições semelhantes entre 1922 e 1998. Estima-se que 9 mil crianças tenham morrido nesses locais. Muitas delas foram vítimas da mesma lógica brutal: castigo, abandono e apagamento.
As primeiras suspeitas sobre os enterramentos em Tuam surgiram ainda em 1975, quando restos humanos foram descobertos durante obras no antigo terreno da instituição. À época, autoridades alegaram se tratar de vítimas da Grande Fome (1845-1852) — uma explicação que hoje se mostra um equívoco grave ou, no mínimo, um descaso.

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Notícias ao Minuto | 07:50 – 14/07/2025
Fonte. :. Noticias ao minuto