O criminoso Wendel dos Santos Silva, de 38 anos, foi condenado nesta quinta-feira (18), a 31 anos e seis meses de prisão em regime fechado pelo assassinato da noiva, Lediane Ferro da Silva, 43 anos, ocorrido em 15 de abril de 2024, em Peixoto de Azevedo (a 700 km de Cuiabá). A sentença foi proferida pelo juiz João Zibordi Lara, da 2ª Vara Criminal do município, após cerca de seis horas de julgamento no Tribunal do Júri.

Além da prisão, o réu foi condenado a pagar R$ 150 mil por danos morais à família de Lediane. Segundo o juiz responsável, o valor busca reparar, ainda que simbolicamente, o sofrimento intenso causado pelo crime e serve como mensagem de reafirmação do direito das mulheres à vida e à integridade física, além de demonstrar a tolerância zero da Justiça diante de casos de violência doméstica e feminicídio.

Durante o julgamento, foram ouvidos o filho da vítima, a filha do réu, uma amiga de Lediane e um investigador da Polícia Civil. O próprio acusado também prestou depoimento.

Na acusação, a promotora de Justiça Andreia Monte Alegre Bezerra de Menezes classificou Wendel repetidas vezes como um “feminicida covarde”, destacando que o crime ocorreu em ambiente doméstico e diante dos filhos. “Uma imagem vale mais que mil palavras”, disse, ao exibir o vídeo das câmeras de segurança que registraram o momento em que Wendel esfaqueia Lediane na cozinha da casa.

Entre no nosso grupo do WhatsApp e siga-nos também no Instagram e acompanhe nossas atualizações em tempo real.

Já a defesa, feita pela advogada Tatiane Ferreira, tentou afastar a qualificadora de motivo torpe, argumentando que o ciúme não poderia ser considerado dessa forma.

Em seu depoimento, Wendel buscou minimizar a responsabilidade sobre o crime e, em diversos momentos, tentou justificar o ataque alegando suposta traição. “Eu perdi a cabeça, não aguentei as humilhações. Ela queria terminar comigo e eu não aceitava isso”, disse à Justiça.

Ele ainda afirmou que não tinha intenção de matar, mas apenas de “assustar”. A versão, porém, foi confrontada pelas imagens que mostram o momento em que ele desfere golpes fatais de faca contra as costas da vítima.

A sentença determina o cumprimento imediato da pena em regime fechado. Para a promotoria, o resultado representa uma resposta firme da Justiça a crimes de feminicídio: “Este julgamento deixa claro que a vida das mulheres deve ser respeitada, e que a violência doméstica não será tolerada”, afirmou Andreia Monte Alegre.

Segundo o tribunal, a condenação e a indenização reforçam a necessidade de responsabilização plena de agressores em crimes de gênero, servindo como alerta à sociedade e instrumento de prevenção contra novas ocorrências de violência doméstica.

Crime cometido na presença dos filhos

O assassinato aconteceu enquanto Lediane almoçava com o filho e a filha de Wendel. As imagens mostram que, após pegar a faca, o homem ataca a vítima pelas costas. A filha adolescente de Lediane sai correndo desesperada, enquanto o filho da vítima tenta se aproximar da cozinha, mas é ameaçado pelo criminoso e também foge.

Lediane era funcionária da Cooperativa dos Garimpeiros de Peixoto (Coogavepe) e mantinha relacionamento com Wendel desde 2019, período marcado por episódios de violência doméstica.

Logo após o crime, Wendel ainda publicou mensagens nas redes sociais, em tom de deboche e ataque às leis de proteção às mulheres. “As vagabunda trai e o homem tem que ficar calado, porque se falar alto com elas, elas manda prender, pois agora vão me prender morto lei desgraçada [sic]”, escreveu.

As postagens foram utilizadas pela acusação para reforçar o perfil agressivo e misógino do réu, bem como a premeditação do crime.

Confira o julgamento do feminicida Wendel dos Santos Silva e o assassinato de sua esposa: