Visita malcriada é uma desgraça. Duas autoridades estrangeiras que vieram ao Brasil recentemente, na esteira da COP30, perderam excelentes oportunidades de fechar a matraca.
O premiê alemão Friedrich Merz, na volta da viagem, afirmou que nenhum dos jornalistas que o acompanhavam queria ficar em Belém —sugerindo que o retorno para casa foi um alívio.
Antes dele, o prefeito de Londres participou de uma degustação de produtos brasileiros a convite da BBC. Ao provar refrigerante de guaraná, Sadid Khan fez careta e mandou de bate-pronto: “É horrível, nem consigo disfarçar”.
Eu mesmo não sou fã de guaraná e imagino que Belém deva estar um tanto bagunçada —para usar um eufemismo— com a conferência do clima.
Isto dito, os políticos europeus desrespeitaram uma das regras mais básicas da civilidade: quando você é convidado, não deve falar mal do anfitrião.
As falas do inglês e do alemão revelam, acima de tudo, o quão à vontade os europeus ainda se sentem para falar qualquer barbaridade sobre o que eles julgam ser a periferia do mundo.
Nós não precisamos engolir esse discurso de colonizador.
O que diz respeito especificamente à comida brasileira, hoje ela não deve nada à do autoproclamado primeiro mundo. Não falo de restaurantes premiados em rankings eurocêntricos, mas da comida que temos à disposição nos mercados, lojas e feiras.
Quando eu era pirralho —pense na época retratada pelos filmes “Ainda Estou Aqui” e “O Agente Secreto”— os supermercados mais finos de São Paulo tinham ambientes reservados para os poucos alimentos importados. Eram mais ou menos como uma loja duty free sem aeroporto.
Minha geração se formou com a noção de que o importado era sempre melhor, algo difícil de ser contestado com ênfase durante muito tempo. Isso mudou muito.
Temos a carne excelente (sorry, Argentina). Nossas frutas são insuperáveis. Queijos, café, cerveja, vinho e até azeite —que sequer era produzido aqui há pouco tempo— fazem bonito em qualquer parte.
Claro que isto vale para produtos de nicho, mas não é muito diferente na Europa. As gôndolas dos mercados de Paris também estão cheias de lixo industrializado.
Para me despedir da COP de Belém, encerro com uma receita paraense pouco comum nos restaurantes que trazem a culinária amazônica para o Sudeste. É o camusquim de camarão, genial cruzamento entre a macarronada e a moqueca.
CAMUSQUIM DE CAMARÃO
Rendimento: 2 porções
Tempo de preparo: 30 minutos
Ingredientes
Preparo
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Tempere o camarão com limão, alho, sal e pimenta. Coloque a água do macarrão para ferver
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Derreta a manteiga e refogue o camarão até mudar de cor, de 1 a 2 minutos. Reserve
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Ponha o macarrão para cozinhar de acordo com as instruções da embalagem
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Para o molho, refogue a cebola na mesma manteiga do camarão. Junte o colorau e a pimenta de cheiro. Adicione a farinha e mexa bem. Acrescente o leite aos poucos, mexendo para não empelotar. Junte o leite de coco e o dendê
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Quando o macarrão estiver cozido, devolva o camarão ao molho e junte o tomate, a
cebolinha e o coentro. Ajuste o sal. Escorra a massa e misture-a ao molho
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Fonte.:Folha de S.Paulo


