8:26 PM
7 de novembro de 2025

Especialista que sugeriu pedrada em traficante entra em programa

Especialista que sugeriu pedrada em traficante entra em programa

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A professora Jacqueline Muniz entrou para o programa de proteção para defensores de Direitos Humanos do governo federal. A docente virou alvo de polêmica nas redes sociais e diz que foi ameaçada depois de dizer que traficantes do Rio poderiam ser enfrentados “facilmente” com pedras. 

Titular do Departamento de Segurança Pública e do Programa de Pós-Graduação em Justiça e Segurança Pública da Universidade Federal Fluminense, em Niterói (RJ), ela afirma ter sido alvo de ataques que se intensificaram depois que deputados de direita veicularam comentários sobre a frase.

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Ao comentar o uso de fuzis por criminosos, a especialista afirmou que o armamento pesado “tem baixo rendimento criminal” e que “um criminoso portando um fuzil” poderia ser “facilmente rendido até por uma pedra na cabeça”. A professora criticava a alta letalidade da Operação Contenção, contra o Comando Vermelho, que terminou com 121 mortes.

“O criminoso tá com o fuzil na mão, ele é facilmente rendido por uma pistola, até por uma pedra na cabeça. Enquanto ele tá tentando levantar o fuzil e colocar o fuzil pra atirar, alguém joga uma pedra e já derrubou o sujeito”, declarou Jacqueline.

Em sua conta no X, Jacqueline publicou que outros usuários a teriam surpreendido no sábado enquanto almoçava no bairro nobre de Botafogo, no Rio. Ela os acusa de incitar violência contra ela.  Ela insiste em que foi mal interpretada e que sua fala “de horas” foi “deformada”.

Ela sugeriu, em uma publicação no X, que se referia à superioridade da força policial sobre os traficantes. “Fuzil e pedra. Entenda a deformação de 15 segundos de minha fala sobre a superioridade tática de força de uma corporação policial profissional sobre bandos armados”, escreveu na rede social, em um post em que divulgava uma live.

Segundo informações do jornal O Globo, a Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, órgão do Ministério dos Direitos Humanos, informou que acompanha a professora. “O programa busca estratégias de proteção e medidas que assegurem a sua integridade. O caso está sendo acompanhado conforme os procedimentos legais e técnicos previstos”, disse, em nota ao jornal.

Não foi detalhado de que maneira a professora é acompanhada no programa, se ela recebe acompanhamento policial ou segurança particular. A professora disse que, entre outros cuidados, troca de carro com frequência.

Expressão de “liberdade de cátedra”

A UFF divulgou uma nota que a apoia completamente em que afirma que a presença da professora no debate público “é expressão legítima da liberdade de cátedra e de pensamento crítico, fundamentos do ambiente universitário, da ciência e do Estado Democrático de Direito”.

A instituição repudia “qualquer tentativa de intimidação” ou de “silenciamento de vozes” comprometidas com a produção de conhecimento e a defesa dos direitos humanos. A UFF também reafirma seu “compromisso com os valores democráticos, o pensamento crítico e o diálogo plural como instrumentos de transformação social”.

Por fim, a universidade declara estar “ao lado” da professora e garante todo o suporte necessário diante dos “ataques”. Segundo a nota, “a construção de uma sociedade mais justa e igualitária exige o respeito às diferenças e a convivência com as divergências”.

Outra personalidade a manifestar seu apoio foi Erika Hilton (PSOL), que declarou que a professora é atacada por “ser uma mulher e, em sua autenticidade e excepcionalidade, rasgar as narrativas daqueles que querem promover a morte como política de segurança e a insegurança para quem questiona essa política”.



Fonte. Gazeta do Povo

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