A bagagem que o turista leva para as trilhas ao acampamento-base do Everest precisa ser equilibrada: a mochila não pode ficar muito pesada, mas é preciso ter cuidado para não deixar faltar nada, porque há poucas opções de comércio no roteiro.
Roupas e calçados
Em qualquer das temporadas de caminhada, que acontecem no outono ou na primavera, não podem faltar roupas térmicas. Se prepare para as temperaturas negativas que vai encontrar acima dos 5.000 metros de altitude: leve jaqueta corta vento, luvas e touca grossas, camadas de calça térmica e casaco, balaclava ou pescoceira para cobrir o rosto.
Para evitar bolhas nos pés vai precisar de meias apropriadas e botas de caminhada. O bairro turístico de Katmandu, a capital nepalesa, onde você provavelmente vai se hospedar antes de seguir para a trilha, tem dezenas de lojas com produtos de marcas conhecidas ou cópias.
Higiene e acessórios
Como não tem aquecedor nos quartos das hospedagens, é bom levar um saco de dormir resistente, que pode ser alugado em Katmandu. Apesar do frio, não dispense o protetor solar nem os óculos escuros.
A higiene na montanha exige algumas dicas estratégicas. Papel higiênico é um artigo que você não vai encontrar nos banheiros, portanto, leve alguns rolos na mochila, porque eles custam mais caro lá em cima.
Com pouquíssimas exceções, os quartos não têm banheiro com chuveiro quente. É preciso pagar uma taxa separada, que varia de US$ 2 a US$ 7. A regra para tudo o que consumir é a seguinte: quanto mais elevada a altitude, mais caro.
Leve seus produtos de higiene e uma toalha muito leve, que pode ser daquelas usadas por bebês, mais fáceis de lavar e secar. Todas as tardes, quando chegar ao alojamento, corra para lavar meias, roupas de baixo ou o que for necessário, antes que a temperatura caia.
A dica é pedir para secar no restaurante na hora do jantar para aproveitar o aquecedor coletivo. Alguns deles têm um pequeno varal no salão, mas se não secar até o dia seguinte, pendure na mochila e siga em frente. Leve sabão para roupa.
Água, celular e dinheiro
Calcule a quantidade de água suficiente durante a caminhada. Compre pastilhas de cloro para purificar a água que vai beber e preencha sua garrafa pelo caminho ou use filtros vendidos em casas de acampamento. Os alojamentos vendem água engarrafada, mas os preços podem ser caros.
O uso do celular também precisa ser administrado lá no alto. Você pode pagar para recarregar a bateria nas tomadas dos alojamentos e comprar cartões de internet quando o celular perder a conexão. Leve o dinheiro em espécie porque é muito raro encontrar estabelecimentos que aceitam cartões.
Onde se hospedar
As hospedagens costumam ser baratas, em torno de US$ 3 ou US$ 4 por pessoa por noite –alguns te deixam pernoitar de graça. Os quartos são simples e pequenos, com duas camas, onde você vai esticar o seu saco de dormir.
Para se hospedar pagando pouco você só precisa consumir no restaurante do estabelecimento no jantar e no café da manhã do dia seguinte. Os cardápios são muito parecidos, com pratos típicos como o dal bhat, uma combinação de arroz com legumes acompanhados de sopa de lentilha. Você também vai encontrar opções de macarrão, ovos ou arroz com legumes.
O que muda nos cardápios é o preço, que dispara conforme a altitude, a ponto de cobrarem US$ 3 por uma única fatia de pão de forma com geleia ou quase US$ 9 por um prato de miojo.
Evite carnes nas altitudes mais elevadas porque o produto pode perecer no transporte de condições precárias.
Preparo físico
É preciso ter disposição e interesse pelas paisagens e pela cultura para embarcar nessa viagem porque os fatores climáticos são inóspitos e a infraestrutura é rústica na altitude, o que gera algum desconforto. Mas as dificuldades podem ser amenizadas se você fizer um bom preparo físico antes da expedição.
Pela trilha circulam jovens com aparência atlética, mas a maior parte dos visitantes são pessoas comuns e até idosos. Com alguns meses de antecedência, é bom praticar atividades aeróbicas com regularidade e fortalecer as pernas para chegar lá.
Guias e seguro-viagem
Você pode contratar uma agência com guias brasileiros, pagando cerca de US$ 4.000 ou US$ 5.000 por pessoa pela viagem de aproximadamente 20 dias, fora a passagem aérea, que deve custar mais de R$ 10 mil.
Além de te conduzir pela caminhada de mais ou menos 150 km, eles ajudam a verificar os equipamentos necessários para o trekking, dão dicas de preparo físico, agendam o voo para ir e voltar de Lukla (onde os turistas iniciam o trajeto a pé) e levam equipes de carregadores.
O valor já inclui transportes de e para o aeroporto, hospedagens e a maior parte das refeições. Mas não cobre outros gastos como o seguro-viagem e o visto nepalês. Em agências contratadas no Brasil também há pacotes por aproximadamente US$ 3.000 com guias que não falam português.
Os preços saem mais em conta se você contratar um guia com uma agência local, que pode ser indicada pelo seu hotel em Katmandu. Também é possível contratar carregadores para ajudar a levar a bagagem, com limite de peso por pessoa. O preço vai variar conforme a quantidade de trabalhadores que irão te acompanhar nessa expedição. Reserve uma quantia extra para a gorjeta, que é uma tradição no fim da viagem.
Fonte.:Folha de S.Paulo