A ideia era sair para comer uma pizza informal no meio de semana. Pelo menos até atravessar a antessala da Oli Pizzas Artesanais. Parece que você está entrando em um antiquário. Sofás imponentes, espelhos, globos espelhados e lustres antigos.
Peço mesa para uma pessoa e sou conduzida até o fim do salão, que mantém luz bem baixa, intimista. Atrás de uma gradinha estavam mesas para clientes que desejam ficar mais isolados. Caso de uma dupla de influenciadores que produzia conteúdo, de um casal de namorados e, pelo jeito, de quem vai só. E isso não é uma reclamação. Estava agradável.
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Não era a mesa mais próxima da cozinha, mas dava para ver as pizzas entrando e saindo do forno pelas mãos de mulheres. Com tantos penduricalhos nas paredes e no teto, o cenário pode roubar a sua atenção.
Sendo essa decoração na linha “ame ou odeie”, resista ou desfrute. De qualquer forma, aproveite para observar o que foge do senso comum: o ritmo de uma pizzaria onde a cozinha é feminina. Tudo fluido, orgânico. Mesmo com o salão cheio.
Comecei com uma entrada de croquetas de linguiça artesanal (R$ 53). Chegaram macias, mas com pouca linguiça e muito salgadas. Então, às pizzas! Deu um susto abrir o cardápio na página onde as duas primeiras custam R$ 290. A primeira é a de muçarela com creme trufado. A outra, de parma e, de novo, creme trufado.
Pelo menos fez com que as outras opções não parecessem tão caras —apesar de serem. As pizzas são médias, cortadas em oito pedaços, menores do que as das grandes com as quais o paulistano está acostumado. Pedi meia margherita (que sozinha custa R$ 120) e meia cebola caramelizada e queijo de cabra (R$ 148). Como de praxe nas pizzarias, foi cobrado o valor da mais cara.
A margherita estava gostosa, com tomate-cereja confitado, muçarela fior di latte e manjericão. A outra foi indicação da atendente quando perguntada sobre uma criação surpreendente da casa. Não soou como algo tão inovador, mas topei. E me arrependi. A cebola estava muito doce. Não parecia caramelizada pelo tempo de fogo, mas com açúcar. Enjoativa, pesou além do que deveria.
As massas da Oli são feitas com levain (fermento produzido de forma artesanal). Comparando com uma pizza napoletana (que também conta com fermentação lenta, mas não com levain), o resultado é uma massa menos elástica, mais rústica e com as bordas mais crocantes.
De sobremesa, tiramissu. Na hora do pedido, a explicação foi confusa. “No lugar do mascarpone, usamos nosso chocotone”. Não deu bem para entender a relação entre um ingrediente e outro além da rima, mas pedi.
Chegou um doce gostoso. Mas numa xícara que, assim como o restante da louça e da decoração, também parece ter saído de uma loja de antiguidades.
De fato, a sobremesa não tinha mascarpone. O creme estava mais para zabaione. Que, aliás, também rima com o chocotone. Sem dois dos principais ingredientes do tiramissu, o doce poderia ter recebido outro nome.
Apesar de informações um tanto confusas, o atendimento é ágil e gentil. A sensação que fica é de um lugar que aposta em ingredientes e preparos caros demais em busca de um comfort food tão exagerado quanto a decoração do salão.
Fonte.:Folha de São Paulo


