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31 de dezembro de 2025

Estado de SP registra maior número de feminicídios e de agressão a mulheres da história

Estado de SP registra maior número de feminicídios e de agressão a mulheres da história

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os crimes de feminicídio em SP chegaram a 233 casos no acumulado deste ano de janeiro a novembro, maior marca desde o início da série histórica, em 2018. Os dados da SSP (Secretaria da Segurança Pública estadual) foram divulgados na tarde desta terça-feira (30).

Isolado, o mês de novembro teve 26 registros, ante 35 no mesmo período do ano passado. A capital paulista, que já havia batido o recorde do ano passado, teve cinco casos em novembro, totalizando 58 ocorrências.

As agressões contra mulheres sob o título de lesão corporal dolosa (com intenção) também bateram a maior marca do acumulado desde 2012, com 61.474 queixas nas delegacias. A comparação desconsidera 2011, cujos dados começaram a ser publicados em setembro. Somente em novembro, foram 5.936 casos de agressão, ante 5.522 registrados no mesmo mês do ano passado.

Os dados apontam que 2025 pode terminar com as piores marcas para estes crimes em meio a uma onda de violência que tem chocado pela brutalidade.

Um dos casos recentes é o de Tainara Souza Santos, 31, que morreu na última sexta-feira (26) após ficar 25 dias internada. Ela foi atropelada e arrastada por 1 quilômetro por um homem apontado como ex-companheiro por um amigo e também pela família da vítima. Durante a internação, teve as duas pernas amputadas.

Operação coordenada pelas secretarias da Segurança Pública e de Políticas para a Mulher realizada entre segunda-feira (29) e esta terça prendeu 582 infratores, sendo a maioria por mandado de prisão temporária e preventiva e 18 em flagrante, de acordo com balanço do governo. A coordenadora das Delegacias de Defesa da Mulher (DDM), Cristiane Braga, afirmou que a maior parte dos presos responde por crimes de lesão corporal e descumprimento de medidas protetivas. Ao longo do ano, segundo SSP, foram 11 mil agressores presos.

Um caso que envolveu medida protetiva foi o de Tatiana Aparecida Vieira, 40, encontrada morta em casa, em Guarulhos, na Grande São Paulo, na última quinta-feira (25). O suspeito pelo crime é o ex-companheiro, segundo a polícia. Ela tinha ferimentos no rosto e no pescoço que indicavam violência.

Já na noite da última sexta, Sueli Araújo de Souza, 42, foi morta com mais de 20 tiros. Ela estava em uma adega no Grajaú, na zona sul da capital paulista, quando foi atingida pelos disparos feitos por dois homens em uma moto.

Os registros totais de estupro chegaram a 2.697 neste ano, com 260 casos em novembro, e permanecem em patamar parecido com os dados do ano passado -respectivamente, 2.787 e 255 queixas. No estado, a variação foi menor, de 0,9% para baixo, com 13.355 registros no acumulado.

Em nota, a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou que criou uma política intersecretarial para garantir segurança, saúde e autonomia financeira de mulheres em São Paulo. “Algumas ações de destaque dessa política são o Protocolo Não se Cale, App Mulher Segura, Cabine Lilás, Casas da Mulher Paulista, tornozelamento eletrônico de agressores, auxílio-aluguel para mulheres vítimas de violência doméstica, entre outros”, disse a SSP.

“Desde 2023, as Salas DDMs 24h em plantões policiais cresceram 174%. Agora são 170 unidades em todo o estado, com 108 entregues entre 2023 e 2025.” As DDMs são 142, 18 com funcionamento 24 h -7 na capital, 1 na Grande SP e 10 no interior.

Entre as ações de acolhimento também estão as Casas da Mulher Paulista, segundo o governo, com 20 inauguradas e 16 em construção, com R$ 14,5 milhões investidos. “As casas funcionam como hubs de atendimento para mulheres em situação de vulnerabilidade e violência para oferecer acolhimento, apoio psicossocial, jurídico e autonomia financeira.”

Na frente de educação, o governo diz oferecer formação continuada para educadores por meio da Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação. As ações incluem “trilhas formativas sobre violência de gênero, direitos humanos e legislação protetiva. Também há campanhas e mobilizações escolares, como a Semana Escolar de Combate à Violência contra a Mulher e ações educativas alinhadas à Campanha Estadual Maria da Penha.”

Especialistas apontam que o feminicídio costuma ser o desfecho de um ciclo prolongado de violência. Para além da melhora na caracterização e no registro dos crimes desde a sanção da Lei do Feminicídio, de 2015, também houve um aumento da violência na sociedade. A prevenção, um dos principais desafios, depende de mais investimentos em educação, inclusive a reeducação masculina, e em redes de proteção e acolhimento.

Já os roubos voltaram a atingir as marcas mais baixas para o acumulado e também para o mês desde 2001. Na capital paulista, foram 7.207 roubos em novembro, e no estado, 11.624.

Os homicídios no estado também chegaram à menor marca da série histórica, tanto no mês, com 193 vítimas, quanto no acumulado, que chegou a 2.271 óbitos. Os latrocínios, com 122 mortos após roubos, tiveram queda de 25,6% na comparação de janeiro a novembro com o mesmo período do ano passado.

Na capital, houve nova alta de homicídios, com 45 vítimas em novembro e 475 no acumulado -cerca de 6% a mais do que em 2024, que teve 447 mortos. Apesar dos aumentos registrados, os assassinatos vêm caindo no estado, assim como no país, nos últimos anos.

Casos de lesão corporal seguida de morte também tiveram alta no acumulado, com 34 registros neste ano contra 26 no mesmo período do ano passado.

Os furtos, por outro lado, tiveram queda em novembro, com 43.911 casos, ante 46.304 no mesmo mês em 2024. No acumulado, com 507,3 mil registros, a variação foi quase nula, ante os 510 mil casos nos 11 meses do ano passado.

Na capital, houve alta de 4,3% no acumulado, que chegou à maior marca desde 2001, com 230.550 registros, e 200 casos a mais em novembro deste ano do que em 2024, com 20.489 registros nas delegacias.

Em nota, a SSP disse que trabalha contra os furtos com reforço de policiamento ostensivo por meio de análise das manchas criminais e de investigações da Polícia Civil para a identificação e a prisão de reincidentes e a desarticulação de grupos especializados no crime.

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Fonte. .Noticias ao Minuto

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