Uma nova tendência das redes, o produto vendido como “farinha da felicidade” tem feito sucesso com promessas pra lá de ambiciosas: emagrecimento, controle do diabetes, aceleração do metabolismo e até mesmo regulação de hormônios e do intestino.
O produto, porém, exige cuidado no consumo. Embora seja composto por diferentes tipos de farinhas que, isoladamente, podem trazer algum benefício à saúde, não há estudos atestando que a mistura de todas elas juntas cumpre tudo o que promete.
Entre os impedimentos básicos para fazer afirmações tão ousadas é que não existe uma única fórmula consagrada do que constituiria a “farinha da felicidade”.
Dependendo da marca, os ingredientes mudam, assim como suas concentrações. Ou seja: mesmo que uma funcionasse (e não há certeza disso), não daria para fazer a mesma afirmação para todas as variações encontradas no mercado sem analisar sua composição.
Como são feitas as “farinhas da felicidade”?
São várias receitas de “farinhas da felicidade” que se encontram por aí. A proposta é parecida em todas: que a pessoa misture o pó a algum tipo de base líquida ou cremosa, como um suco, iogurte, sopa ou até água pura, e preferencialmente faça uso antes das refeições.
Em geral, a mistura vem com cinco farinhas juntas, mas os ingredientes específicos variam. Uma busca na internet permite encontrar variações com ingredientes como farinha de ora-pro-nóbis, psyllium, beterraba, fibra de maçã, aveia, maca peruana, gergelim branco, banana verde e gérmen de trigo.
O que elas prometem?
Os principais benefícios prometidos com a farinha da felicidade estão relacionados à grande presença de fibras, solúveis e insolúveis, encontradas nesses pós.
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As fibras efetivamente podem contribuir para um melhor fluxo intestinal (o que pode ajudar contra prisão de ventre e inchaços) e para o controle da glicose, ainda que em nenhum caso substituam um tratamento de saúde convencional (por exemplo, se você tiver diabetes). Fibras também contribuem com a sensação de saciedade, reduzindo o apetite.
Por outro lado, mesmo que a combinação inclua compostos como o triptofano, não dá para fazer afirmações como bem-estar emocional, mais energia ou regulação hormonal só pelo consumo desse produto. Não há estudos mostrando esse tipo de ação e tampouco destrinchando a mistura em si.
Quais os cuidados no consumo?
Mesmo que possa haver benefícios nessas farinhas isoladamente, o indicado por especialistas é evitar misturas como a “farinha da felicidade”. Justamente porque é mais seguro usar as matérias-primas sem precisar recorrer a uma combinação pronta, cuja procedência e concentração nem sempre é possível saber com certeza.
O psyllium, por exemplo, tem sido muito utilizado por pessoas que buscam uma sensação maior de saciedade, ganhou até o apelido de “Ozempic de pobre”.
E, embora não deva ser consumido de forma rotineira sem orientação profissional (algo que vale para todas as farinhas “funcionais”), pode contribuir para vários objetivos que você busca nas fibras sem precisar recorrer a uma mistura em que ele só aparece de forma secundária.
Em qualquer cenário, caso você faça uso desse tipo de produto (seja a “farinha da felicidade” ou qualquer uma das outras isoladamente), é fundamental manter a hidratação em dia. Sem uma ingesta adequada de água, as fibras em excesso podem até fazer efeito contrário ao pretendido, contribuindo para constipação, desconfortos digestivos e gases.
O ideal, mesmo, é sempre buscar apoio nutricional caso sua dieta esteja carente de fibras e nutrientes essenciais que você eventualmente queira buscar numa “farinha da felicidade”. De modo geral, tudo o que se encontra ali pode ser inserido na sua rotina com adequações na alimentação, sem precisar correr o risco de utilizar um pó de formulação incerta.
Fonte.:Saúde Abril