A febre tifoide era uma doença mais comum durante o século 20 – mas isso não significa que ela desapareceu. Popularmente chamada de tifo, a doença é causada por uma bactéria da espécie Salmonella enterica, de sorotipo Typhi (daí, o nome febre tifoide). Essa bactéria é parente daquelas encontradas em ovos e aves, que podem causar intoxicação alimentar.

Os sintomas da febre tifoide são parecidos com os de outras doenças que também provocam febre prolongada, mas o quadro exige cuidados, já que há risco de complicações e até de óbito.

Na memória popular, o tifo é relacionado à água não tratada. Essa relação está correta, mas a bactéria também pode estar presente em alimentos mal higienizados. O risco de contaminação é maior em regiões onde há grandes parcelas da população sem acesso ao saneamento básico.

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Como ocorre a transmissão da febre tifoide?

A transmissão da febre tifoide pode ocorrer por via direta, quando a pessoa tem contato com alguém doente, ou por via indireta, quando se ingere água ou alimentos contaminados com fezes ou urina.

Os maiores riscos de contaminação estão no consumo de alimentos que tiveram contato com água contaminada. Alguns exemplos são: legumes irrigados com água contendo a bactéria, frutos do mar que estiveram nessa água contaminada e não foram bem higienizados ou cozidos. Mas leite não pasteurizado, produtos congelados e enlatados também podem carregar o microorganismo.

Vale ressaltar que os cuidados devem ser mantidos mesmo depois de se curar da doença: normalmente elimina-se a bactéria nas fezes e urinas entre uma e três semanas, mas os dejetos da pessoa podem seguir contendo a bactéria por até três meses. Embora sejam casos raros, entre 2% a 5% dos pacientes podem transmitir a doença por até um ano – estes são denominados portadores crônicos.

Como evitar a doença

Para evitar a contaminação, consuma sempre água tratada. Tome cuidado para não ingerir leite cru ou sem pasteurização.

No caso de alimentos, sempre os consuma frescos. Escolha aqueles de boa aparência e higienize bem frutas e legumes. Para o processo de desinfecção, deixe o alimento 30 minutos em uma solução preparada com uma colher de sopa de hipoclorito de sódio (água sanitária) a 2,5% para cada litro de água tratada. 

Também vale manter a higiene em dia: como as mãos também são um vetor de transmissão, sempre lave-as antes de preparar as refeições, especialmente se tocar em animais, for ao banheiro ou trocar fraldas.

Limpar a caixa d’água com a frequência adequada também é importante. Se não há certeza quanto à procedência da água, uma medida de precaução é fervê-la, por cinco minutos e aguarde outros 30 antes de consumir.

Também existe uma vacina disponível no Sistema Único de Saúde para prevenir da febre tifoide, embora a imunização dure pouco. Por isso, ela é indicada em casos em que há risco aumentado, como o de trabalhadores que lidam com esgoto ou pessoas que vão viajar para países onde a doença é mais comum.

Sintomas de febre tifoide

Os sintomas comuns da febre tifoide podem ser confundidos com os de outras doenças que levam a febres prolongadas, e até com os de outros tipos de contaminação por Salmonella.

Por isso, a qualquer sinal da doença, o ideal é procurar um médico para confirmar o diagnóstico, por meio de exames de sangue, fezes, urina ou punção medular. Os sintomas mais prevalentes são: 

Ainda podem ocorrer complicações, que incluem hemorragia intestinal – que requer cuidado médico e pode evoluir para perfuração intestinal.  Além disso, qualquer órgão pode ser afetado, levando a complicações mais raras, como retenção urinária, pneumonia e colecistite.

Como tratar

Normalmente, o tratamento envolve apenas antibióticos e reidratação, mas casos mais graves podem exigir internação. Vale ressaltar que qualquer antibiótico só pode ser administrado por um médico habilitado, e o tempo de tratamento deve ser seguido à risca.

No caso de febre tifoide, o tratamento costuma durar, em média, 14 dias. Nesse período, é primordial manter a higiene e evitar preparar alimentos para terceiros, para barrar a transmissão.

Como a transmissibilidade da doença é alta, os cuidados devem ser tomados tanto durante o tratamento quanto depois dele.